Uma carta escrita por um dos milhões de
judeus que sofreram às mãos do regime nazi esteve enterrada durante décadas.
Descoberta nos anos 80 e agora decifrada, relata os horrores vividos por um
prisioneiro forçado a mover os cadáveres de outros prisioneiros em
Auschwitz.
A história é contada pela publicação alemã Deutsche Welle. Marcel
Nadjari, um comerciante judeu residente na Grécia e que foi depois deportado
pelo regime nazi para o campo de concentração na Polónia, enterrou a carta
dentro de uma garrafa, na esperança de que um dia alguém pudesse ficar a saber
os horrores que ali vivera.
A mensagem estava quase ilegível quando o objecto foi
descoberto, na década de 1980. Contudo, através de uma recente técnica de decifração de imagens, as palavras tornaram-se
perceptíveis.
Decifrada a carta que revela pormenores sobre a terrível experiência em
Auschwitz, conhecido como "o campo dos horrores", o historiador Pavel
Polian prepara-se agora para publicar as descobertas na edição deste mês da
revista do Instituto de História Contemporânea de Munique.
Nadjari foi um dos sobreviventes do Holocausto.
Mudou-se depois para os Estados Unidos, onde morreu em 1971. No campo de
concentração, era um dos prisioneiros que retiravam os cadáveres das câmaras de
gás e os queimavam num crematório.
Segundo a publicação alemã, Nadjari refere várias vezes, ao longo do texto,
a vontade que teve de ir, também ele, para uma das câmaras de gás e morrer ali.
A única motivação que o levou a não cometer suicídio foi o desejo de vingança.
"Todos sofremos coisas aqui que a mente humana não consegue
imaginar", é uma das passagens destacadas pela publicação alemã.
O historiador russo que tratou a carta de Nadjari
refere que este e outros documentos, enterrados também por judeus que estavam
naquela unidade, são "os mais importantes" para compreender melhor o
que aconteceu durante o Holocausto.
Sem comentários:
Enviar um comentário