António Baptista da Silva participou na última edição do 'Expresso da Meia Noite'. SIC avançou hoje a hipótese de se tratar de um burlãoFotografia © D.R.
Consultor do Banco Mundial, economista das Nações Unidas, professor catedrático. Artur Baptista da Silva será tudo isso ou algo completamente diferente?
Depois das umas primeiras declarações sobre os efeitos do plano de austeridade, Artur Baptista da Silva ganhou notoriedade, tendo sido convidado para entrevistas e programas de televisão, como o Expresso da Meia Noite, na SIC. Invocando a qualidade de economista do Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento, lançou várias críticas ao plano de ajustamento português.No telejornal desta noite a SIC avançou a suspeita de se tratar de um burlão. Uma investigação do Diário de Notícias, que pode ler amanhã na edição impressa do jornal e com desenvolvimentos no site, revela o verdadeiro Artur Baptista da Silva, cuja intervenção pública remonta a 1988.
Artur Baptista da Silva não é conhecido na ONU.Fotografia © Reinaldo Rodrigues/Global Imagens
Libertado da prisão em dezembro do ano passado, depois de ter cumprido, desde 1993, várias penas por burla, abuso de confiança e emissão de cheques sem cobertura, Artur Baptista da Silva não podia ser o consultor da ONU que, nos últimos dois meses, andou a divulgar um inexistente relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, de que ele dizia ser um coordenador) sobre Portugal, elaborado por um desconhecido Observatório Económico e Social das Nações Unidas para a Europa do Sul.O falso colaborador das Nações Unidas, que andou a divulgar um relatório sobre Portugal, dando entrevistas e conferências, tem uma série de processos por burla e apresenta-se como professor de uma inexistente universidade americana
Afinal, o inexistente colaborador da ONU - como o DN ontem confirmou junto das Nações Unidas -, o falso consultor do Banco Mundial, o homem que sempre se apresentou como sendo economista, a figura que deu entrevistas a diversos órgãos de comunicação social e foi orador convidado por instituições prestigiadas, continua a ser o "burlão encartado" como era conhecido, nos bastidores, quando foi presidente do conselho de fiscalização do Sporting, no tempo de Jorge Gonçalves.
O DN apurou diversas falsidades. Por exemplo, aquele "professor" não podia lecionar a cadeira de Social Economics na Milton Wisconsin University (como era apresentado no boletim do Grémio Literário, onde proferiu uma palestra), por um motivo simples: no estado norte-americano do Wisconsin existem 85 universidades e colleges (colégios superiores), mas nenhum com esse nome. Entre 1844 e 1982, funcionou em Milton, uma pequena localidade com cerca de 5000 habitantes, o Milton College, mas esse estabelecimento privado foi encerrado por lhe ter sido retirada a acreditação. Existe uma University of Wisconsin, que tem a área de Social Economics no seu polo de Madison, mas na página da instituição na Internet não se encontra qualquer referência a Artur Baptista da Silva.
E não faltam outras provas que desmentem o seu currículo, do plágio da tese ao inexistente prémio Feelings Awards, sem contar com o facilmente verificável facto de não existir nenhum deputado com o seu nome na Constituinte.
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