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sexta-feira, 13 de julho de 2012



O "Renascentista" Miguel Relvas
No Público de hoje, um excelente artigo do jurista Pedro Lomba.


Tem por título: "Um renascentista"

Pedro Lomba

Depois de ler o parecer com que a Universidade Lusófona certificou a experiência profissional de Miguel Relvas, posso afirmar que estou mais descansado. O parecer que a Lusófona dedicou ao candidato Miguel Relvas concedeu-lhe equivalência a 32 das 36 cadeiras do curso de Ciência Política…
Mas quem leia o parecer fica a pensar que há escassíssimas áreas das ciências humanas que Miguel Relvas actualmente não domina. O parecer não é por isso um parecer. Digamos, benignamente, que é o laudo científico de Miguel Relvas, que afinal sabe praticamente de tudo: política, história, sociologia, comunicação social, administração pública, gestão de empresas, marketing político e até “manejo linguístico”. Relvas é um renascentista da política do século XXI. Nós não sabíamos, mas é a pura verdade.
Fiquei por isso mais sossegado. Fiquem vocês também. Temos um ministro que, fruto da sua experiência profissional resumida no exercício de cargos públicos, funções políticas e funções em “domínios empresariais” aprendeu “ competências” e passou por “aprendizagens” de grande “diversidade”.
Compreende perfeitamente desde muito jovem os “quadros institucionais” e a “articulação institucional de organizações político-partidárias no Portugal democrático”.
Este homem, o candidato, já em 2006 percebera plenamente a “ligação entre o fenómeno da politização da sociedade e a vida quotidiana”. Prova disso é que Relvas, o candidato, adquiriu “competências transversais de compreensão do papel de diferentes classes sociais e elites na modelação na sociedade onde essas organizações actuam e se desenvolvem”.
Não tenhamos dúvidas sobre as suas aptidões…
(…)
…podemos acrescentar que Relvas, como também exerceu funções públicas após a guerra do Vietname, é um profundo conhecedor da história dessa guerra e, como foi secretário de Estado das autarquias após a reforma de Mousinho da Silveira, já está certificado em história da administração local…
(…)
Tão longe vai o saber de Relvas que, “para além das competências básicas ao nível da compreensão das organizações” e de “Percepcionar o entrecruzamento, hoje inevitável, entre a esfera empresarial e a esfera político-partidária”, -- lembra, e muito bem, a Lusófona -- , também dispõe de saberes e conhecimentos em “negociação, técnicas de apresentação, estudos de mercado e análise de dados económicos e sociais.”
Aqui chegados, a dúvida maior é imaginar aquilo que Relvas não sabe. Porque, de facto, segundo o parecer da Lusófona, este ministro não parece ter pontos fracos. Bem, não sabemos se o seu inglês técnico é igual ao de Sócrates e é verdade que sempre precisou de fazer quatro cadeiras, por escrúpulo sem dúvida excessivo da Lusófona.
A Lusófona deu o seu parecer. Agora o nosso:
Senhor ministro: sabemos que nestas alturas há sempre free riders da responsabilização política, gente que o quer ver longe porque o senhor os ameaça. Mas peço-lhe: daqui para a frente ninguém irá dar um segundo de crédito ao que o senhor tem para dizer.
Demita-se!

Quem se demitiu já, foi o Reitor da Lusófona, prof. Fernando Santos Neves...


NB - A Universidade Lusófona garante que já estava prevista a saída de Fernando Santos Neves do cargo de reitor da Lusófona do Porto, escreve a edição online da TSF. O responsável pela atribuição das equivalências na licenciatura do ministro Miguel Relvas sobe na hierarquia e passa a dirigir o Conselho Superior Académico do grupo Lusófona.

Pois!...

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