Segundo se sabe, muito parcialmente, porque o Governo
recusa prestar os esclarecimentos cabais dos contratos feitos com os
respectivos privados, tem de fazer-se uma pergunta: segundo os 1.500 euros
(mais IVA) à hora pagos a cada helicóptero privado, por acaso, não interessará
a estas empresas, ou a quem os sub-contrata, que arda o maior número e a maior
área de floresta possíveis e pelo maior período de tempo?
Isto é simples, é uma conta de mera aritmética: quanto
mais fogos e mais tempo durarem os incêndios mais estas empresas privadas
lucram!
O que nós sabemos é que estas empresas privadas que
ainda há bem pouco tempo tinham que alugar os seus meios aéreos a empresas
estrangeiras, agora já têm enormes frotas próprias de helicópteros, hangares e
pavilhões seus, feitos novos e de raiz, e até já possuem aeródromos seus.
Por Sérgio Passos - euacuso2013
E nem falamos aqui de ex-ministros, secretários de estado e altos chefes de serviços públicos, ligados às florestas, à protecção civil e aos bombeiros, que adquiriram fortunas súbitas e que passaram ostentar sinais de riqueza fácil e recente de um dia para o outro.
E porque é que, afinal, o Estado não
entrega a actividade e a função de apagar os fogos ao Exército e à Força Aérea,
que é uma actividade fundamentalmente de Segurança e Defesa nacionais, tal qual
como é o da protecção das nossas fronteiras, dos recursos marítimos ou do mar,
ou, e não se vê qualquer diferença, como a da segurança interna pública de
pessoas e bens?
Ora, se antes, aos finais dos anos 80,
até era mesmo a Força Aérea que combatia com sucesso, aliás assinalável, os
incêndios, e possuindo meios e gente formada para tal, que só custam a sua
despesa de funcionamento, porque é que deixaram de o fazer e passou-se a
entregar esta função, agora com lucros, aos privados?
E quem é que fiscaliza se estas empresas
e os seus meios aéreos apagam competentemente os fogos? Se o fazem com a
qualidade necessária? Ou se empregam todo o seu esforço e competência para tal?
Como se fazem os contratos e como são avaliados os concursos? Etc., etc.
E porque é que os sucessivos Governos
não mostram nem sequer publicamente os contratos e não revelam os seus
contornos e, tão-pouco, mostram os valores pagos aos privados e os critérios
para tanto?
Porque é que os sucessivos Governos têm
cortado verbas na prevenção florestal, extinguiram a função de guardas florestais,
ou não apoiando e incentivados os pequenos produtores florestais privados,
portanto os maiores proprietários da mata nacional, para tratarem e cuidarem da
sua floresta, ou tomarem-se medidas antecipadas para proteger e defender
previamente as florestas e os recursos naturais?
Ou seja, porque é que o Governo não
incentiva a protecção e cuidado com a floresta, ou seja prevenindo e diminuindo
os fogos antes da época dos incêndios, mas, de ano para ano, e em vez da
prevenção, cada vez mais gasta mais com meios e despesa no combate aos fogos
que, continuam a piorar e cada vez mais destroem os recursos nacionais, encurta
a floresta e empobrecem o país?
E porque é que a própria floresta da
propriedade do Estado também está vetada ao seu completo abandono?
Já agora, a frota de 10 a 15 aviões Canadair, meio essencial para combater os fogos e sempre reclamada pelos peritos e bombeiros, orçados em cerca de 200 milhões de euros, porque é que nunca foi adquirida e, ao invés, os Governos deixam a floresta nacional continua a ser destruída facilmente por esta grosseira e criminosa negligência?
Só no verão de 2013 terão ardido da
floresta recursos equivalentes de mais de 100 milhões de euros.
Estas são demasiadas e sérias dúvidas,
graves interrogações, muitas incertezas, demasiadas ambiguidades e muitas
nuvens e, de certeza, permitindo-se demasiados e destrutivos fogos que ardem
descontroladamente.
O que sabemos é o lucrativo é
concessionado aos privados, mas tudo o que dá prejuízo é suportado pelo Estado
e pelo dinheiro dos contribuintes.
Afinal, isto cheira mesmo muito a
esturro!
ACTUALIZAÇÃO 23-05-2015
Cinco helicópteros Kamov para combate a incêndios estão parados.
A Autoridade Nacional de Protecção Civil
justifica a paragem com a obrigatória avaliação dos meios por parte da empresa
que ganhou o concurso público de operação e manutenção dos aparelhos.
Espera-se que a curto prazo seja
possível usar dois ou três dos helicópteros, mas só a 1 de Julho, no início da
fase mais crítica de incêndios, se prevê que os cinco Kamov estejam
operacionais.
Ainda assim, a Protecção Civil diz que o
dispositivo actual foi reforçado com mais quatro helicópteros ligeiros e com
mais pessoal e viaturas em maior grau de prontidão. SIC-N
Artigo retirado daqui
Para todos aqueles que desconhecem a verdade, a prova está nas fotos abaixo onde o sistema MAFFS e C-130 estão lado a lado... Nos anos 80 e 90 a Força Aérea Portuguesa combatia os incêndios com o C-130 Hercules, o sistema MAFFS e o Helicóptero AL III.
A FAP foi forçada pelos governos corruptos a desistir de apoiar as populações... em detrimento de privados e outros interesses obscuros...
(Alguém se deu a muito trabalho para fazer desaparecer estas fotos, felizmente a internet não tem memória curta)
- Eis algumas hipóteses sem preocupação de hierarquia:
- (...)
- Nessa altura, cremos que em 1997, o Secretário de Estado Armando Vara entendeu (vá-se lá saber porquê!)[1] , que não competia à FA intervir nos incêndios mas sim que deveriam ser contratadas empresas civis. Compreende-se mal esta atitude a não ser pela sanha existente por parte da maioria dos políticos em menorizar os militares e as Forças Armadas. Certo é, também, que a FA não paga comissões.(...)
Finalmente os meios aéreos. Somos de opinião que os meios de combate a incêndios devem estar na FA. Só quando estes forem insuficientes se devem alugar outros. Haverá apenas que compatibilizar as exigências e sazonalidade desses meios com as condicionantes operacionais e de dispositivo militar. Mas isso não parece ser obstáculo intransponível. Acordos de cooperação entre países amigos poderão e deverão ser feitos para optimizar os recursos.
Os incêndios são a todos os títulos uma calamidade para Portugal que se repetem numa cadência previsível.
Por isso não se entende o descaso, a incompetência e a falta de vontade política que os sucessivos governos têm demonstrado face a tão gravosa situação. Parece que criámos um sistema político e uma sociedade que convive com todos os problemas e tolera todos os vícios. E não resolve nenhum.
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[1] Apesar de constar nas missões secundárias da FA e o secretário de estado não ter competência para as mudar...
Artigo retirado daqui
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