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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Escuta avassaladora leva mais seis à CPI



Negócio PT/TVI

Escuta avassaladora leva mais seis à CPI

por MARINA MARQUES e RUI PEDRO ANTUNESHoje


Após consulta das escutas, PSD decidiu chamar à comissão José Maria Ricciardi, João Carlos Silva e Paulo Penedos.

As escutas do processo "Face Oculta" que chegaram à Comissão de Inquérito ao negócio PT/TVI deram um novo fôlego ao PSD, que exigiu mais três audições na reunião de ontem. Segundo soube o DN, a "escuta avassaladora" - como a classificou Pacheco Pereira - mostra a forma como o financiamento da operação estava a ser montado e fala no afastamento de José Eduardo Moniz e Manuela Moura Guedes da TVI.

Terá sido uma conversa entre Rui Pedro Soares e Armando Vara, a 21 de Junho de 2009, que levou os sociais-democratas a chamar o presidente do BES Investimento, José Maria Ricciardi, o ex--administrador da Taguspark, João Carlos Silva, para além de pedir o regresso do ex-consultor jurídico da PT Paulo Penedos.

Nessa intercepção telefónica, Rui Pedro Soares diz a Vara que a Caixa Geral de Depósitos não podia financiar o negócio, passando por isso a solução pelo BES Investimento. A conversação (produto n.º 460), segundo soube o DN, refere o planeamento de uma conferência de imprensa para anunciar o negócio, com a presença de Zeinal Bava, José Maria Ricciardi e Manuel Polanco. Daí que o PSD tenha chamado o administrador do BESI e esteja a ponderar nova audição de Bava, Polanco e também de Armando Vara, que, recorde-se, é o alvo da "escuta avassaladora".

No documento, a que apenas Pacheco Pereira acedeu, são também apontados os valores do negócio que o BES, alegadamente, iria financiar: 115 milhões por 33% da Media Capital.

Logo no início da reunião de ontem da CPI, Pacheco Pereira - que se refugiou na confidencialidade para não aprofundar tudo o que sabia - revelou que "o documento contém uma descrição detalhada de um negócio conduzido politicamente com o objectivo de mudar a linha editorial da TVI".

Embora sem citar directamente as escutas, Pacheco Pereira afirmou que "o negócio era do conhecimento do primeiro-ministro e não apenas da iniciativa de uma personagem (Rui Pedro Soares)" e que "as referências vão desde a ida de José Eduardo Moniz para o Benfica até à compra do Correio da Manhã".

Referências que, sabe o DN, constam da conversa entre Rui Pedro Soares e Armando Vara a 21 de Junho de 2009. Aí, Vara questiona Rui Pedro Soares sobre a situação de Moniz e Manuela Moura Guedes na TVI. Ao que o ex-administrador da PT responde com a revelação de não ter sido alheio à possível candidatura de Moniz à liderança do Benfica.

Pacheco Pereira referiu ainda, com base nas escutas, que "houve directamente uma tentativa de ocultar o negócio e a consciência de que os seus resultados podiam ter consequências políticas negativas para quem o conduzia".

A posição de Pacheco Pereira foi prontamente contestada pelo coordenador dos socialistas, Ricardo Rodrigues, que considerou "politicamente legítima, mas reprovável a intervenção". Para este, as considerações do deputado do PSD "não passam da sua interpretação política sobre as escutas".

Ontem, ficou por agendar uma reunião da Comissão de Inquérito à porta fechada para discussão do conteúdo das escutas. Caso a reunião exista, apenas com essa ordem de trabalhos, a deputada do CDS-PP Cecília Meireles já garantiu que não vai estar presente. Bloco de Esquerda e PS ainda não tomaram uma decisão e o PCP só amanhã irá consultar as escutas.

O DN contactou José Maria Ricciardi que não quis comentar a chamada para depor na Comissão de Inquérito.

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