por DN.ptHoje
Oliveira Costa não foi
poupado por nenhuma das forças políticas.
A
primeira comissão parlamentar de inquérito ao caso BPN durou sete meses e
acabou sem consenso. Apenas o PS, então com maioria absoluta, aprovou o
relatório final e respetivas conclusões.
A
oposição queria a "cabeça" do governador do Banco de Portugal, Vítor
Constâncio, mas este saiu incólume do documento final. Já José Oliveira Costa
não foi poupado, sendo acusado pelos deputados de ter cometido diversos atos
ilícitos.
O
governador do Banco de Portugal,Vítor Constâncio, foi presidente do PS e não
tem razões de queixa do seu partido, pois os socialistas defenderam-no em quase
todas as circunstâncias.
por DN.ptHoje
Alberto Figueiredo, um
dos acionistas de referência do BPN, considera que supervisão falhou.
Foi um dos principais acionistas da SLN e certamente já fez as contas ao
"deve e haver": perdeu ou ganhou dinheiro com a SLN?
Não
sou um dos principais acionistas individuais do Grupo, sou um médio acionista. Só
apareço porque, após a saída de Oliveira Costa, fui eleito presidente do
Conselho de Administração da SLN/Valor, maior acionista da SLN. Quanto ao
perder dinheiro, perdi como perderam quase todos os acionistas do grupo,
excetuando os poucos que beneficiaram com negócios que tinham com o grupo.
Como avalia a gestão de José Oliveira Costa?
Uma
gestão centralizada, contra a qual me cheguei a opor, e que hoje após saber o
que sabemos, passamos a entender. Este tipo de gestão, num grupo com a dimensão
da SLN, permitiu que o sr. fizesse o que fez e permitiu que outros desonestos
se aproveitassem. Só ainda não entendi como tudo foi possível sem conhecimentos
dos vários órgãos que supervisionavam o grupo. Para mim existem muitas pessoas
coniventes, pois não é possível fazer tanto sem ninguém se aperceber. Chamo a
atenção para os excelentes resultados que o grupo sempre apresentou. Resultados
oficiais, auditados e supervisionados.
por DN.ptHoje
O agora eurodeputado
centrista Nuno Melo, mas que integrou a primeira comissão de inquérito, fala em
entrevista ao DN de todo o processo.
Consideram-no a "estrela" da primeira comissão de inquérito. É
justo?
Acho
muito lisonjeiro. Limitei-me a fazer o trabalho de casa, tive as minhas fontes,
consegui informação, trabalhei-a, selecionei-a. Tentei, em cada audição e para
cada facto que queria demonstrar, ter um suporte probatório. Chegaram a
acusar-nos de estarmos a pedir audições a metro, mas muitas dessas pessoas
eram, na verdade, operacionais daquilo que acabou por ser o BPN. Tinham mais
relevância e interesse do que chamar nomes sonantes por vezes sem informação.
Ao longo da comissão foram-lhe chegando vários documentos e teve encontros
com várias pessoas que lhe traziam informação. Porque o escolheram a si?
Como
fui conseguindo alguma informação, de início incipiente, às vezes documental,
penso que quem via os trabalhos da comissão achou que fosse o instrumento mais
eficaz para mostrar um ponto. Na verdade houve também pessoas que, estando
envolvidas na operacionalização da gestão do BPN, tinham diferentes
perspetivas. Portanto, se eu conseguia demonstrar algo em relação a um grupo de
pessoas, o outro grupo também queria mostrar o contraponto.
Houve algum documento/informação que, se tivesse usado, responsabilizaria
mais alguém? Houve...
Hoje
Trabalhos da segunda
comissão parlamentar de inquérito inciam-se quarta-feira, dia 2, sendo a
primeira a ser ouvida a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque.
A
Comissão Parlamentar de Inquérito ao Processo de Nacionalização, Gestão e
Alienação do Banco Português de Negócios S.A. só tomou este nome depois de
definido o âmbito alargado pelos grupos parlamentares, que abarca toda a
atividade desta entidade desde novembro de 2008, quando o Governo, então
liderado por José Sócrates, nacionalizou o BPN.
É a
própria resolução que ao criar esta comissão "estabelece uma convergência
dos objetivos definidos nos requerimentos apresentados pelos grupos
parlamentares do PSD e
CDS-PP e por deputados dos grupos parlamentares do PS, PCP, BE e PEV". Olhando para a génese da
comissão e propósitos enunciados pelas diferentes bancadas, percebe-se que esta
convergência enunciada esbarra no entendimento do que deve ser o foco da atenção
da comissão.
Não é
de estranhar que sociais-democratas e centristas alinhem, para inquirir já o
atual governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e o seu antecessor, Vítor
Constâncio, bem como o ministro das Finanças que decidiu a nacionalização,
Teixeira dos Santos, e o último presidente do BPN antes dessa nacionalização,
Miguel Cadilhe.
por DN.ptHoje
Ninguém é punido por
prestar declarações falsas em julgamento, de acordo com a lei em vigor. Por
isso, juiz responsável pelo processo que envolve Oliveira Costa considerou sem
interesse declarações à primeira comissão de inquérito.
Os
depoimentos da primeira comissão parlamentar de inquérito ao caso BPN, entre
dezembro de 2008 e julho de 2009, nenhuma utilidade vão ter para o
processo-crime em julgamento que envolve Oliveira Costa e mais 15 arguidos.
Os
depoimentos foram enviados à 4.ª vara criminal de Lisboa, mas o DN sabe que o
juiz aceitou o requerimento de um advogado de defesa a solicitar que seja
proibida a junção, leitura ou exibição das declarações no Parlamento por alguns
dos que estão a ser julgados.
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