por Mariana de Araújo Barbosa , Publicado em 06 de Dezembro de 2010 |
Presidente de um império mundial de clínicas de reabilitação oral, o dentista confessa que teve de aprender a ser líder.

"Não precisam de mim lá em baixo, pois não?", pergunta Paulo Malo a uma funcionária da clínica de catorze andares, em plena Avenida dos Combatentes, perto da Praça de Espanha, em Lisboa. Nota--se que o dentista gosta de controlar tudo. "Não vale a pena entrarmos em falsas humildades, porque é tão ridículo como a arrogância. O facto é que realmente fazemos coisas que os outros não fazem, fazemos com muita qualidade e com alguma celeridade", conta.
Paulo Malo construiu um império: a maior clínica do mundo de reabilitação dentária em Lisboa, é dele (entenda-se, Malo Group). A maior da Ásia, em Hong Kong, é dele. A maior da América, em Nova Iorque, é dele. A maior da Europa, no Porto, é dele. A maior de Itália, em Milão, será inaugurada em Maio de 2011. É dele também. "Dito assim, de uma maneira bruta, parece um exercício de ego e presunção. Mas tem de ser dito no contexto: a razão de fazermos estas clínicas enormes não tem nada a ver com ego, nem com vaidade. É uma estratégia que adoptámos", justifica.
Paulo Malo construiu um império: a maior clínica do mundo de reabilitação dentária em Lisboa, é dele (entenda-se, Malo Group). A maior da Ásia, em Hong Kong, é dele. A maior da América, em Nova Iorque, é dele. A maior da Europa, no Porto, é dele. A maior de Itália, em Milão, será inaugurada em Maio de 2011. É dele também. "Dito assim, de uma maneira bruta, parece um exercício de ego e presunção. Mas tem de ser dito no contexto: a razão de fazermos estas clínicas enormes não tem nada a ver com ego, nem com vaidade. É uma estratégia que adoptámos", justifica.
Primórdios Paulo Malo nasceu em Angola em 1961 e mudou-se com a família, para a Cidade do Cabo, África do Sul, na época do 25 de Abril. É nessa cidade que acaba o liceu. "A minha história é muito vulgar, provavelmente já ouviram falar de histórias assim", confessa. Foi um desportista activo e começou por estudar Biologia Marinha na universidade, com o sonho de ser o sucessor de Jacques Cousteau."Sempre gostei muito de pensar no caminho por onde vou", analisava, numa conferência de líderes organizada pela Novartis e pelo i, na semana passada. Dois anos depois, em conversa com um professor - e depois de perceber que não poderia trabalhar com o francês - desistiu do sonho marinho. Foi o primeiro modelo da Christian Dior, e aos 18 anos comprou um Porsche em segunda mão, com o dinheiro que ganhava. Apesar de estudar, começou cedo a trabalhar e a pagar os estudos.
Quando os pais de Malo decidiram deixar a Cidade do Cabo, o dentista optou por escolher entre dois destinos: Austrália ou Estados Unidos. "Pus-me a pensar em ir à lua. Comecei a estudar Física, ganhei uma bolsa, fui para a Califórnia e queria trabalhar para a NASA". Outro sonho furado. Fez um curso de Agricultura, estudou cozinha em Manchester, vendeu gelados e foi nadador-salvador na praia de Cliveland, nos Estados Unidos. Depois da aventura norte-americana, o tio, dentista em Coimbra, trocou- -lhe as voltas e convenceu-o a estudar em Portugal. "Comecei a fazer Medicina e a pensar em neurocirurgia: queria dedicar-me à pesquisa de patologias da coluna, para resolver o problema dos paraplégicos", contou. O tio de Malo pintou-lhe o cenário negro na área da neurocirurgia. Um dia, de passagem por Itália pela Selecção de Rugby, Malo decidiu: queria mudar de curso e ingressar em Medicina Dentária. "O tio ficou contente, o pai preocupado", graceja.
Inventor "Nunca estou doente, estou aflito da garganta. 25 dias, duas voltas inteiras ao mundo...", admite o dentista, que recebeu o i na clínica da Avenida dos Combatentes. As voltas ao mundo são reflexo de um império espalhado pelos cinco continentes. O plano de expansão da Malo Clinic prevê que em 2012, o grupo esteja em 24 cidades do mundo, incluindo países como Brasil, África, China, Japão, Israel, Polónia, Estados Unidos e Marrocos. O sucesso, diz Malo, atribui- -se à criação de uma técnica inovadora. "A ''All-on-4'' faz agora 18 anos, começámos em 1992 a pensar nela. Em 1996 apresentámos os primeiros resultados", recorda. Mas se a actualidade oferece o sucesso de uma presença quase planetária, convencer os cépticos de um novo paradigma em matéria de implantes dentários não foi tarefa simples. "Quando se faz uma inovação que vai contra todos os princípios conhecidos há complicações. É demasiado inovador e choca com princípios que as pessoas tinham como adquiridos. Isso fez com que entre 1996 e 2000, não tenhamos conseguido que nenhuma empresa internacional grande comprasse esta tecnologia porque sempre que tentávamos, a comissão de especialistas chumbava-a".
