por Manuel Carlos Freire22 Abril 2009
A Associação 25 de Abril (A25) vai participar na cerimónia oficial do
25 de Abril, apesar de presidida pelo Chefe de Estado, Cavaco Silva, a
quem responsabilizam pela promoção do coronel Jaime Neves a general.
“Não
é com atitudes provocatórias, divisionistas, perturbadoras da paz e da
estabilidade recuperadas entre os militares que se envolveram no
processo revolucionário do 25 de Abril, independentemente das diversas
posições então assumidas, que se comemora Abril”, disse a A25, num texto
enviado ontem ao DN.
No que é a primeira posição oficial da associação presidida pelo coronel Vasco Lourenço sobre a promoção de Jaime Neves, a A25 criticou o processo “não tanto pela importância do promovido, mas sim pela natureza do acto político perpetrado”.
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O país vai de carrinho
No que é a primeira posição oficial da associação presidida pelo coronel Vasco Lourenço sobre a promoção de Jaime Neves, a A25 criticou o processo “não tanto pela importância do promovido, mas sim pela natureza do acto político perpetrado”.
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O militar do 25 de Novembro está reformado em coronel, mas as chefias decidiram promovê-lo a general. Vasco Lourenço diz que "estão a ofender profundamente os militares de Abril".
Jaime Neves em 1975
Audaces Fortuna Juvat
Jaime Neves foi
promovido a major general - o segundo posto mais alto da carreira
militar - por proposta do Exército e com a aprovação das chefias de
todos os ramos das Forças Armadas.
O responsável pelo 25 de Novembro e um dos mais
medalhados comandos do Exército está reformado em coronel, desde os anos
80. As chefias militares consideraram que o seu "mérito e os serviços
prestados à Pátria" justificam a "promoção por distinção".
O ministro da Defesa deu o aval à proposta, que seguiu para Belém para ser confirmada pelo Presidente da República.
Esta prerrogativa, apesar de prevista no estatuto
militar, nunca até hoje foi utilizada para promover um oficial na
reforma e para mais a um posto de topo de carreira (o grau de marechal,
atribuído por exemplo a Spínola e a Costa Gomes, são honoríficos).
A promoção só se torna efectiva depois de aprovada pelo
ministro da Defesa e confirmada pelo Presidente da República, Chefe
Supremo das Forças Armadas. Segundo o Expresso apurou, o processo já
saiu do Gabinete do ministro da Defesa. Nuno Severiano Teixeira que
recusou qualquer declaração por considerar que "as promoções não são
objecto de comentário até chegarem ao seu término,".
"A promoção foi decidida em Conselho de Chefes de
Estado Maior, fundamentada em razões de natureza estritamente militar e
por unanimidade", acrescentou a porta-voz do Ministério.
A notícia da promoção de Jaime Neves está já a causar
grande polémica entre os militares, sobretudo por coincidir com as
celebrações do 35º aniversário do 25 de Abril. E as críticas são tanto
maiores quanto nenhum dos oficiais do 25 de Abril foi objecto de
tratamento idêntico.
Fonte militar afirmou ao Expresso que a iniciativa
surgiu porque se entendeu que "havia mérito, dadas as qualidade
operacionais demonstradas por Jaime Neve ao longo da sua carreira. O
general Loureiro dos Santos concorda com os elogios às qualidade
militares "em combate" reveladas por aquele antigo comando, que "esteve
sempre do lado certo na luta pela implantação da democracia em Portugal,
seja no 25 de Abril ou no 25 de Novembro".
No entanto, considera que, "aberto este precedente",
também devia ser distinguido Vasco Lourenço, actualmente coronel na
reforma, cujo contributo foi "relevantíssimo para a democracia".
Vasco Lourenço, capitão de Abril e presidente da
Associação 25 de Abril, critica duramente a "absolutamente inédita"
decisão de promover Jaime Neves. Em declarações ao Expresso, disse não
acreditar "que os responsáveis militares e políticos tenham tanta falta
de bom senso e de decoro".
"Não há qualquer razão, quer de natureza militar, quer
de natureza política, que justifique um decisão destas que vai contra
todas as regras", afirmou, acrescentando que "o curriculum militar de
Jaime Neves não o justifica. É um acto que indignifica o Exército e as
Forças Armadas".
O militar de Abril aproveita ainda para criticar os
responsáveis políticos, considerando que a promoção só se entende se
"quiserem refundir Abril, substituindo Salgueiro Maia por Jaime Neves.
Estão a hostilizar e a ofender profundamente os militares de Abril e o
próprio 25 de Abril", conclui.
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