Sócrates compra carro Mercedes-Benz de luxo mas vai para a RTP de Volkswagen
alugado. Veja alguns escândalos
Descaradamente José Sócrates deixou seu Mercedes-Benz
com o motorista e foi para a TV “modestamente” num VW Golf, alugado…
José Sócrates comprou um Mercedes-Benz classe S 250 CDI em primeira
mão, no valor de 95 mil euros, mas quinta-feira à noite, porém, o
ex-primeiro-ministro deixou o carro de luxo com o motorista e apresentou-se na
RTP, para a sua primeira entrevista desde que regressou de Paris, ao volante de
um Volkswagen Golf alugado.
Sócrates adquiriu o Mercedes, novo, em agosto de 2011 – pouco depois de ter
sido derrotado nas eleições de 5 de junho e de ter saído do Governo no dia 21
do mesmo mês. Mas na RTP, quarta – feira, afirmou: “A primeira coisa que fiz
quando saí de primeiro – ministro foi pedir ao meu banco um empréstimo para ir
viver um ano para Paris, sem nenhuma responsabilidade ao nível profissional.” O
ex-líder do PS não referiu, porém, ter contraído qualquer empréstimo para
comprar um classe S por 95 mil euros.
Isto apesar de, segundo as suas palavras, ter “uma única conta bancária há
mais de 25 anos” e nunca ter tido contas a prazo, nem ações, nem offshores, nem
contas no estrangeiro: “Fiz esse ano e meio de estudo [em Paris] e agora
recomecei a trabalhar.”
Sócrates falava do novo emprego como presidente do Conselho Consultivo para
a América Latina da farmacêutica Octapharma, que teve negócios de sucesso com o
seu governo.
José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, nascido a 6 de setembro de 1957,
cresceu na Covilhã com o seu pai, Fernando Pinto de Sousa, arquiteto que ajudou
a fundar o PSD naquela cidade. Tinha dois irmãos mais novos, um homem e uma
mulher, que já morreram.
A VIDA DE JOSÉ PINTO DE SOUSA
Foi secretário-geral do Partido Socialista de setembro de 2004 a julho de
2011 e primeiro-ministro entre 12 de março de 2005 e 21 de junho de 2011. Além
desses cargos, Sócrates foi secretário de Estado Adjunto do Ministério do
Ambiente e ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território no governo de
António Guterres, e um dos organizadores do campeonato de futebol UEFA
Euro’2004 em Portugal.
Ao longo da carreira política, foi acumulando casos, a começar pela
investigação ao licenciamento do Freeport, passando pela sua licenciatura em
engenharia, técnica ou civil, até ao seu envolvimento num plano de controlo da
comunicação social, apanhado em conversas com o amigo de longa data Armando
Vara.
PARIS CUSTA 15 MIL EUROS/MÊS
O ex-primeiro-ministro foi estudar para Paris, em 2011, quando perdeu as
eleições. Arrendou um apartamento no bairro 16, uma das zonas mais ricas da
cidade, onde as rendas começam nos sete mil euros, e pagava uma propina de 1083
euros na faculdade. A escola privada do filho custava mais dois mil. Apreciador
de restaurantes de luxo, com vinhos que custam 200 euros, as despesas mensais
da vida de Sócrates em Paris atingia os 15 mil euros.
CASOS SUSPEITOS
ASSINA CASAS DE GOSTO DUVIDOSO NA GUARDA: Nos anos 80, José Sócrates assinou
vários projetos de casas, de gosto duvidoso, no concelho da Guarda, havendo, no
entanto, suspeitas sobre a real autoria dos mesmos. Suspeita-se de que não foi
o engenheiro técnico da Covilhã a realizá-los.
FAVORECIMENTO A EMPRESA INVESTIGADO: Sócrates era secretário de Estado
do Ambiente, em 1996, e foi o responsável político pelo lançamento do projeto
do aterro da Cova da Beira. Foi investigado por suspeitas de favorecer a
empresa do seu antigo professor António Morais, que foi acusado.
DCIAP INVESTIGOU LICENCIATURA NA UNI: A licenciatura em engenharia civil
na Universidade Independente (UnI), com notas lançadas ao domingo e quase todas
as cadeiras dadas por António Morais, que foi arguido no processo Cova da
Beira, foi investigada pelo DCIAP, que arquivou.
