O Porto é genuíno. Não há paciência para os que não dão umas boas-vindas calorosas e não possuem as boas regras gastronómicas das pessoas do Norte de Portugal. O Porto é uma bolha que conserva a comida e o vinho que poderia encontrar há uns 50 anos atrás numa pequena aldeia portuguesa.
As famosas sandes da Flor dos Congregados.
Travessa dos Congregados 11, +352 22 2002822
Este restaurante com 162 anos foi um
dos primeiros a existir na baixa portuense e ainda é gerido pela mesma família,
a Dourado. Aqui pode experimentar uma das sanduíches mais saborosas do Porto:
a Terylene. Trata-se uma sanduíche dupla com lombo de carne guisada e
presunto defumado, e que leva mais de 24 horas a ser preparada. Sim, leu bem,
mais de um dia! O lombo de porco é marinado em vinho, alho, cebolas, tomates,
alecrim, oregãos, malaguetas e leva um toque de magia que dura mais de 20
horas. A seguir é assado num forno de lenha durante mais de 3 horas... No final
é servido numa sanduíche dupla, com o lombo de porco na base e o presunto
defumado por cima. É a versão portuense de comida lenta (slow food). Acompanhe
com um copo de vinho da Bairrada.
Se quiser perceber plenamente a
gastronomia portuguesa terá de visitar este sítio obrigatoriamente. Porquê?
Fácil. Porque neste pequeno restaurante gerido por uma família, poderá
experimentar petiscos únicos que caracterizam a gastronomia do Norte de
Portugal. Desde perna de cabrito assada, dobradinha, pato assado e à jóia da
coroa: arroz de cabidela – guisado de galinha caseira com arroz, temperado com
o sangue da mesma, e vinagre. Não soa tão bem com sabe, mas acreditem, é uma
verdadeira delícia. Para experimentar este manjar dos deuses, tem de encomendar
o prato com dois dias de antecedência, pois a galinha está na quinta dos donos,
Rodrigo e Maria Rosa, em Amarante (a 60km do Porto). Tudo em nome de comida com
qualidade! O sentimento familiar é fortemente cultivado e os clientes mais
fiéis até têm os seus nomes bordados nos guardanapos.
A salada de polvo da Adega Quim.
Rua da Madeira 226-230, +351 222433146
A Adega Quim é um pequeno espaço aberto há 50
anos e é um "porto seguro" para aos viajantes famintos que chegam à
estação de comboios de São Bento. Aqui os petiscos e as sandes dominam as
opções do menu. Os panados - a versão portuguesa do schnitzel de
Viena -, e claro, a omnipresente salada de polvo – polvo cozido, pimentos
verdes e vermelhos, cebola, salsa e muito azeite. A minha sugestão é que se
sente ao balcão e que não se assuste se lhe derem uma caixa de palitos para
fazer de talheres. Se não for tão aventureiro, pode pedir para os petiscos
serem servidos dentro de uma carcaça para levar (a minha versão favorita). Abre
bastante cedo (às 6h00), por isso, se pernoitar, este é um bom sítio para ir.
Os filetes de polvo
fritos da Casa Aleixo.
Rua da Estação 216, +351 225370462
Se perguntar a algum
local onde pode comer os melhores filetes de polvo fritos, a resposta vai ser:
na Casa Aleixo. Virada para a estação de comboios de Campanhã, não há como não
ver e é um dever lá ir. Foi fundada por um senhor da Galiza, e depois comprada
por Ramiro Gonçalves, sendo agora gerida pelo seu filho, também Ramiro. O Sr.
Ramiro Gonçalves (pai) teve a ideia de fazer filetes de polvo fritos, e para
assegurar a máxima qualidade ia diariamente à Póvoa de Varzim (35km a Norte do
Porto) para comprar os polvos mais frescos. E a tradição mantém-se. Cada
refeição é preparada no “laboratório” (a cozinha) e o vinho vem da
"farmácia" (a adega). No final da refeição, será convidado
a deslocar-se à “sala da tortura” para tomar café e pagar a conta.
As iscas de bacalhau
da Tasca da Piedade.
Rua do Ouro 223, +351 226170206
O nome atual é Adega
Rio Douro (por estar virado para o rio), mas é conhecida por todos como Tasca
da Piedade, nome da proprietária. Esta tasca também é famosa pelo seu fado
vadio - música tradicional portuguesa cantada por não profissionais, todas as
terças à tarde, das 16h00 às 19h00. Enquanto ouve a música, pode experimentar
muitos petiscos portugueses, tal como moelas de galinha guisadas, croquetes de
carne, bifanas, e a jóia da coroa, iscas de bacalhau - lombo de bacalhau cozido
envolto numa omelete de salsa. A simbiose entre a comida e a música é
garantida, pois tudo aqui é feito com paixão. Se tiver sorte, ainda ouve o dono
a cantar alguns fados.
