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sexta-feira, 6 de março de 2015

Antiga Sala Mecenato BES (ISEG)



Antiga Sala Mecenato BES (ISEG)

“Premiei um escroque da pior espécie”. Com grande arrojo e não menor sentido de oportunidade, dado o actual poder de Ricardo Salgado, João Duque declarou-se assim arrependido de o ter apadrinhado num Doutoramento Honoris Causa do ISEG em 2013. Bem avisámos nessa altura, denunciando como a Presidência Duque, ao homenagear Salgado, mas também também Catroga e Mexia, estava a trair a distinta história do ISEG nesta área, atribuindo honras por razões distantes dos contributos para a Economia.

Entretanto, reparem como Duque parece conseguir estar errado de formas sempre novas, defendendo agora a transferência em curso de poderes regulatórios, daqueles desgraçamente conformes aos mercados, para Frankfurt. Ser governado pelo estrangeiro e esperar que o interesse público seja aqui defendido é pelo menos o cúmulo do provincianismo. Será que não serviram para nada a experiência da troika, a miserável história do euro, o que se sabe sobre o poder do capital financeiro no BCE, tanto mais intensa a promiscuidade quanto maior a distância do poder e da transparência democráticas? Será que não serve para nada o que se sabe sobre a forma como o controlo estrangeiro da banca privada nacional, em curso e que também assim se reforçará, expõe muito mais o país a movimentos desestabilizadores, particularmente em contextos de crise (olhem para sul e para leste)?

Bom, ainda vamos ver apadrinhamentos de Isabel dos Santos, por exemplo, com base na ideia de um percurso que começou na venda de ovos e que acabou onde acabará. De resto, o caso BES não pode ser reduzido a uma questão de carácter, sendo preciso perguntar que estruturas produzem e favorecem estes escroques e como é que estas podem ser modificadas: diria, neste último caso, que com mais banca pública, a única forma de garantir controlo democrático e defesa do bem público que é o crédito, com controlos de capitais e com um verdadeiro Banco de Portugal, com todas as funções de um Banco Central, a responder perante o governo e perante a Assembleia da República; no fundo com aquilo que os economistas neoliberais mais temem, tendo até cunhado um nome para o seu temor, mas que acabou por resultar melhor: repressão financeira…

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