O "Renascentista" Miguel Relvas
No Público de hoje, um excelente artigo do jurista Pedro Lomba.
Tem por título: "Um renascentista"
Pedro Lomba
Pedro Lomba
Depois de ler o
parecer com que a Universidade Lusófona certificou a experiência profissional
de Miguel Relvas, posso afirmar que estou mais descansado. O parecer que a
Lusófona dedicou ao candidato Miguel Relvas concedeu-lhe equivalência a 32 das
36 cadeiras do curso de Ciência Política…
Mas quem leia o
parecer fica a pensar que há escassíssimas áreas das ciências humanas que
Miguel Relvas actualmente não domina. O parecer não é por isso um parecer.
Digamos, benignamente, que é o laudo científico de Miguel Relvas, que afinal sabe
praticamente de tudo: política, história, sociologia, comunicação social,
administração pública, gestão de empresas, marketing político e até “manejo
linguístico”. Relvas é um renascentista da política do século XXI. Nós não
sabíamos, mas é a pura verdade.
Fiquei por isso mais sossegado. Fiquem vocês também. Temos um ministro que, fruto da sua experiência profissional resumida no exercício de cargos públicos, funções políticas e funções em “domínios empresariais” aprendeu “ competências” e passou por “aprendizagens” de grande “diversidade”.
Fiquei por isso mais sossegado. Fiquem vocês também. Temos um ministro que, fruto da sua experiência profissional resumida no exercício de cargos públicos, funções políticas e funções em “domínios empresariais” aprendeu “ competências” e passou por “aprendizagens” de grande “diversidade”.
Compreende
perfeitamente desde muito jovem os “quadros institucionais” e a “articulação
institucional de organizações político-partidárias no Portugal democrático”.
Este homem, o candidato, já em 2006 percebera plenamente a “ligação entre o fenómeno da politização da sociedade e a vida quotidiana”. Prova disso é que Relvas, o candidato, adquiriu “competências transversais de compreensão do papel de diferentes classes sociais e elites na modelação na sociedade onde essas organizações actuam e se desenvolvem”.
Não tenhamos dúvidas sobre as suas aptidões…
Este homem, o candidato, já em 2006 percebera plenamente a “ligação entre o fenómeno da politização da sociedade e a vida quotidiana”. Prova disso é que Relvas, o candidato, adquiriu “competências transversais de compreensão do papel de diferentes classes sociais e elites na modelação na sociedade onde essas organizações actuam e se desenvolvem”.
Não tenhamos dúvidas sobre as suas aptidões…
(…)
…podemos acrescentar que Relvas, como também exerceu funções públicas após a guerra do Vietname, é um profundo conhecedor da história dessa guerra e, como foi secretário de Estado das autarquias após a reforma de Mousinho da Silveira, já está certificado em história da administração local…
…podemos acrescentar que Relvas, como também exerceu funções públicas após a guerra do Vietname, é um profundo conhecedor da história dessa guerra e, como foi secretário de Estado das autarquias após a reforma de Mousinho da Silveira, já está certificado em história da administração local…
(…)
Tão longe vai o saber de Relvas que, “para além das competências básicas ao nível da compreensão das organizações” e de “Percepcionar o entrecruzamento, hoje inevitável, entre a esfera empresarial e a esfera político-partidária”, -- lembra, e muito bem, a Lusófona -- , também dispõe de saberes e conhecimentos em “negociação, técnicas de apresentação, estudos de mercado e análise de dados económicos e sociais.”
Aqui chegados, a dúvida maior é imaginar aquilo que Relvas não sabe. Porque, de facto, segundo o parecer da Lusófona, este ministro não parece ter pontos fracos. Bem, não sabemos se o seu inglês técnico é igual ao de Sócrates e é verdade que sempre precisou de fazer quatro cadeiras, por escrúpulo sem dúvida excessivo da Lusófona.
A Lusófona deu o seu parecer. Agora o nosso:
Tão longe vai o saber de Relvas que, “para além das competências básicas ao nível da compreensão das organizações” e de “Percepcionar o entrecruzamento, hoje inevitável, entre a esfera empresarial e a esfera político-partidária”, -- lembra, e muito bem, a Lusófona -- , também dispõe de saberes e conhecimentos em “negociação, técnicas de apresentação, estudos de mercado e análise de dados económicos e sociais.”
Aqui chegados, a dúvida maior é imaginar aquilo que Relvas não sabe. Porque, de facto, segundo o parecer da Lusófona, este ministro não parece ter pontos fracos. Bem, não sabemos se o seu inglês técnico é igual ao de Sócrates e é verdade que sempre precisou de fazer quatro cadeiras, por escrúpulo sem dúvida excessivo da Lusófona.
A Lusófona deu o seu parecer. Agora o nosso:
Senhor ministro:
sabemos que nestas alturas há sempre free riders da responsabilização política,
gente que o quer ver longe porque o senhor os ameaça. Mas peço-lhe: daqui para
a frente ninguém irá dar um segundo de crédito ao que o senhor tem para dizer.
Demita-se!
Demita-se!
Quem se demitiu já,
foi o Reitor da Lusófona, prof. Fernando Santos Neves...
NB - A Universidade
Lusófona garante que já estava prevista a saída de Fernando Santos Neves do
cargo de reitor da Lusófona do Porto, escreve a edição online da TSF. O responsável
pela atribuição das equivalências na licenciatura do ministro Miguel Relvas
sobe na hierarquia e passa a dirigir o Conselho Superior Académico do grupo
Lusófona.
Pois!...
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