Reacções à proposta da ministra de acabar com os chumbos
31 Julho, 2010 A ministra da educação deu uma entrevista ao Expresso onde defende o fim das reprovações. E avisa que isso é o que se passa nos países do Norte da Europa. Para dar mais força à proposta a ministra contrasta a ausência de chumbos no Norte da Europa com a opção pelas reprovações nos países do Sul da Europa. E diz que raramente os alunos que reprovam beneficiam com a repetição de ano.A ideia não é nova. Logo que tomou posse, a ministra da educação fez referência ao assunto. Na verdade, ausência de reprovações é a norma na maior parte das turmas do ensino básico. É quase tão difícil reprovar um aluno no ensino básico como fazer passar um camelo pelo buraco de uma agulha.
Não se percebe por que razão os responsáveis pelo ME vêm a terreiro queixar-se do excesso de reprovações. A opinião pública e os media não têm a noção de que o insucesso no ensino básico é meramente residual porque mantêm a lembrança do que acontecia na escola há duas décadas atrás.
O que está verdadeiramente em causa é a tentativa de fazer no ensino secundário aquilo que se fez no ensino básico: criar obstáculos administrativos às reprovações e reduzir o número e o peso dos exames nacionais. Tudo isso em nome da redução da despesa. Cálculos por alto apontam para uma poupança de 600 milhões de euros em caso de eliminação das reprovações durante toda a escolaridade obrigatória de 12 anos.
É isso que o Pai Eterno, o líder-sem-fim da Confap, pretende ao afirmar que o fim dos chumbos representará a maior reforma educativa depois do 25 de Abril. Ridículo se não fosse triste. Bastará ao ME impor uma escala de classificação que vá do nível 3 ao nível 5 para executar tão grande reforma educativa.
Felizmente nem todas as associações de pais estão contaminadas pelo eduquês: a Confederação Independente de Associações de Pais e Encarregados de Educação, uma organização rival da Confap e que não recebe financiamento do ME, afirma que acabar com os chumbos é acção de merchandizing.
Não faço ideia por que razão a ministra da educação escolheu este momento para lançar uma proposta sem condições de aprovação no Parlamento. Terá sido para agitar? Para reafirmar a defesa de uma escola modernista, à la Escandinávia? Ou apenas porque calhou falar no assunto?
O CDS afirma que a ideia é completamente disparatada.
O PCP acusa a medida de facilitista e afirma que desqualifica completamente o ensino.
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