PortugalLeaks. PGR não abre inquérito às revelações explosivas
por Inês Serra Lopes , Publicado em 14 de Dezembro de 2010 |
Lula disposto a tudo em defesa de Assange. Manuel Alegre sem posição

O procurador-geral da República não vai abrir qualquer processo com base nas mais recentes revelações do WikiLeaks sobre Portugal. Nem sobre o comportamento do presidente do BCP, Carlos Santos Ferreira - segundo os telegramas da embaixada terá proposto aos Estados Unidos, em 2009, fornecer-lhes informações sobre o Irão e sobre as futuras contas iranianas no BCP -, nem sobre os voos transportando prisioneiros de Guantánamo ou o seu conhecimento pelo governo português.
"Ninguém na Procuradoria-geral está a considerar abrir qualquer inquérito com base no que se soube até agora", disse ontem ao i o procurador-geral da República. Pinto Monteiro está a acompanhar atentamente o assunto mas considera que tudo o que foi revelado até agora é matéria política e não criminal.
Fonte próxima do procurador-geral afirma que a PGR só investiga notícias públicas de crimes. E desabafa que, se não fosse assim, o Ministério Público teria um milhão e meio de inquéritos pendentes, em vez dos cerca de 500 mil actualmente em curso.
A directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) afirmara também ontem que o seu departamento está a analisar os documentos que estão a ser tornados públicos pela organização WikiLeaks sobre os voos da CIA que alegadamente passaram por Portugal.
Cândida Almeida falava a propósito da notícia referindo que os EUA envolveram o primeiro-ministro, José Sócrates, e o Presidente da República, Cavaco Silva, nos voos da CIA e que a Base das Lajes foi usada para repatriar detidos de Guantánamo. "Obviamente que o DCIAP está a fazer a análise da documentação, das notícias que têm vindo a lume a propósito dos voos da CIA. Até sábado, eram informações genéricas que tinham a ver com o regresso de Guantánamo e não a ida para lá. Hoje sei que vêm notícias novas que serão objecto de estudo e de análise", disse Cândida Almeida.
Lula apoia WikiLeaks O ainda presidente do Brasil, Lula da Silva, veio ontem apoiar a divulgação de documentos através do site WikiLeaks em nome da liberdade de expressão. "Podem estar certos que nos encontraremos em algum lugar desse país, em alguma assembleia, passeata, em algum protesto, não contra a Dilma [Rousseff], mas contra alguma coisa. Um protesto porque censuraram o WikiLeaks. Vamos fazer manifestação, porque a liberdade de imprensa não tem meia cara, tem de ser total e absoluta, não pode desnudar só um lado", afirmou Lula, na cerimónia de entrega do Prémio de Direitos Humanos, no Palácio do Planalto.
Em Portugal, a questão da alegada oferta de espionagem aos Estados Unidos por parte do presidente do BCP suscitou mais frisson do que a revelação de que o governo aceitou a passagem de voos da CIA, negada novamente pelo MNE (ver texto ao lado). O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, exigiu "esclarecimentos cabais" do Banco Comercial Português, do governo e do Banco de Portugal. As revelações, "a confirmarem-se, são bastante graves e exigem um esclarecimento que deve ser prestado pelo próprio banco, de forma cabal, mas também pelo governo", defendeu Bernardino Soares. Também o Bloco de Esquerda e o PSD pediram esclarecimentos relativamente ao caso BCP/Irão.
Por sua vez, o candidato presidencial Manuel Alegre comentou o facto de ter sido chamado, nos telegramas dos diplomatas norte-americanos, de "velho leão". "Velho leão é uma coisa bonita, embora devessem ter dito velha águia", afirmou Alegre, que nas comunicações da Embaixada dos Estados Unidos é caracterizado como "um dinossauro esquerdista" - que, de resto, terá sossegado os diplomatas americanos relativamente às notícias segundo as quais estaria a ponderar fazer um novo partido e sair do PS. Alegre, revelam os telegramas, negou a ideia de cisão aos diplomatas, mas frisou que não queria, para já, torná-la pública.
"Quanto a dinossauros, digo que há dinossauros e dinossauros - e eu sou um T-Rex [o maior de todos entre os carnívoros]", disse ainda Alegre que não quis comentar a sério as revelações que envolvem Portugal. "Estamos perante um problema novo: coloca-se uma questão de liberdade de expressão, mas também de segredo de Estado, que tem de continuar a existir. Como é que estes dois valores se podem conciliar e como vamos sair disto, vamos ver. Não é fácil ter uma opinião clara sobre tudo, porque é um problema novo", disse.
