Jorge Silva Carvalho
Superespião demite-se da Ongoing
O ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), Jorge Silva Carvalho, demitiu-se da Ongoing, onde exercia funções de administrador.
Por:Hugo Real
Segundo informou a empresa num comunicado interno, a que o CM teve acesso esta quinta-feira, o superespião pediu a renúncia das suas funções, o que foi aceite pela administração da empresa.
"O Grupo Ongoing entende e aceita as razões que levaram o Dr. Jorge Silva Carvalho a solicitar a sua renúncia", diz a empresa. Mais: a Ongoing esclarece que "acredita na justiça e espera que a verdade seja totalmente reposta no mais breve possível".
Recorde-se que em Novembro o Ministério Público (MP) esteve no grupo Ongoing, no âmbito do inquérito criminal sobre o caso das alegadas fugas de informação nas secretas, que envolve o ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED). A rusga, que decorreu na passada sexta-feira, estendeu-se à residência de Jorge Silva Carvalho.
Em causa estão eventuais fugas de informação por parte do ex-espião para a Ongoing, de Nuno Vasconcelos.
Jorge Silva Carvalho publica nota no Facebook
"Não quero continuar a servir de arma de arremesso"
Jorge Silva Carvalho, ex-director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), publicou, na sua página no Facebook, um comunicado onde explica os motivos para a sua demissão no grupo Ongoing.
De acordo com a nota, a decisão deve-se ao facto de sentir a alvo “de uma campanha injuriosa, manipuladora e cheia de falsidades, que tem como objectivo atingir-me e atingir o grupo económico onde trabalho”.
“Não quero continuar a servir de arma de arremesso para ataques de grupos empresariais”, acrescenta.
A Ongoing emitiu esta quinta-feira um comunicado interno no qual informa que foi aceite o pedido de renúncia de Silva Carvalho.
Recorde-se que o ex-espião foi investigado devido a alegadas fugas de informação favorecendo a empresa dirigida por Nuno Vasconcellos.
NOTA NA ÍNTEGRA:
“Tenho sido alvo público de uma campanha que tem por base o reiterado acesso ilegal ao meu computador pessoal e a despudorada violação dos mais elementares direitos pessoais e que sob o olhar passivo das autoridades viola impunemente o Segredo de Estado e agora, também, o Segredo de Justiça.
O essencial destes ataques parte de uma empresa que mantém uma disputa societária com o grupo onde desempenhei funções no último ano, o que, por si só, retira a essas acusações o carácter de imparcialidade que se exige à boa actividade jornalística.
Em devido tempo, apresentei queixa na Procuradoria-geral da República e coloquei-me à disposição das autoridades, procurando colaborar no possível para o esclarecimento de todas as questões.
A natureza das acusações que me fazem e as funções que desempenhei limitam a minha capacidade pública de intervenção.
A minha vida pessoal tem sido continuadamente devassada e todos os meus actos têm sido escrutinados à luz de objectivos que violam a lei e ultrapassam os limites da decência.
Esta campanha mantém-se, ininterrupta, semana após semana. Atinge-me directamente. Mas também penaliza terceiros, tão vulneráveis quanto a minha família ou o grupo económico em que trabalho.
Por isso, decidi renunciar a todos os cargos e funções que exerço no Grupo Ongoing. Faço-o porque não quero continuar a servir de arma de arremesso para ataques de grupos empresariais.
Reitero para todos os efeitos que sempre respeitei o segredo de estado, o dever de sigilo e desempenhei as minhas funções no estrito cumprimento do interesse nacional.
Preciso de me concentrar em absoluto no esclarecimento de todas as acusações que me são dirigidas.
Imponho-me levar até ao fim a defesa do meu bom nome, com a certeza, porém, que quando, no devido tempo e perante quem de direito tiver oportunidade de me explicar, o assunto já não terá interesse jornalístico."
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