Ascensão e Queda do Muro de
Berlim
O
Muro de Berlim, um símbolo negro da Guerra Fria, foi construído para impedir
que os alemães de leste escapassem para o Ocidente, mas as décadas de luta
acabaram por derrubar esta barreira.
POR ERIN BLAKEMORE
Alemães ocidentais escalam o Muro de Berlim perante os guardas da Alemanha de leste, quando o Muro caiu, em novembro de 1989.
Durante quase 30 anos, Berlim esteve dividida não só pela ideologia, mas
também por uma muralha de betão que serpenteava pela cidade, servindo como um
símbolo dos horrores da Guerra Fria. Erguido à pressa e derrubado em protesto,
o Muro de Berlim tinha pouco mais de 43 km de extensão e estava protegido com
arame farpado, cães de guarda e 55.000 minas terrestres. Mas, apesar de o Muro
ter subsistido desde 1961 até 1989, não conseguiu sobreviver a um movimento
democrático maciço que acabou por derrubar a República Democrática Alemã (RDA)
e estimulou o fim da Guerra Fria.
O Muro surgiu no final da Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha foi
ocupada pelas forças aliadas e dividida em quatro zonas. Embora
Berlim estivesse localizada a cerca de 144 km a leste da fronteira entre a RDA
e a Alemanha Ocidental, e completamente cercada pelo setor soviético,
originalmente a cidade também estava dividida em quatro áreas, mas em 1947 foi
consolidada nas zonas leste e oeste.
Em 1949, foram oficialmente fundados dois territórios alemães. A RDA foi
devastada pela pobreza e pelas greves dos trabalhadores que foram organizadas
em resposta aos novos sistemas políticos e económicos. Em 1952, a fuga de
grandes mentes e a escassez de trabalhadores levaram a RDA a fechar a fronteira
com a Alemanha Ocidental, dificultando a passagem da Europa
"comunista" para a Europa "livre".
Os alemães de leste começaram a fugir pelas zonas mais permeáveis do Muro.
A partir de uma determinada altura, cerca de 1700 pessoas procuravam
diariamente o estatuto de refugiados na
Alemanha Ocidental. Entre 1949 e 1961, cerca de 3 milhões de cidadãos
viajaram entre ambos os lados do Muro.
Na madrugada do dia 13 de agosto de 1961, enquanto os berlinenses ainda
estavam a dormir, a RDA começou a construir cercas e barreiras para isolar
pontos de entrada em Berlim Leste, na parte ocidental da cidade. Este movimento
noturno surpreendeu os alemães em ambos os lados da nova fronteira. E enquanto
os soldados da RDA patrulhavam a linha de demarcação e os trabalhadores
começavam a construir o Muro de betão, oficiais diplomáticos e militares de
ambos os lados debatiam-se com uma série de impasses –
com a tensão a acumular.
FOTOGRAFIA DE NORBERT ENKER, LAIF/REDUX
O Muro de Berlim estendia-se por toda a cidade e
estava protegido por minas terrestres, cães e arame farpado para desencorajar
as tentativas de fuga. Ainda assim, 5000 pessoas conseguiram fugir.
Eventualmente, a Alemanha de leste ergueu 43 km de betão pela cidade. O
Muro consistia em duas paredes paralelas, pontuadas por torres de vigia e
separadas pela chamada “faixa da morte”, que incluía patrulhas de cães, minas
terrestres, arame farpado e vários obstáculos projetados
para dissuadir as fugas. Os soldados da Alemanha de leste monitorizavam as
barreiras 24 horas por dia, 7 dias por semana, e vigiavam Berlim Ocidental com
ordens para atirar a matar, caso encontrassem alguém a tentar escapar.
E haviam muitas pessoas a tentar escapar. Inicialmente, fugiam pelas casas
ao longo do Muro; mas essas casas foram
esvaziadas e transformadas em fortificações para o próprio Muro. Algumas
pessoas tentaram fugas mais arriscadas – através de túneis, de comboio e até em
balões de ar quente. Entre 1961 e 1989, mais de 5000 pessoas conseguiram
escapar. Outras não tiveram tanta sorte; pelo menos 140 morreram
a tentar atravessar o Muro.
Ao longo dos anos, o Muro tornou-se num símbolo negro da
Guerra Fria. Em 1989, muitos dos alemães de leste já tinham atingido o limite e
organizaram uma série de manifestações em massa a exigir democracia.
Entretanto, o bloco soviético estava a ser desestabilizado pelos problemas
económicos e reformas políticas.
O empresário Alfine Fuad mostra como escondeu a sua família para fugir de Berlim Leste, através do “Ponto de Controlo Charlie”, em 1976.
Na noite de 9 de novembro de 1989, o oficial do partido de Berlim Leste,
Günter Schabowski, anunciou novas
reformas para as viagens – em resposta aos protestos – mas passou mal a
mensagem, fazendo crer que RDA tinha aberto as suas fronteiras. Milhares de
berlinenses dirigiram-se para as passagens de fronteira ao longo do Muro, onde
os guardas confusos acabaram
por abrir os portões.
Enquanto os berlinenses de leste avançavam, dezenas de milhares de
berlinenses ocidentais juntaram-se a eles, numa manifestação maciça de emoção e
celebração. Enquanto todos comemoravam com champanhe, música e lágrimas, os
berlinenses começaram literalmente a derrubar o Muro. Semanas mais tarde, a RDA
entrou em colapso e, em 1990, a Alemanha reunificou-se.
A União Soviética seguiria o exemplo e a queda do Muro de Berlim é
atualmente encarada como um símbolo do fim da Guerra Fria. Hoje, uma fila de pedras de calçada marca o local
onde a parede estava.
Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site
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