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sexta-feira, 22 de abril de 2011

FT diz que e-mail que levou a subida dos juros é de funcionário do Citigroup

Banco norte-americano recusa qualquer implicação na escalada dos juros das obrigações dos mercados periféricos na quarta-feira. O “Financial Times” avança que o e-mail enviado por um “banco de investimento internacional” que indica que a reestruturação da dívida grega irá acontecer já no próximo fim-de-semana partiu de um funcionário do Citigroup. A mesma informação é avançada pela agência Dow Jones Newswires, depois de a ver confirmada por dois membros do Governo helénico.

 
 
 
O “FT” teve acesso ao documento datado de quarta-feira, pelas 13h42, e cita algumas das suas afirmações: se a reestruturação acontecer “é crucial ver quais serão as condições, sendo que um ‘haircut’ terá um resultado muito diferente de um prolongamento das maturidades”.

“Nos últimos dias, as conversações em torno de uma reestruturação/renegociação [grega] têm-se intensificado, apesar dos contínuos desmentidos por parte das autoridades [gregas] e estrangeiras”, revela ainda o documento.

Na quarta-feira, os juros da dívida grega no mercado secundário dispararam mais de um ponto percentual nos prazos a dois anos e levaram os juros portugueses também a máximos desde a entrada no euro.

O Citigroup recusa qualquer envolvimento neste assunto. “Estamos a cooperar com as autoridades e consideramos não ter havido nenhum delito por parte do Citi ou dos seus funcionários”, escreveu o banco numa declaração citada pelo FT.

O governo grego pediu ao Ministério Público para lançar uma investigação que pretende saber a origem e a intenção da especulação de mercado que aponta para uma possível reestruturação da dívida soberana grega no próximo fim-de-semana, especulação impulsionada por esse e-mail. O ministro das Finanças da Grécia, George Papaconstantinou (na foto), tem rejeitado completamente a possibilidade de se vir a proceder a esta operação.

Ontem, os juros da dívida grega disparam mais de um ponto percentual para 22,156% no prazo a dois anos e a bolsa perdeu mais de 3%. Da mesma forma, o mesmo efeito também se sentiu em Portugal e na Irlanda, que registaram elevadas subidas nas “yields” das suas obrigações no mercado secundário.

Hoje, os juros continuaram a escalar e os investidores já pedem mais de 23% para deterem dívida grega a dois anos, cujos juros hoje aumentaram, mais uma vez, perto de um ponto percentual. O principal índice da bolsa helénica conseguiu valorizar-se mais de 2%, mas não compensou as perdas de ontem. Em Portugal e na Irlanda as subidas também foram de perto de um ponto percentual e as “yields” pedidas estão em 11,51%, em Portugal, e em 11,6%, na Irlanda, para a maturidade a dois anos.

GLOSSÁRIO

Incumprimento
Define o momento em que uma entidade deixa de ter liquidez para pagar os juros do dinheiro que pediu emprestado, ou para devolver o capital ao credor. Quando um Estado entra em bancarrota, tem de renegociar as condições do seu empréstimo, renegociação essa que pode levar a alterações no valor dos juros prometidos, na maturidade dos títulos ou no valor do capital. Em regra, os credores preferem negociar a ir para tribunal, uma vez que os soberanos estão juridicamente bem protegidos.

Reestruturação/renegociação de dívida
É um processo com consequências semelhantes aos descritos no ponto anterior, mas ocorre ainda antes de os Estados chegarem ao "fim da linha". Os governos tomam a iniciativa de se sentarem à mesa com os credores, antes de entrarem em incumprimento. A História mostra que esta antecipação costuma ser premiada pelos investidores.

"Haircut"/desconto
É a perda de capital e/ou juros que decorre de uma renegociação de dívida ou do incumprimento no pagamento dos seus juros ou reembolsos.

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