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sábado, 15 de setembro de 2018

Assim nasceu um Icon de Cuba - A CASA DE MONTE PEDRAL

História


Os inúmeros achados arqueológicos são testemunho da ocupação do espaço onde actualmente se situa a vila de Cuba desde a pré-história, sendo também evidentes os vestígios de uma importante ocupação na época Romana, tal como algumas ruínas de “villas” e pontes. Do período da ocupação árabe, não fica mais do que a controvérsia sobre o seu topónimo. Para uns, o nome da vila de Cuba terá tido origem na corrupção da palavra árabe “Coba”, diminutivo de pequena torre. Para outros, por ter sido conquistada pelas hostes de D. Sancho II, o seu nome deve-se ao facto de ao entrarem na vila, os soldados terem encontrado grande número de “cubas” de vinho, tendo-lhe dado o nome de ”Cuba”. Da ocupação Árabe parece dar testemunho um dos primeiros arruamentos abertos na Vila, que ainda hoje se denomina como "Rua da Mouraria", sendo que tal como noutras povoações, mesmo após a reconquista alguns habitantes Árabes terão ficado a residir no território.
Sendo uma povoação genuinamente rural, tem como possível origem o Monte do Outeiro, o seu primeiro aglomerado populacional, mas por razões ainda não totalmente esclarecidas a povoação passou depois para uma zona plana nas suas proximidades. Desde o século XIII que se encontram referências à sua existência, tendo então pertencido ao concelho de Beja. No entanto, por alvará de 18 de Dezembro de 1782, cria-se a vila de Cuba com termo próprio, desmembrando-se assim o vasto concelho de Beja e passando para o novo concelho de Cuba as freguesias de PedrógãoMarmelarSelmes, e parte da freguesia de São Matias.
Nessa altura Vila AlvaVila Ruiva, Faro e Albergaria dos Fusos ainda constituíam concelhos independentes, situação que se manteve inalterável até 6 de Novembro de 1839, altura que os últimos quatro concelhos foram extintos, passando Vila de Frades e Vila Ruiva, Albergaria e Faro do Alentejo, para o de Cuba.
Esta situação manteve-se até 1854, altura em que é extinto o concelho de Vila de Frades e se reconstituem os concelhos de Cuba e da Vidigueira.

Personalidades

A este concelho e propriamente, a Vila de Cuba estiveram ligadas diversas figuras que sobressaíram nos meios religiosos, políticos, sociais e culturais. Em Cuba viveu o grande escritor português Fialho de Almeida, [1]
José Valentim Fialho de Almeida (1857-1911), filho de um mestre-escola, nasceu a 7 de Maio de 1857,em Vilar de Frades e viveu em Cuba - Alentejo, onde faleceu a 4 de Março de 1911
que aqui casou com D. Emilia Pêgo, e aqui residiu e veio a falecer em 1911. Encontra-se no cemitério local um monumento funerário que alude a uma das suas maiores obras, "Os Gatos", bem como uma placa comemorativa na casa onde o escritor residiu, numa das artérias da Vila, e uma lápide na Quinta da Graciosa, uma das antigas propriedades da família do escritor, localizada próximo de Cuba.
Diogo Dias Melgaço, músico do século XVII que se notabilizou como mestre de capela da Sé de Évora. Os ilustres Condes e Viscondes do Morgado da Esperança. Esta família desde há cerca de três séculos residentes na sua Quinta da Esperança, vizinha da vila de Cuba, notabilizaram-se por uma série de obras sociais em prol da melhoria das condições de vida da população, tendo como anfitriã a Rainha D. Maria II e seu marido D. Fernando, bem como D. Pedro V.
Em 2006, foi inaugurada na Vila uma estátua da autoria de Alberto Trindade em homenagem ao descobridor oficial da América, Cristóvão Colombo, no mesmo dia (28 de Outubro) em que o navegador terá aportado à ilha de Cuba em 1492. Segundo a tese defendida pelo historiador português Mascarenhas Barreto ("Colombo Português: Provas Documentais"), o ilustre almirante teria nascido em Cuba, em 1448, como filho ilegítimo do Infante Dom Fernando, duque de Viseu e de Beja, e da indocumentada "Isabel Zarco". O nome de Colombo em castelhano, "Cristóbal Colón" seria um seu pseudónimo e código de guerra (Colombo seria espião ao serviço de D. João II), sendo o seu verdadeiro nome um indocumentado Salvador Fernandes Zarco, alegado neto materno ilegítimo do navegador e corsário João Gonçalves Zarco.

