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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Exame do 9º ano privilegia poesia

Na edição de 1 de Agosto de 1934,

Exame do 9º ano privilegia poesia

16.06.2010 - 14:20 Por Clara Viana
Poesia em força. Nuno Júdice com “Para Escrever o Poema”, e Camões, com duas estrofes do Canto I dos Lusíadas, foram os autores escolhidos para o exame de Língua Portuguesa do 9º ano, realizado esta manhã.
À semelhança do que tem acontecido noutros anos, o exame foi acompanhado de um vocabulário dando conta do significado de palavras como “guarida”, “esquivo” ou “perfia”, entre outras. No blogue convidado do PÚBLICO, Escrever em Português, a professora de Português, Ana Soares, comentou que a estrutura do exame “era a esperada” e que os textos lhe “parecerem adequados à faixa etária e aos conteúdos/competências em avaliação”. “Gostei do poema do Nuno Júdice”, acrescentou.

“O poeta quer escrever sobre um pássaro/e o pássaro foge-lhe do verso”. No site www.exames.org, já há alunos a anunciar que “correu bem”. Mas têm algumas dúvidas, como estas: “Vocês meteram que opção naquela do adverbio "alto"? . Em quatro opções, era preciso seleccionar uma em que a palavra “alto” é um advérbio. Mas os jovens que colocaram a dúvida escolheram a opção em que “alto” era um adjectivo.

Outra dúvida colocada por uma aluna, no mesmo site: “Havia lá uma que era sobre o poeta que fez aquele poema e para nós dizermos as três coisas a que o autor se refere eu meti: “Pássaro (Animais); Serpente (Animais); Maçã (fruta); flor (planta, flores) ”. Nesta questão, a 4 da parte B do grupo I, com base no poema de Nuno Júdice, pedia-se que o aluno indicasse qual a “intenção” do poeta expressa no texto e para referir os três elementos que pretende utilizar como matéria do seu poema.

Nos critérios já divulgados pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) explica-se que se devia referir os elementos pássaro, maçã e flor.

Para os exames de Língua Portuguesa do 9º ano estavam inscritos cerca de 96 mil alunos.

"Para escrever o poema", de Nuno Júdice

O poeta quer escrever sobre um pássaro:
e o pássaro foge-lhe do verso.

O poeta quer escrever sobre a maçã:
e a maçã cai-lhe do ramo onde a pousou.

O poeta quer escrever sobre uma flor:
e a flor murcha no jarro da estrofe.

Então, o poeta faz uma gaiola de palavras
para o pássaro não fugir.

Então, o poeta chama pela serpente
para que ela convença Eva a morder a maçã.

Então, o poeta põe água na estrofe
para que a flor não murche.

Mas um pássaro não canta
quando o fecham na gaiola.

A serpente não sai da terra
porque Eva tem medo de serpentes.

E a água que devia manter viva a flor
escorre por entre os versos.

E quando o poeta pousou a caneta,
o pássaro começou a voar,
Eva correu por entre as macieiras
e todas as flores nasceram da terra.

O poeta voltou a pegar na caneta,
escreveu o que tinha visto,
e o poema ficou feito

Canto I

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

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