Tanto a Embaixada dos Estados Unidos como a Embaixada do Irão recusaram-se ontem a comentar as revelações que atingem Portugal. O governo remeteu para as declarações de Luís Amado na semana passada, na Assembleia da República, quando negou os voos da CIA.
com Ana Sá Lopes
"Ninguém na Procuradoria-geral está a considerar abrir qualquer inquérito com base no que se soube até agora", disse ontem ao i o procurador-geral da República. Pinto Monteiro está a acompanhar atentamente o assunto mas considera que tudo o que foi revelado até agora é matéria política e não criminal.
Fonte próxima do procurador-geral afirma que a PGR só investiga notícias públicas de crimes. E desabafa que, se não fosse assim, o Ministério Público teria um milhão e meio de inquéritos pendentes, em vez dos cerca de 500 mil actualmente em curso.
A directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) afirmara também ontem que o seu departamento está a analisar os documentos que estão a ser tornados públicos pela organização WikiLeaks sobre os voos da CIA que alegadamente passaram por Portugal.
Cândida Almeida falava a propósito da notícia referindo que os EUA envolveram o primeiro-ministro, José Sócrates, e o Presidente da República, Cavaco Silva, nos voos da CIA e que a Base das Lajes foi usada para repatriar detidos de Guantánamo. "Obviamente que o DCIAP está a fazer a análise da documentação, das notícias que têm vindo a lume a propósito dos voos da CIA. Até sábado, eram informações genéricas que tinham a ver com o regresso de Guantánamo e não a ida para lá. Hoje sei que vêm notícias novas que serão objecto de estudo e de análise", disse Cândida Almeida.
Lula apoia WikiLeaks O ainda presidente do Brasil, Lula da Silva, veio ontem apoiar a divulgação de documentos através do site WikiLeaks em nome da liberdade de expressão. "Podem estar certos que nos encontraremos em algum lugar desse país, em alguma assembleia, passeata, em algum protesto, não contra a Dilma [Rousseff], mas contra alguma coisa. Um protesto porque censuraram o WikiLeaks. Vamos fazer manifestação, porque a liberdade de imprensa não tem meia cara, tem de ser total e absoluta, não pode desnudar só um lado", afirmou Lula, na cerimónia de entrega do Prémio de Direitos Humanos, no Palácio do Planalto.
Em Portugal, a questão da alegada oferta de espionagem aos Estados Unidos por parte do presidente do BCP suscitou mais frisson do que a revelação de que o governo aceitou a passagem de voos da CIA, negada novamente pelo MNE (ver texto ao lado). O líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, exigiu "esclarecimentos cabais" do Banco Comercial Português, do governo e do Banco de Portugal. As revelações, "a confirmarem-se, são bastante graves e exigem um esclarecimento que deve ser prestado pelo próprio banco, de forma cabal, mas também pelo governo", defendeu Bernardino Soares. Também o Bloco de Esquerda e o PSD pediram esclarecimentos relativamente ao caso BCP/Irão.
Por sua vez, o candidato presidencial Manuel Alegre comentou o facto de ter sido chamado, nos telegramas dos diplomatas norte-americanos, de "velho leão". "Velho leão é uma coisa bonita, embora devessem ter dito velha águia", afirmou Alegre, que nas comunicações da Embaixada dos Estados Unidos é caracterizado como "um dinossauro esquerdista" - que, de resto, terá sossegado os diplomatas americanos relativamente às notícias segundo as quais estaria a ponderar fazer um novo partido e sair do PS. Alegre, revelam os telegramas, negou a ideia de cisão aos diplomatas, mas frisou que não queria, para já, torná-la pública.
"Quanto a dinossauros, digo que há dinossauros e dinossauros - e eu sou um T-Rex [o maior de todos entre os carnívoros]", disse ainda Alegre que não quis comentar a sério as revelações que envolvem Portugal. "Estamos perante um problema novo: coloca-se uma questão de liberdade de expressão, mas também de segredo de Estado, que tem de continuar a existir. Como é que estes dois valores se podem conciliar e como vamos sair disto, vamos ver. Não é fácil ter uma opinião clara sobre tudo, porque é um problema novo", disse.
Tanto a Embaixada dos Estados Unidos como a Embaixada do Irão recusaram-se ontem a comentar as revelações que atingem Portugal. O governo remeteu para as declarações de Luís Amado na semana passada, na Assembleia da República, quando negou os voos da CIA.
com Ana Sá Lopes



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