Teixeira dos Santos insiste no diálogo ao abrir debate sobre o PEC
15h44m
Ana Paula Correia
(Em actualização) "Não desistamos do diálogo" porque "o país precisa de um amplo entendimento político". Foi com estas palavras que Teixeira dos Santos iniciou o debate do PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento), vinte minutos após as 15 horas. O ministro das Finanças acusou o PSD de esconder a necessidade de pedir mais sacrifícios e criticou o silêncio de Cavaco Silva.
foto Paulo Spranger/Global Imagens |
José Sócrates esta tarde no Parlamento |
O ministro insistiu que este PEC é necessário e que as medidas nele contidas "não podem ser umas quaisquer". E avisou que se nada mais for feito agora, em 2012 o défice será superior a 4% e não de 2% como Portugal se comprometeu perante a União Europeia.
Ainda no discurso de abertura do debate, Teixeira dos Santos disse ter "uma enorme dificuldade em compreender e aceitar o discurso de que não são justificáveis mais sacrifícios". "Esse é um discurso enganador e irresponsável", concluiu, arrancando os primeiros aplausos da bancada socialista.
Teixeira dos Santos insistiu na ideia de que a rejeição do PEC vai implicar medidas de austeridade ainda mais gravosas, por via da imagem do país perante os mercados.
As palmas socialistas voltaram a ouvir-se quando o ministro disse perceber a ansiedade dos que querem chegar ao poder, mas afirmou não compreender que o queiram fazer impondo "tamanho custo aos portugueses".
Sócrates ouviu Teixeira dos Santos e saiu
Antes do começo da sessão, o primeiro-ministro, que estivera reunido de manhã com Jaime Gama, num encontro de "cortesia", entrou no plenário e, pela primeira vez, cumprimentou pessoalmente cada um dos membros da Mesa da Assembleia da República.
Após o discurso de Teixeira dos Santos, o primeiro-ministro abandonou o plenário. Já sem José Sócrates na sala, o debate parlamentar do PEC prosseguiu com Luís Montenegro, um dos vice presidentes da bancada do PSD, a acusar Teixeira dos Santos de já não ser o ministro das Finanças mas sim o "mistério das Finanças".
O deputado social-democrata, sempre falando do "caminho novo que o país irá pedir ao PSD", referiu-se à notícia de o EUROSTAT questionar o valor do défice do ano passado, considerando-o "mais uma machadada na credibilidade, no rigor e na transparência deste Governo".
Sem responder directamente a Luís Montenegro, o ministro admitiu ser preciso "pedir mais sacrifícios aos portugueses para ultrapassarmos as dificuldades com que o país está confrontado". E acusou o PSD de esconder a necessidade de pedir mais sacrifícios.
Crítica ao silêncio de Cavaco
O ministro Teixeira dos Santos acabou de lançar uma crítica ao silêncio de Cavaco Silva durante dos últimos dias, ao dizer que, ao contrário do que aconteceu em Outubro a propósito do Orçamento do Estado para 2011, agora, "ninguém fez um apelo a que nos entendêssemos". O governante falava na resposta ao líder da bancada socialista, Francisco Assis, que lembrou que só os socialistas procuram o diálogo.
Ao falar ainda na fase inicial do debate do PEC, num dia que considerou "especial", Assis, foi aplaudido de pé pela sua bancada, ao acentuar que o PSD age por "ressentimento" porque "nunca aceitou o resultado das últimas eleições".
Numa intervenção em tom inflamado, Assis acentuou que os socialistas sempre insistiram na procura do diálogo e dirigindo-se sempre aos sociais-democratas acusando-os de nada terem a propor.
O debate, que deverá terminar com a rejeição do PEC, prolongar-se-á por cerca de três horas, no final das quais José Sócrates irá ao Palácio de Belém para uma audiência com o presidente da República, Cavaco Silva.
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