Demografia

Uma das tendências demográficas mais constantes nas últimas décadas no concelho de Cuba é a diminuição da população e o seu envelhecimento, tendência que é geral a toda a região do Alentejo. De 1981 a 1991, o concelho perdeu 4,3% da sua população e, na década seguinte, a perda foi mais acentuada, atingindo 9,1%. Esta perda de população é devida não só à corrente migratória para os grandes centros urbanos mas também à baixa taxa de natalidade. Quanto ao envelhecimento da população, ela é devida tanto ao aumento do número de habitantes com idade avançada, como à diminuição dos grupos etários jovens. Em 1997, a taxa bruta de natalidade foi de 7,9% e a taxa bruta de mortalidade de 17,1% (para cada 1000 residentes, houve cerca de 8 nascimentos e 17 óbitos); a taxa de crescimento demográfico natural foi de –9,2%.
Com base nestes dados é de prever que as tendências de diminuição e envelhecimento da população se irão manter no futuro.
Outra característica demográfica do concelho é que grande parte da sua população (62,6%) está concentrada na freguesia de Cuba, sede do concelho, enquanto que apenas 37,4% se repartem pelas restantes quatro localidades do concelho.

Economia

A actividade económica tradicional do Alentejo e também do concelho de Cuba, sempre foi a agricultura. Ora, é sabido que nas últimas décadas este sector de actividade sofreu muitas alterações quer por razões do desenvolvimento tecnológico, quer por estratégias políticas e macro económicas.
Como não houve ao longo das décadas um desenvolvimento industrial que absorvesse toda esta mão-de-obra, o desemprego tornou-se um problema. Os dados do IEFP referentes a Fevereiro de 2000 indicavam que existiam 336 desempregados, sendo as mulheres e o grupo dos adultos de 25 aos 49 anos os grupos mais atingidos pelo desemprego. É significativo que o grupo dos jovens seja o menos atingido o que poderá estar relacionado com melhores habilitações escolares e profissionais que possuem e também porque prolongam a sua formação académica até mais tarde.
Em conclusão, os grupos com menos formação académica ou profissional e as mulheres são as principais vítimas deste problema e são estas pessoas que se tornam as utentes do Rendimento Mínimo Garantido que, actualmente, no concelho abrange cerca de 40 Beneficiários.


A educação e o emprego são outros dos factores que revelam a “qualidade” de uma população e em relação aos quais o concelho não estava, em 1991, muito bem posicionado: a taxa de analfabetismo era de 24,5%; 61,7% da população possuía apenas o ensino básico; 6,4% possuía o ensino secundário e 2,6% tinha habilitações superiores. No entanto, de então para cá a situação tem vindo a melhorar por vários factores entre os quais a extensão do ensino básico obrigatório até ao 9º. Ano, a instalação de uma Escola Profissional no concelho desde 1991/92 e a maior acessibilidade ao ensino superior pela instalação de várias escolas deste nível de ensino, em Beja.
E é neste emaranhado de transformações que aparece o [Primo Zé] oriundo da lavoura com a visão de acrescentar valor a esta típica vila alentejana.
Em pleno Alentejo, com localização privilegiada no coração da Vila de Cuba, a Casa de Monte Pedral é uma das mais antigas mansões desta vila. O vinho da talha e a gastronomia tradicional são as apostas da adega da Casa Monte Pedral. Os vinhos da região são os ideais para acompanhar queijos e petiscos tradicionais. Na ementa, pode contar com pratos à base de caça, carnes grelhadas ou assadas, e as famosas açordas (sopas de pão). Especialidades: Ovos com espargos e cogumelos; Sopa de tomate e cherne; Arroz de perdiz; Feijoada de lebre; Assado de porco preto; Sopa de toucinho; Ensopado de borrego; Secretos de porco preto, e as tão procuradas Feijão com carrasquinha .


Em terras alentejanas não podiam faltar as migas com carne do alguidar ou as sopas de tomate com bacalhau. 

Mas existem várias alternativas como as costeletas de borrego com migas de azeitona, o feijão com carrasquinhas, secretos de porco preto, o ensopado de borrego, a açorda de alho ou bacalhau e as sopas de cação. Por vezes é possível assistir a cantares alentejanos à desgarrada.

As entradas aprimoradas pela arte de bem cortar o presunto e com um corte cinzelado no queijo típico desta zona, caem na mesa deixando um rasto de fantasia para os que o servem como para quem os vai degustar.
O Chef de Cozinha salteia uns ovos com espargos no azeite do Alentejano ao mesmo tempo preparam-se uns torresmos tudo isto num ambiente e numa simbiose que deixa o visitante a viajar pela cozinha alentejana.

Mas esta obra não seria possível sem o visionário do [Primo Zé] como gosta de ser tratado tanto por quem nos visita como pelos seus colaboradores.

Nascido nos anos 50 no após Guerra dedicou-se de alma e coração à lide do campo orientado pelo seu pai que o transformou num Homem de trabalho mas dando-lhe a liberdade de seguir o seu caminho. A sua capacidade de liderança que bem cedo já lhe corria nas veias, obrigaram-no a ser o fazedor de sonhos.

Sob o sol escaldante começou bem cedo a moldar o seu temperamento e a saber como seria árdua a subido do seu sonho, Casa Monte Pedral.

Foi um Homem que nunca fugiu ao trabalho.


Para que possamos ficar a conhecer melhor o [arquitecto] desta casa, irei tentar viajar no tempo com o [Primo Zé] e de certa forma dar-vos a conhecer uma figura que decerto ficará sempre ligada não só a Casa Monte Pedral mas a Vila de Cuba e ás suas gentes.

