É um castelo imponente numa paisagem verdadeiramente encantadora.
O castelo mais antigo de Portugal encontra-se em
Montemor-o-Velho. Fique a conhecer bem esta atração e outras presentes nestas
terras.
Existem destinos turísticos fantásticos de norte a sul
do país. Há atrações encantadoras escondidas em cidades, vilas e aldeias que se
encontram em diferentes pontos de Portugal, por vezes em locais remotos.
Existem pontes medievais, igrejas, mosteiros,
conventos e até castelos. Há castelos que se destacam pela sua imponência,
outros que se destacam pela sua beleza, outros que se destacam pela sua
antiguidade.
O Castelo de Montemor-o-Velho é um exemplar que tem
isso tudo. É o ex-libris de um local que tem um conjunto de atrações
fantástico, por isso é merecedor de uma visita sua.
Montemor-o-Velho, o castelo mais antigo de Portugal
Localização
O belo concelho de Montemor-o-Velho encontra-se
presente no centro de Portugal e integra o distrito de Coimbra. Este concelho faz parte do Baixo Mondego e beneficia
de condições fantásticas. É uma região privilegiada em atrações turísticas.
Montemor-o-Velho é um destino com grande valor cultural. Além de deter uma história rica, apresenta um património natural encantador. No entanto, há uma atração especial, o seu castelo é a construção do género mais antiga do país.
Principais atrações
Este castelo é imponente e trata-se mesmo da maior
fortificação do Mondego. Esta é uma atração fantástica para toda a região, o
ex-libris da Montemor-o-Velho. Esta fortificação reivindica protagonismo numa paisagem
verdadeiramente encantadora.
Beleza
O Castelo de Montemor-o-Velho é uma das mais belas
fortificações do país. Esta construção está presente num cenário distinto e
incomum. Encontra-se cercado pelos extensos arrozais.
Por isso, a paisagem fica marcada por um tom ora azulado, por vezes verdejante, outras vezes amarelado. Neste cenário deslumbrante, cresce o Arroz Carolino do Baixo Mondego, conhecido por ser um arroz muito versátil e bem saboroso.
Características do Castelo de Montemor-o-Velho
O castelo de Montemor-o-Velho é o resultado de uma
lenta evolução. Ao longo do tempo, foi realizado um conjunto de melhoramentos
que levaram a ter o aspeto que vemos hoje.
O Castelo de Montemor-o-Velho apresenta planta
irregular, aproximadamente ovalada. É uma fortificação formada por castelejo
original, espaço onde se implantou a torre de menagem que visou proteger a
entrada principal, com um amplo recinto muralhado.
Ao longo da muralha, estão erguidas diversas torres.
Entre elas destacam-se algumas quadrangulares e de grande porte, existindo
também outras de perfil semicircular, mas são menores.
A extensa barbacã envolvente e o chamado cercado norte
completam o conjunto apresentado pelo Castelo de Montemor-o-Velho. No interior
do castelo, é possível encontrar a Igreja de Nossa Senhora da Alcáçova
(construção religiosa de planta longitudinal com três naves de 5 tramos), além
de 3 capelas absidais, estando ainda presentes no local Paço das Infantas,
torre do relógio, Capela de S. João (extinta).
Posicionamento estratégico
Montemor-o-Velho está localizado numa posição
privilegiada. A sua posição estratégica fez com que esta fortificação fosse
particularmente cobiçada tanto pelas forças cristãs, como pelas muçulmanas.
Por isso, ao longo da história, este castelo serviu de palco para diversos combates. Por exemplo, foram travados por ali combates no âmbito da Reconquista. Esta realidade fez com que o castelo mudasse de mãos com rapidez.
História do Castelo de Montemor-o-Velho
Esta é uma construção de origem muçulmana. Em
documentação que remonta ao século X, Montmayur é descrita como uma poderosa
fortaleza. Em 990, Almançor (militar e político do Al-Andalus) tomou o Castelo.
Mais tarde, em 1006, o castelo foi reconquistado por Mendo Luz.
Com a conquista definitiva de Coimbra pelas tropas de
Fernando Magno [1016-1065], rei de Leão, a partir de 1064, a situação
estabilizou. Contudo, em 1116-1117 voltou a ser atacado pelas hostes
muçulmanas. No final do século XI, foi reedificado por Afonso VI de Castela. D.
