Por Sónia Peres Pinto, publicado em 2 Abr 2012
Quanto mais tempo demorar a pagar o empréstimo mais juros terá de suportar e, por isso, o crédito fica mais caro
Fazer compras a crédito pode representar uma verdadeira tentação, principalmente para os consumidores que não podem pagar a pronto. Mas a ideia pode sair cara devido às taxas de juro que são cobradas. O Banco de Portugal (BdP) voltou a fixar o limite dos juros a aplicar aos cartões de crédito, durante este segundo trimestre de 2012, em 36,5%, ou seja, 1% acima do trimestre anterior.
Além dos cartões de crédito, este tecto máximo aplica-se a linhas de crédito, contas correntes bancárias e facilidades de descoberto (contrato de crédito que permite movimentar uma conta bancária para além do respectivo saldo, até um limite máximo de utilização). Já as taxas aplicadas aos créditos pessoais, que o BdP fixou em 20,7% entre Janeiro e Março, vão descer para 20,5% este trimestre.
A verdade é que quem recorre às linhas de financiamento das lojas – concedidas por sociedades financeiras para aquisições a crédito (SFAC) – gasta geralmente mais, já que, a par da despesa normal, terá de pagar também os juros que estão associados ao crédito. Por isso, o melhor é fazer muito bem as contas para ver se compensa.
É preciso ter alguns cuidados sempre que recorre a um empréstimo. De acordo com a Associação de Defesa do Consumidor (Deco), a maioria das lojas esconde dos clientes as verdadeiras condições do crédito, como é o caso da taxa anual efectiva (TAEG) e dos seguros.
Não se esqueça que a indicação da TAEG é obrigatória em qualquer crédito e permite ao consumidor comparar diversas propostas, pois reflecte o custo total. Isso significa que, quanto mais baixa for, mais barato é o empréstimo.
A simulação de crédito deve ainda discriminar todos os custos, essenciais para confirmar a TAEG. “As lojas apresentam, de facto, opções de pagamento sem juros no cálculo das prestações. No entanto, as comissões de entrada e de processamento, o seguro de vida, que algumas omitem, acabam por encarecer substancialmente o crédito”, revela Vinay Pranjivan, da Deco.
Custo zero Uma outra alternativa passa por aderir às campanhas a “custo zero”. Estas destinam-se essencialmente a prazos muito reduzidos (geralmente de três a seis meses) e podem estar limitadas a campanhas ocasionais. Mas mesmo nesses casos, o consumidor deve estar alerta: “Se conseguir encontrar o produto que lhe interessa numa campanha sem juros, confirme se está mesmo isenta de comissões, seguros e impostos”. Por isso mesmo, para evitar desagradáveis surpresas, o cliente deve pedir sempre uma simulação.
“Naturalmente um crédito com taxa verdadeiramente zero é a melhor opção. Mas algumas soluções com custos também podem ser interessantes, depende de quanto pede emprestado e por quanto tempo”, salienta Vinay Pranjivan.
De acordo com o responsável, a fórmula de sucesso é simples: para empréstimos reduzidos e prazos de pagamento curtos, o financiamento das lojas compensa face ao crédito pessoal. De acordo com um estudo da Deco, a Cetelem (instituição que trabalha, por exemplo, com a Worten) cobra 13,9% por mil euros a 12 meses, já o BPI cobra 19,2%, mas mesmo assim é o mais barato dentro dos bancos analisados.
No entanto, para um empréstimo acima de 2500 euros, a pagar em dois anos, o cenário altera-se. Isto porque o peso dos encargos fixos no crédito pessoal dilui-se e, por isso mesmo, o crédito bancário torna-se mais atractivo do que o financiamento das lojas.
outras alternativas Para quem puder adiar o pagamento por um ou dois meses, então a melhor alternativa é recorrer a formas de financiamento mais acessíveis e rápidas, em vez de optar por créditos a um ano ou mais.
Pode usar, por exemplo, o saldo descoberto da sua conta-ordenado, desde que a taxa de juro seja inferior às outras opções – as melhores rondam os 12%. Como este empréstimo está limitado ao valor do salário e o saldo pode ser inferior ao valor que terá de pagar, caso a loja o permita, poderá pagar o remanescente através do cartão de crédito.
“A melhor garantia de que consegue manter o orçamento familiar na linha é controlar todas as despesas com o cartão e optar pelo pagamento a 100%. Assim, só tem de devolver o que gastou e não paga juros”, salienta a Deco. Caso contrário, o banco pode definir uma percentagem inferior (20,50 ou 75%), paga uma parte da despesa e acumula juros.
Por isso mesmo, o ideal é ajustar a prestação mensal à sua capacidade financeira de forma a evitar desagradáveis surpresas. Tenha em conta que, quanto mais tempo demorar a pagar o empréstimo mais juros terá de suportar, logo o crédito fica mais caro.
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