Malo não desistiu. "Apercebi-me logo do que estava a criar. As grandes mudanças estão muito baseadas na persistência e não tanto na inteligência. Porque eu não sou nenhum Einstein, mas sou persistente. Se eu não fosse persistente, em 1996, quando fui à primeira reunião e quando foi unanimemente recusado, se eu não tivesse a certeza absoluta de que era o caminho certo, teria desistido". E se esta é uma das qualidades de um líder, quais serão as outras? "A competência é essencial. Mas depois também temos de saber comunicar, porque daí vêm outras coisas. E aí o delegar começa a ser importante. E delegar não é fácil. Porque sabemos que vamos pôr em função outra pessoa, e que essa pessoa não vai ser tão boa como nós. Só que delegar é essencial: é o que possibilita a uma empresa ficar grande, ou manter- -se pequena", sublinha. Paulo Malo diz que valoriza as experiências de pessoas que já tiveram empresas mal sucedidas porque "elas sabem o que custa. E quando eu exijo sacrifícios, elas compreendem". Diz-se um homem que teve de "aprender a ser líder". Meio caminho andado para quem assegura: "Preciso de acordar de manhã e gostar do que faço. Preciso de um futuro".
Quando os pais de Malo decidiram deixar a Cidade do Cabo, o dentista optou por escolher entre dois destinos: Austrália ou Estados Unidos. "Pus-me a pensar em ir à lua. Comecei a estudar Física, ganhei uma bolsa, fui para a Califórnia e queria trabalhar para a NASA". Outro sonho furado. Fez um curso de Agricultura, estudou cozinha em Manchester, vendeu gelados e foi nadador-salvador na praia de Cliveland, nos Estados Unidos. Depois da aventura norte-americana, o tio, dentista em Coimbra, trocou- -lhe as voltas e convenceu-o a estudar em Portugal. "Comecei a fazer Medicina e a pensar em neurocirurgia: queria dedicar-me à pesquisa de patologias da coluna, para resolver o problema dos paraplégicos", contou. O tio de Malo pintou-lhe o cenário negro na área da neurocirurgia. Um dia, de passagem por Itália pela Selecção de Rugby, Malo decidiu: queria mudar de curso e ingressar em Medicina Dentária. "O tio ficou contente, o pai preocupado", graceja.
Inventor "Nunca estou doente, estou aflito da garganta. 25 dias, duas voltas inteiras ao mundo...", admite o dentista, que recebeu o i na clínica da Avenida dos Combatentes. As voltas ao mundo são reflexo de um império espalhado pelos cinco continentes. O plano de expansão da Malo Clinic prevê que em 2012, o grupo esteja em 24 cidades do mundo, incluindo países como Brasil, África, China, Japão, Israel, Polónia, Estados Unidos e Marrocos. O sucesso, diz Malo, atribui- -se à criação de uma técnica inovadora. "A ''All-on-4'' faz agora 18 anos, começámos em 1992 a pensar nela. Em 1996 apresentámos os primeiros resultados", recorda. Mas se a actualidade oferece o sucesso de uma presença quase planetária, convencer os cépticos de um novo paradigma em matéria de implantes dentários não foi tarefa simples. "Quando se faz uma inovação que vai contra todos os princípios conhecidos há complicações. É demasiado inovador e choca com princípios que as pessoas tinham como adquiridos. Isso fez com que entre 1996 e 2000, não tenhamos conseguido que nenhuma empresa internacional grande comprasse esta tecnologia porque sempre que tentávamos, a comissão de especialistas chumbava-a".
Malo não desistiu. "Apercebi-me logo do que estava a criar. As grandes mudanças estão muito baseadas na persistência e não tanto na inteligência. Porque eu não sou nenhum Einstein, mas sou persistente. Se eu não fosse persistente, em 1996, quando fui à primeira reunião e quando foi unanimemente recusado, se eu não tivesse a certeza absoluta de que era o caminho certo, teria desistido". E se esta é uma das qualidades de um líder, quais serão as outras? "A competência é essencial. Mas depois também temos de saber comunicar, porque daí vêm outras coisas. E aí o delegar começa a ser importante. E delegar não é fácil. Porque sabemos que vamos pôr em função outra pessoa, e que essa pessoa não vai ser tão boa como nós. Só que delegar é essencial: é o que possibilita a uma empresa ficar grande, ou manter- -se pequena", sublinha. Paulo Malo diz que valoriza as experiências de pessoas que já tiveram empresas mal sucedidas porque "elas sabem o que custa. E quando eu exijo sacrifícios, elas compreendem". Diz-se um homem que teve de "aprender a ser líder". Meio caminho andado para quem assegura: "Preciso de acordar de manhã e gostar do que faço. Preciso de um futuro".
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