[Primo Zé] Com que idade começou acompanhar o seu Pai e que ensinamentos lhe transmitiu para que hoje se possa considerar uma pessoa realizada? Ou ainda tem outros sonhos?

[Primo Zé] A determinada altura resolveu deixar o campo e dedicar-se com unhas e dentes à Casa Monte Pedral  nasceu o sonho, como  foi que aconteceu e quando foi inaugurada?

[Primo Zé] Toda a decoração foi o Primo que escolheu, seja  as cadeiras, mesas mas também a decoração do seu interior e exterior, veio-lhe de onde? Fale-nos do Cristóvão e ouvi falar que existe lá nos seus aposentos um quarto com esse nome pode contar-nos .

[Primo Zé] Sei por conversas nos nossos momentos de confraternização que tem um lema [o deitar tarde nada tem haver com o levantar cedo] qual o segredo?

[Primo Zé] Voltamos um pouco a trás ao tempo das vindimas. Como era essa lide? Até chegar às talhas que trajecto árduo tinham de seguir?

[Primo Zé] Vamos falar um pouco dum amor que tem pelos cavalos, como nasceu e sei que por vezes ao falar desses momentos as lágrimas sem que se dê conta escorrem pelas rugas do tempo. 

Pausa para um copo da Talha 7 que mais à frente vamos explicar o seu aparecimento. Claro da Talha 7B.

[Primo Zé] Fialho de Almeida um ilustre escritor deixou-nos uma ementa de criar água na boca pode descrever essa relíquia da gastronomia regional?

[Aguardo pelas respostas, logo que as tenha serão publicadas na primeira pessoa]

[1] Hoje, o prato principal na ementa é arroz de perdiz à moda de Fialho de Almeida.
* “Arroz de Perdizes do Fialho. – Primeira operação. – Ferver duas perdizes bem limpas, em agua, com algumas tiras de presunto e linguiça magra, fresca podendo ser, e não rançosa. A trecho de meia cozedura, tirar para um prato as perdizes, e accessorios, ficando na panella o caldo posto em socego, como nos Luziadas, a linda Ignez.
         Segunda operação. – Em caçarola lavada, pôr a refogar áparte, e a fogo brando, em tres colheres de manteiga de vacca, tres dentes de alho, pimenta, salsa picada, cravo da India e, loiro – o loiro em mui exigua quantidade. Quando a manteiga tiver já feito estes temperos, sem lhes consumir porém o perfume, juntar tomates bastantes (uns cinco ou seis, dos grandes, cortados em bocados, e completamente limpos da buxada interior), e duas ou tres cebolinhas de Lisbôa, descascadas, bem limpas, e aos bocados.
         Refogar tudo, até ficar n’um todo uniforme, e em termos que no paladar predomine um ligeiro queimor de pimenta. Ao refogado juntareis então uma massa picada feita com os bocados de presunto e linguiça da primeira operação, e bem assim os meúdos das perdizes, ou quaesquer outras de aves e caça que se possam obter das outras ôlhas do jantar Nova fervura, e incorporar aos poucos, dois decilitros de vinho tinto (velho, e até generoso, quem quizer), e todo o caldo de fervura da chamada primeira operação.
         Apura-se tudo isto a fogo brando, sem deixar de ir provando sempre, até que o paladar de cozinheiro confirme e reconheça a permanencia e bôa altura dos aromas e mais riquezas sapidas do môlho.
         Por fim, junta-se no môlho, arroz em quantidade, que se vae cozendo a fogo lento, mexendo constantemente, porque se não tóste e pégue ao fundo da caçarola. Quando está pronto, ajuntem as perdizes, cortadas em bocados certos e bonitos, e que se farão embeber completamente dos perfumes do guisado, metendo por fim a cassarola no forno do foção, com ramos de salsa por cima, para tostar e aloirar a crósta do arroz, que deve-se servir quente e a pouco trecho de tirado.
*
– E então é maravilhoso este petisco?
– Tão maravilhoso que uma vez antecipei com elle a Paschoa, de tres dias.
– ?!
– Estava a preparal-o na Rua da Condeça, em Sexta de Paixão, e n’isto quatro argoladas na porta, de tremer. Vae a creada… era Nossa Senhora da Soledade, que sahida na procissão do enterro, vira de repente erguer-se do esquife o Salvador do Mundo, gritando párem! párem! – mal lhe chegaram ás ventas os perfumes resurrecionaes do meu arroz.
– Resuscitou. E a respeito de subir ao ceu?
– Qual subiu ao ceu! Jantou comnosco. Sabe que sou medico. Pois muito á puridade lhe digo que foi este tambem o unico successo clinico da minha vida de doutor. Fialho de Almeida.”In Plantier et al. – O Cozinheiro dos Cozinheiros. Lisboa: Plantier Editor,1905.

A Casa Monte Pedral não nos maravilha só com a sua gastronomia e beleza interior. O seumagestoso exterior também nos deslumbra.































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