Teresa e seu filho, D. Afonso Henriques, foram responsáveis pelas novas
reformas realizadas no Castelo em 1109. Mais tarde, o Infante D. Pedro mandou-o
ampliar.
O Castelo teve uma reforma geral no século XIV. Também
realizaram obras de reconstrução no séc. XX. Desde o ano de 1910 que este castelo
está classificado como Monumento Nacional (conferir Decreto de 16-06-1910, DG
n.º 136 de 23 junho 1910). Mais recentemente, já na década de 90 do século XX,
foi instalada uma casa de chá que ficou localizada entre os muros que restam do
Paço das Infantas. Esta obra foi da responsabilidade do Arquiteto João Mendes
Ribeiro.
O papel
Após D. Afonso VI ter entregado Montemor-o-Velho a D. Sesnando
Davides em 1071, foi dada a missão de povoamento. Foram dadas as instruções a
D. Sesnando Davides para que este povoasse a região. Desta forma, foram
atraídos clérigos e leigos que edificaram no espaço igrejas e casas e as hortas
e vinhas também enriqueceram o local.
Nesta época, foi realizada uma profunda remodelação da
fortaleza. Montemor-o-Velho tornou-se numa peça fundamental na linha de
castelos que, em conjunto, de forma articulada, asseguravam a defesa de Coimbra.
No caso do castelo de Montemor-o-Velho, havia o papel
de defender a região do Mondego, pondo um fim a eventuais incursões inimigas
vindas por mar.
Coordenadas GPS: 40.17521726675916 N, -8.683919906616211 O.
Horário de funcionamento:
Todos os dias
Horário de Inverno (novembro a fevereiro): das 9h30 às
17h30.
Horário de verão (março a outubro): das 10h às 18h30.
Antiguidade
Este castelo é tido como o mais antigo de Portugal. No
entanto, acaba por ser difícil responder a esta questão com o rigor desejado,
face à escassez documental. A certeza sobre essa questão encontra-se “perdida”
no tempo. É possível encontrar várias fontes mais recentes que defendem que o
Castelo de Montemor-o-Velho se trata do castelo mais antigo do país.
Este será provavelmente o castelo mais antigo de Portugal, embora, não se possa assegurar com certeza. Certo é que se trata de uma fortificação encantadora que carrega em si séculos de história.
Ligação com história de Pedro & Inês
Este castelo serviu de palco a uma decisão que traçou
o destino de uma relação digna de William Shakespeare, um Romeu e Julieta à
portuguesa. A relação de amor de Pedro e de Inês encantou
sucessivas gerações e ficou para a história como um relacionamento trágico e
inspirador. Foi no interior das muralhas que se tomou a decisão de assassinar
Inês de Castro.
Inês era uma jovem muito bela que chamou a atenção de
D. Pedro. Iniciaram uma relação enquanto este estava casado com D. Constança.
Inês era aia de D. Constança. Com o objetivo de acabar com a relação iniciada
entre Inês e o seu marido, D. Constança convidou Inês para madrinha de D. Luís,
seu filho. No entanto, D. Luís morreu uma semana depois de nascer, em 1340. D.
Constança faleceu anos mais tarde, em 1345, após dar à luz D. Fernando.
D. Pedro ficou viúvo e assumiu o concubinato com
Inês, algo que escandalizou a corte. A relação com Inês foi muito mal recebida
pelo povo. Portugal encontrava-se assolado pela Peste Negra e a relação era
vista pelos portugueses como uma manifestação de desinteresse de D. Pedro para
com os assuntos do governo. D. Pedro viveu com Inês durante vários anos,
indiferente ao que o povo achava das suas ações.
Foi no ano de 1355 que o pai de D. Pedro se reuniu com
os seus conselheiros, Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco. O
rei Afonso IV estava contra a união do seu filho com Inês de Castro. Segundo a
opinião do rei e dos conselheiros, a relação do casal constituía um perigo para
a política portuguesa.
D. Pedro já vivia com Inês há bastante tempo e já
tinha tido com ela quatro bastardos. Essa realidade poderia ameaçar a
independência do país. D. Pedro estava destinado a ser rei e, se D. Inês se
tornasse um dia rainha, havia o receio de que os irmãos de D. Inês pudessem
atentar contra a vida do legítimo herdeiro ao trono, o infante D. Fernando (que
veio a tornar-se o último rei da Dinastia Afonsina).
