É sempre útil medir o alcance dos prognósticos daqueles que, mesmo quando apostam no contrário daquilo que se pretende que aconteça, delimitam a dimensão da sua aposta. Depois de anunciado o apoio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) à Irlanda, os juros não caíram miraculosamente. A desconfiança perante a dimensão do buraco financeiro da banca irlandesa mantém-se. Isto é muito relevante para nós. Porque sinaliza o grau de dificuldade em aplacar a desconfiança dos credores quanto à capacidade de os portugueses superarem os seus desequilíbrios financeiros.
É verdade que as situações da Irlanda e de Portugal são muito diferentes. A nossa não é (ainda) aflitiva e imediata e o tamanho relativo dos problemas também difere muito: a ajuda à Irlanda nos próximos 3 anos (90 mil milhões de euros), comparada com o seu PIB, supera os 50%. As previsões (de mau agoiro) da dimensão do apoio que Portugal poderá ter de requerer à UE+ FMI+BCE não vão além dos 34 mil milhões (19% do PIB nacional).
Nos dois casos, tal como na Grécia, tem de dar-se um ajustamento brusco: a despesa nacional tem de ser reduzida para recolocar-se em linha com a produção nacional. Na Irlanda, o volume de capitais para recapitalizar os bancos do país a isso obriga; em Portugal, é a Balança de Bens e Serviços que tem de ver diminuídos os défices que, ano após ano, vem exibindo.
Isso só é possível diminuindo a parte de bens e serviços importados - os finais,que consumimos ou investimos, e os intermédios, que incorporamos nos produtos nacionais; e, simultaneamente, aumentando o valor realizado com as vendas para fora das fronteiras do País de bens e serviços made in Portugal. Toda a gente está consciente de que isto só se consegue progressivamente, porque exige mudanças de fundo em milhares de empresas e no funcionamento de milhares de unidades de serviço público. Nesse sentido, não sendo um problema focado num só sector, como no caso da banca irlandesa, exige uma estratégia muito mais abrangente, que envolva todos os protagonistas na economia. E é isso que os credores ainda não vêem que esteja a acontecer neste país.
É verdade que as situações da Irlanda e de Portugal são muito diferentes. A nossa não é (ainda) aflitiva e imediata e o tamanho relativo dos problemas também difere muito: a ajuda à Irlanda nos próximos 3 anos (90 mil milhões de euros), comparada com o seu PIB, supera os 50%. As previsões (de mau agoiro) da dimensão do apoio que Portugal poderá ter de requerer à UE+ FMI+BCE não vão além dos 34 mil milhões (19% do PIB nacional).
Nos dois casos, tal como na Grécia, tem de dar-se um ajustamento brusco: a despesa nacional tem de ser reduzida para recolocar-se em linha com a produção nacional. Na Irlanda, o volume de capitais para recapitalizar os bancos do país a isso obriga; em Portugal, é a Balança de Bens e Serviços que tem de ver diminuídos os défices que, ano após ano, vem exibindo.
Isso só é possível diminuindo a parte de bens e serviços importados - os finais,que consumimos ou investimos, e os intermédios, que incorporamos nos produtos nacionais; e, simultaneamente, aumentando o valor realizado com as vendas para fora das fronteiras do País de bens e serviços made in Portugal. Toda a gente está consciente de que isto só se consegue progressivamente, porque exige mudanças de fundo em milhares de empresas e no funcionamento de milhares de unidades de serviço público. Nesse sentido, não sendo um problema focado num só sector, como no caso da banca irlandesa, exige uma estratégia muito mais abrangente, que envolva todos os protagonistas na economia. E é isso que os credores ainda não vêem que esteja a acontecer neste país.
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