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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Uma missão levou o Natal à aldeia angolana de Camongua, onde as crianças não acreditavam no Pai Natal

A partida de Luanda a caminho de uma aldeia no Norte de Angola foi feita num sábado, depois de almoço. A ideia era chegar a Malanje ao fim do dia, para no domingo visitar Camongua e levar um pouco do Natal às crianças. Foram 420km numa estrada longa, estreita e sem estações de serviço. A paisagem é recheada de embondeiros, árvores grandes, altas, centenárias. Vão três pessoas na carrinha da Missão Católica. Viajo com a Madre Sandra Veras e a voluntária que me trouxe a esta missão, a brasileira Tatiana Paim. Os longos quilómetros dão para falar dos projectos pessoais, do significado da missão para cada uma, da solidariedade, de uma sociedade que tem contrastes tão intensos como a cidade mais cara do mundo e uma população carente, com muitos locais onde luz e água sem falhas são luxos e aldeias distantes que só podem sonhar com isso.
Até Ndalatando passam 230 km e a única certeza de que vamos no caminho certo vem de a estrada só ter um sentido. A viagem serve para organizar a acção do dia seguinte, num projecto desenvolvido em voluntariado com uma missão católica, que tenta dar, todos os anos, um dia de felicidade e sorrisos a quem tem muito pouco. A ideia é simples: ajudar crianças a serem crianças. Um dia que lhes é dedicado para saberem o que é o Natal.
O projecto é coordenado pela Missão de Santa Terezinha, que apoia crianças em Luanda e Malanje através de processos de evangelização e de apoio familiar e escolar. Em Luanda funciona em escolas, apoia famílias e integra jovens que queiram seguir uma vida religiosa. Em Malange e nas aldeias próximas, a intervenção é mais profunda. Desde o fim da guerra civil que apoia as aldeias em questões de saúde, ajuda psicológica, pedagógica e ainda na estruturação da própria aldeia. Aqui, para as crianças, o Natal é só mais um dia ou uma festa das gentes da cidade.
A preparação para a acção começou com o pedido de autorização ao Soba, a figura mais velha da aldeia. Sem o apoio dele ninguém é bem-vindo. A permissão é a peça chave, já que a cultura remete sempre para a aprovação do sábio, do "mais velho". Através do apoio contínuo que as madres vão dando à aldeia, introduziu-se o tema do Natal e o seu significado. O peso da religião cristã é forte, até porque ensinar através da religião é mais fácil. O sentido de ajuda gratuita ou de uma vida com saúde são temas muito trabalhados, porque nestas aldeias os comportamentos nem sempre são os de generosidade instantânea.

A logística foi longa e foi preciso preparar toda a comida e os presentes para distribuir às crianças de Camongua. Houve patrocínios e apoios de empresas que quiseram contribuir. Foram comprados carros para os rapazes e bonecas para as raparigas. Houve bolos e salgados feitos pelas madres da missão, sumos e águas fornecidos por um dos patrocinadores. O projecto começou em 2006 e hoje leva presentes a cerca de 600 crianças entre Malanje e Luanda.

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