Por isso, decidiu-se que a solução passava pelo
assassinato de Inês. Foi no dia 6 de janeiro de 1355 que Inês foi condenada à
morte num julgamento sumário que decorreu no Castelo de Montemor-o-Velho.
No dia seguinte, D. Afonso IV chegou a Coimbra, na
companhia dos seus conselheiros armados. A morte de Inês concretizou-se no dia
7 de janeiro de 1355, no Paço de Santa Clara, em Coimbra. Inês foi degolada em
Coimbra, num momento em que D. Pedro andava à caça. D. Pedro revoltou-se contra
o seu pai e iniciou-se uma guerra civil. Após meses de conflito, coube à rainha
D. Beatriz intervir e conseguiu selar um acordo de paz, em agosto de 1355.
D. Afonso IV morreu em 1357 e D. Pedro subiu ao trono.
Nesse momento o novo rei procurou vingar-se dos assassinos de D. Inês. Em junho
de 1360, o Rei D. Pedro declarou em Cantanhede, perante testemunhas, que se
teria casado com D. Inês, em 1354, secretamente, legitimando assim os filhos do
casal e legalizando a relação com Inês.
D. Pedro conseguiu vingar-se, pelo menos em parte.
Primeiro, pediu a extradição de Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves. Os dois homens
foram apanhados e executados em Santarém. D. Pedro ordenou ao carrasco que se
retirasse o coração pelo peito a Pêro Coelho, enquanto o coração de Álvaro
Gonçalves foi arrancado pelas costas. Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar da
sede de vingança de D. Pedro, após fugir para Aragão e encontrar refúgio em
França.
D. Pedro ficou com o cognome de “O Cruel”. D. Pedro mandou construir em Alcobaça um túmulo destinado a recolher os restos mortais de D. Inês de Castro, a sua eterna amada. O corpo de Inês foi então transladado. Passou do Mosteiro de Santa Clara de Coimbra para o Mosteiro de Alcobaça. No momento foi realizado um cortejo composto por mais de mil homens e mulheres com velas acesas.
A lenda
Diz-se que D. Pedro mandou colocar o cadáver de D. Inês
num trono. Além disso, colocou a coroa real sobre o crânio dos restos mortais
de Inês e obrigou todos os nobres a beijarem a mão do cadáver, algo que
fizeram, pois encontravam-se sob ameaça de morte. Por isso, diz-se que Inês foi
rainha depois de morta. D. Pedro faleceu a janeiro de 1367.
No seu testamento, estavam dadas indicações para que o
seu cadáver fosse levado para Alcobaça e fosse colocado no túmulo que mandara
construir junto ao de D. Inês de Castro. Os túmulos ainda hoje permanecem
juntos, colocados frente a frente. Uma posição que permite que “possam olhar-se
nos olhos, quando despertarem no dia do juízo final”, como reza a lenda.
Igreja de Santa Maria da Alcáçova
Esta construção é uma invocação a Nossa Senhora da
Assunção. A Igreja de Santa Maria da Alcáçova está presente perto do muro
interior do castelo, na parte sul. Este templo foi mandado edificar em 1090,
pelo Presbítero Vermudo, por ordem do Conde D. Sesnando.
No entanto, foi reedificada definitivamente no
primeiro quartel do século XVI, numa obra que ficou a cargo do arquiteto
Francisco Pires, sob a ordem do bispo-conde D. Jorge de Almeida.
Convento de Nossa Senhora dos Anjos
Esta casa conventual teve origem numa pequena ermida
que pertenceu a Diogo da Azambuja. No séc. XX, foi intervencionado e
classificado como Monumento Nacional. A planta deste espaço é composta por
igreja, sacristia, cozinha, refeitório, claustro, sala do capítulo, celas,
portaria e outras dependências.
Capela de São João Batista
O edifício atual é resultado de uma reforma do século
XVIII. A torre sineira, de forma bolbosa, foi alterada no século XIX. A torre
sineira apresenta dois sinos: um deles está datado de 1879 e é proveniente do
fundidor Joaquim Dias de Campos, enquanto o outro sino foi fundido no mesmo ano
por Sorrilha.
Capela de Santo António de Montemor-o-Velho
Este templo situa-se no castelo, junto à torre do relógio. Atualmente, a capela encontra-se em avançado estado de degradação, está destelhada e reduzida às paredes.
Sem comentários:
Enviar um comentário