SUSPEITO DE EXIGIR 500 MIL CONTOS: A investigação ao licenciamento do
Freeport visou Sócrates, pelas decisões como ministro do Ambiente, mas nunca
foi acusado. Em tribunal, testemunhas garantiram que Sócrates exigiu 500 mil
contos (2,5 milhões de euros) para viabilizar o outlet.
ATENTADO CONTRA O ESTADO DE DIREITO: Nas escutas a Armando Vara, José
Sócrates foi apanhado a delinear um plano de controlo da comunicação social. O
procurador da comarca do Baixo Vouga quis acusá-lo de atentado contra o Estado
de Direito, mas a então PGR, Pinto Monteiro, travou.
FARMACÊUTICA VENDE POR AJUSTES DIRETOS: Sócrates preside desde janeiro ao
Conselho Consultivo para a América Latina da Octapharma, farmacêutica que
controla o mercado dos derivados do plasma de sangue e que desde 2008 pode
vender aos hospitais públicos por ajuste direto.
DEZ PERGUNTAS PARA JOSÉ SÓCRATES
1 Manipulou as cúpulas do Ministério Público e da magistratura nos processos
da Cova da Beira, Freeport e Face Oculta?
2 Consegue provar que nunca teve na sua posse, ou na dos seus colaboradores,
o despacho do PGR Pinto Monteiro que o tirou do processo Face Oculta antes de
ele ser enviado para os autos?
3 É verdade que tentou controlar toda a comunicação social portuguesa,
como indiciam as escutas do processo Face Oculta?
4 Não se sente corresponsável pelas imparidades da Caixa Geral de
Depósitos e pelos abusos na concessão de crédito especulativo do banco público?
5 Não se sente responsável pelas imparidades de centenas de milhões de
euros concedidos a empresários amigos pela Caixa e outros bancos privados no
assalto ao poder do BCP?
6 Se não tinha poupanças e não tem rendimentos, como é que comprou o
Mercedes em 2011?
7 Como é que a CGD lhe dá um empréstimo para ficar em Paris sem
garantias?
8 Como é que a sua mãe comprou a casa em Lisboa através de uma offshore?
9 Como é que arranjou dinheiro para comprar a casa num prédio de referência
em Lisboa e como é que justifica o facto de o seu apartamento ter custado
metade de outro idêntico vendido a outro comprador?
10 Nunca tomou decisões no governo que envolvessem a farmacêutica que
agora o contratou?
“ESTOU BEM, OBRIGADO E MUITO OCUPADO”
O CM tentou ontem contactar José Sócrates para que
respondesse às questões, mas este não se mostrou disponível. Só ao terceiro
telefonema atendeu a chamada, mas limitou-se a dizer: “Estou bem, obrigado, e
muito ocupado.” A CMTV deslocou-se também ao prédio onde tem
um apartamento em Lisboa e tocou à porta, mas ninguém atendeu.
CAVACO CONTRA “RETÓRICA VAZIA”
O Chefe de Estado, Cavaco Silva, não deu resposta direta aos ataques do ex-primeiro
– ministro José Sócrates, mas fez questão de escrever ontem no Facebook [30/03/2013] que “não é através de uma retórica inflamada e vazia
de conteúdo que se defende o interesse nacional e se contribui para a
recuperação económica e para o combate ao desemprego”. E destacou as empresas
que visitou esta semana.
SEGURO FICA EM SILÊNCIO
Os socialistas Francisco Assis e José Junqueiro vieram ontem [30/03/2013] defender a entrevista do antigo primeiro-ministro.
Assis acredita que Sócrates não criará problemas à direção do PS e Junqueiro
diz que o ex-líder elogiou o partido. Já António José Seguro, que foi visado na
entrevista, ainda que indiretamente, mantém-se em silêncio. Fonte socialista
justifica com uma gripe, que o obriga a repousar em casa.
DO ‘PÚBLICO’ PARA RTP APÓS CASO ESCUTAS
Paulo Ferreira trocou o ‘Público’ pela RTP três meses após o diário
noticiar que a Presidência da República suspeitava de escutas por parte do
governo socialista, liderado por José Sócrates. Uma notícia que surgiu em plena
campanha eleitoral. Em novembro de 2009, o atual diretor de Informação da RTP
entrou no canal como editor da Economia, cargo que ocupou até substituir Nuno
Santos à frente da Informação da RTP, em dezembro de 2012.
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