Freitas desafia Eanes a dizer onde estão contas do Fundo do Ultramar
Fundador e ex-líder do CDS defendeu que o ex-chefe de Estado deve dizer onde estão os arquivos das contas do fundo que está no centro da comissão de inquéritoForam quase três horas de regresso ao passado. Não à noite de 4 de Dezembro de 1980, em que Sá Carneiro e Amaro da Costa morreram na queda do Cessna em Camarate - Diogo Freitas do Amaral não tem dúvidas de que "foi crime". Ontem, a conversa com os deputados da comissão de inquérito à tragédia de Camarate andou à volta do negócio das armas para o Iraque e o Irão, do nebuloso Fundo de Defesa Militar do Ultramar (FDMU) e a investigação judicial do caso e de Ramalho Eanes.
Com alguns lapsos de memória sobre um encontro com Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA, o antigo presidente do CDS fez um desafio a Ramalho Eanes, ex-presidente da República, que garantiu ter encerrado o polémico fundo. "Perguntem-lhe" onde estão os relatórios e contas do fundo que o antigo Presidente garantiu ter fechado em 1980.
É preciso explicar primeiro. Freitas, vice-primeiro-ministro em Dezembro de 1980, é autor do livro Camarate - um caso ainda em aberto que, em última análise, inspirou esta comissão de inquérito, a nona. Aí, levantava dúvidas sobre se o fundo, destinado a financiar a compra de armamento e material para a guerra colonial, terá mesmo sido extinto. Apesar de a lei garantir essa extinção, continuava a prever que o "saldo de gerência no fi- nal de cada ano económico transitará integralmente para o ano seguinte". Ainda o livro não tinha saído, em finais de 2010, e já Eanes, em artigo no DN, defendia que não. Tinha sido extinto por sua iniciativa, recusando problemas de contas num fundo que Amaro da Costa andava a investigar antes de morrer e que poderia explicar que fosse ele o alvo, e não Sá Carneiro, segundo os defensores da tese do atentado.
Exemplo de Palme
Ontem, já no final da reunião, Freitas do Amaral lembrou que, noutras declarações, o ex-Presidente admitira ter aprovado e mandado arquivar todas as contas com o carimbo de "confidencial". Como essas contas não estão na auditoria da Inspecção-Geral das Finanças (IGF) ao FDMU, então deve fazer-se a pergunta a Ramalho. "A minha convicção é que a comissão deve tentar descobrir onde os relatórios estão arquivados". Ou desapareceram ou a IGF não os encontrou. Eanes está na lista para ser ouvido na comissão. [mais aqui]
Com alguns lapsos de memória sobre um encontro com Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA, o antigo presidente do CDS fez um desafio a Ramalho Eanes, ex-presidente da República, que garantiu ter encerrado o polémico fundo. "Perguntem-lhe" onde estão os relatórios e contas do fundo que o antigo Presidente garantiu ter fechado em 1980.
É preciso explicar primeiro. Freitas, vice-primeiro-ministro em Dezembro de 1980, é autor do livro Camarate - um caso ainda em aberto que, em última análise, inspirou esta comissão de inquérito, a nona. Aí, levantava dúvidas sobre se o fundo, destinado a financiar a compra de armamento e material para a guerra colonial, terá mesmo sido extinto. Apesar de a lei garantir essa extinção, continuava a prever que o "saldo de gerência no fi- nal de cada ano económico transitará integralmente para o ano seguinte". Ainda o livro não tinha saído, em finais de 2010, e já Eanes, em artigo no DN, defendia que não. Tinha sido extinto por sua iniciativa, recusando problemas de contas num fundo que Amaro da Costa andava a investigar antes de morrer e que poderia explicar que fosse ele o alvo, e não Sá Carneiro, segundo os defensores da tese do atentado.
Exemplo de Palme
Ontem, já no final da reunião, Freitas do Amaral lembrou que, noutras declarações, o ex-Presidente admitira ter aprovado e mandado arquivar todas as contas com o carimbo de "confidencial". Como essas contas não estão na auditoria da Inspecção-Geral das Finanças (IGF) ao FDMU, então deve fazer-se a pergunta a Ramalho. "A minha convicção é que a comissão deve tentar descobrir onde os relatórios estão arquivados". Ou desapareceram ou a IGF não os encontrou. Eanes está na lista para ser ouvido na comissão. [mais aqui]
1 comentário:
Foi um dos primeiros sinais da fragilidade da nossa jovem democracia da altura.
Um assunto a seguir. Um monumental rombo na credibilidade da nossa justiça.
Se ainda hoje não sabemos quem mata os nossos como podemos esperar ter justiça neste pequeno mas demasiado desorganziado país?
Enviar um comentário