As bifanas picantes
da Conga.
Rua do Bonjardim 314-318, +351 22 2000113
Perto da Câmara do
Porto encontra-se a Conga, mais conhecida como a Casa das Bifanas, e está
aberta desde 1978. No menu pode encontrar muitas das delícias portuenses e
portuguesas, mas tem de experimentar a especialidade da casa: a bifana. É uma
sanduíche de carne de porco, em que a carne é cozinhada num molho especialmente
picante. Este molho é a parte mais importante desta iguaria e a sua
receita é um tesouro sagrado. Imagino que leve molho de tomate, cerveja, e uns
pimentões ultra-potentes. Se gosta de comida picante, este é o seu lugar.
Os rojões da Casa
Nanda.
Rua da Alegria 394, +351 22 5370575
A Casa Nanda
situa-se na rua da Alegria e começou por ser uma tasca. Aqui encontrará algumas
das tradições gastronómicas mais antigas do Porto. A chef Fernanda, cujo nome
está pendurado sobre a porta, é uma senhora adorável e uma cozinheira de
verdadeiro talento, que torna difícil deixar de fora qualquer prato do menu.
Mesmo assim, a minha escolha final vai para os rojões – cubos de porco fritos
com picles e batatas fritas. A carne é extremamente tenra e suculenta...
O cozido à
portuguesa da Adega Vila Meã.
Rua dos Caldeireiros 62, +351 222082967
O Sr. Armando e a
Sra. Francisca são os donos de uma das jóias escondidas da gastronomia
portuense – a Adega Vila Meã. O restaurante encontra-se perto da estação de
comboios de São Bento, e no seu interior poderá experimentar os
intensos sabores portugueses: desde bacalhau e vitela guisada, a filetes
de pescada fritos e porco grelhado. Além destas saborosas opções, o restaurante
é conhecido pelo seu cozido à portuguesa – um marco da cultura da cozinha
tradicional portuguesa. Este prato é preparado com carnes de primeira
qualidade: enchidos, vitela e galinha, barriga de porco, toucinho, todo o tipo
de carne fumada, e legumes, tais como couves, cenouras, nabos e
batatas. As doses são enormes, por isso, lembre-se que esta seja talvez a
única refeição do dia!
O queijo
"caganita" da Taberna do Largo.
Largo de São Domingos 69
Este lugar é
relativamente recente, pois abriu em fevereiro de 2013, e situa-se na Ribeira,
no Largo de São Domingos. Este restaurante ambiciona trazer para o Porto um
pouco de cada região de Portugal. O seu foco está em produtores de pequena
escala e em trabalhar diretamente com eles. As proprietárias, Joana e
Sofia, têm conseguido uma ampla seleção de comida típica de todo o país. Há
três coisas aqui que merecem atenção: o vinho, a muxama e o queijo. Muxama é
atum fumado que vem do Algarve e bastante difícil de encontrar no Porto.
Experimente com ovos mexidos e doce de tomate. A sua seleção de queijos cobre o
país inteiro, incluindo os Açores e o queijo picante de São Jorge. Para mim, um
dos queijos mais incríveis é o “caganita”. Um queijo amanteigado e saboroso de
Alcains e que é servido aqui com azeite quente e ervas.
As pataniscas da
Taberna Santo António.
Rua das Virtudes 32, +351 22 205 53 06
Este pequeno
restaurante familiar encontra-se ao lado de uma das mais bonitas vistas do
Porto, no Passeio das Virtudes, e é gerido pelo Sr. Vítor e pela Sra. Hermínia.
Toda a gente é tratada como família e a comida é feita com o coração. Língua de
vaca assada, alheira grelhada e iscas fritas em molho de cebola são alguns dos
muitos petiscos que a Sra. Hermínia prepara. Este é o melhor sítio do Porto
para: bacalhau, pataniscas e mousse de chocolate. As pataniscas são feitas de ovo,
salsa, farinha e bacalhau desfiado, e servidas com arroz de feijão. A
mousse de chocolate é feita todos os dias pelo Sr. Vítor, na hora em que o
último cliente sai do restaurante. Mas o que a torna tão especial? O facto de o
Sr. Vítor não usar nenhum auxílio elétrico para o fazer, e de a sua receita ser
um segredo dos deuses. Peça um shot de aguardente para
acompanhar a mousse e vai perceber porque é que esta sobremesa me deixa
louco.
FotoS: Nelson Carvalheiro
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