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terça-feira, 23 de julho de 2013

EVO MORALES E A VERDADEIRA DÍVIDA EXTERNA EUROPEIA



Esta é a exposição do presidente boliviano Evo Morales que me permiti traduzir para português utilizando como fonte um e-mail enviado por <espanol@other-news.info> que divulga notícias escamoteadas intencionalmente pelos vários meios de comunicação europeus e foi proferida em 30 de Junho de 2013 perante mais de uma centena de chefes de Estado e outros altos dignitários da União Europeia aos quais conseguiu incomodar seriamente.


Assim pois eu, Evo Morales, vim encontrar-me com os que celebram este encontro. Assim pois eu, descendente dos que povoaram a América há 40.000 anos, vim encontrar-me com os que a descobriram há somente 500 anos. Assim pois aqui nos encontramos todos. Sabemos o que somos e é o bastante. Nunca seremos outra coisa.

O irmão europeu da alfândega pede-me um papel escrito com o visto para que eu possa descobrir aqueles que me descobriram. O irmão europeu usurário exige-me que pague uma dívida contraída por Judas, a quem nunca dei autorização para vender-me. O burocrata legalista explica-me que toda a dívida se paga com juros mesmo que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Assim vos vou descobrindo.

Também eu posso reclamar pagamentos e também posso reclamar os juros dessas dívidas. Consta do Arquivo das Índias, escrito em papel preto no branco, com recibos assinados atrás de recibos assinados, que somente entre o ano de 1503 e 1660 chegaram a San Lúcar de Barrameda 185.000 quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Saqueio? Não posso acreditar porque isso equivaleria a pensar que os irmãos cristãos tinham faltado ao Sétimo Mandamento. Espoliação? Que Tanatzin me livre de imaginar que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do seu irmão! Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como o padre Bartolomé de las Casas, que qualifica o encontro como a destruição das Índias, ou a exagerados como Arturo Uslar Pietri que afirma que o arranque do capitalismo e da actual civilização europeia assentaram nessa inundação de metais preciosos.

Não! Esses 185.000 quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, facto que daria direito não só a exigir a sua imediata devolução mas também uma indemnização por perdas e danos. 

Eu, Evo Morales, prefiro pensar na menos ofensiva destas hipóteses. Tão fabulosa exportação de capitais não foram mais que o início dum plano "Marshalltesuma" para garantir a reconstrução da bárbara Europa, arruinada pelas suas deploráveis guerras contra a religião dos muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho quotidiano e de outras realizações superiores da civilização. 

Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário desse emprestimozito, podemos perguntar-nos: os irmãos europeus terão feito um uso racional, responsável ou pelo menos produtivo de valores tão generosamente adiantados pelo Fundo Indo-americano Internacional? Lamentamos verificar que não. No estratégico, gastaram-no nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem mais destino que acabarem ocupados pelas tropas americanas da OTAN, tal como aconteceu no Panamá mas sem canal.

No campo financeiro foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, de restituir tanto o capital como os juros e de se tornarem independentes do pagamento das rendas, das matérias-primas e da energia barata que lhes fornece todo o Terceiro Mundo. Este lamentável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, razão pela qual somos obrigados, para o seu próprio bem, a exigir-lhes o pagamento do capital e dos juros que tão generosamente demoramos séculos a cobrar.

Ao dizer isto esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar aos nossos irmãos europeus as vis e sanguinárias taxas de 20% e de 30% de juros que esses nossos irmãos europeus cobram aos povos do Terceiro Mundo. Vamos limitar-nos a exigir a devolução dos metais preciosos emprestados mais o juro módico de 10% acumulado apenas durante os últimos 300 anos, concedendo a graça do perdão de 200 anos. Sobre esta base e aplicando a fórmula europeia dos juros compostos, informamos os nossos descobridores que nos devem, como primeira parte da sua dívida, uma massa de 185.000 quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambos elevados à potência de 300. Isto significa um número que se exprime por 300 algarismos, superando amplamente o peso desses metais o peso total do planeta Terra.

Muito pesadas são essas moles de ouro e de prata. Quanto pesariam calculadas em sangue?


Acrescentar que a Europa, em meio milénio, não pôde criar riqueza suficiente para se libertar desse módico juro é admitir o seu absoluto fracasso financeiro e a demencial irracionalidade dos fundamentos do capitalismo. Desde logo tais questões metafísicas não nos inquietam a nós, indo-americanos. Mas temos de exigir que assinem uma Carta de Intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente obrigando-os a cumprir o compromisso mediante uma rápida privatização ou reconversão da Europa de modo a que nos seja entregue como a primeira prestação do pagamento da dívida histórica. 

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