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sábado, 18 de fevereiro de 2017


O Lobo e o cordeiro


(In Blog O Jumento, 17/02/2017)
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Desculpem voltar ao lobo mas as manobras deste mamífero merecem ampla reflexão e consequente desmontagem. Nunca se deve deixar passar em claro as manobras dos lobos, sobretudo as daqueles que usam e abusam da pele de cordeiro.
Estátua de Sal.

Talvez um dia se venha a saber o que levou um até agora discreto bancário a ficar nas primeiras páginas da forma mais triste. De um administrador de bancos espera-se confiança, lealdade, sigilo e privacidade, tudo qualidades que Antónimo Domingues revela não ter ao violar as mais elementares regras de convivência, dando a conhecer a um conhecido lobista o conteúdo de conversas privadas.
Primeiro foram os e-mails, a seguir os SMS, ninguém se admire que Domingues tenha gravado todas as conversas com membros do governo sem a sua autorização e o Lobo Xavier já as tenha ouvido, para verificar se há matéria para mais calhandrice.
Para um administrador de bancos isto é um suicídio, não há ninguém que esteja no seu pleno juízo, nem mesmo o seu amigo Lobo Xavier, que lhe mande SMS ou se comprometa em conversas telefónicas. António Domingues deixou de ser confiável e duvido que passada esta fase o próprio Lobo Xavier tenha confiança no seu velho amigo. O que poderá ter levado alguém experiente a imolar-se na pira da falta de princípios? O dinheiro que perdeu por não ser administrador, a vaidade ferida? Um dia saberemos.
A Caixa Geral de Depósitos representa milhares de milhões de euros, o seu dinheiro pode alimentar muitas empresas, pode ser multiplicado gerando muitas fortunas generosas na distribuição de comissões. A CGD pode aprovar PER que mantém vivas empresas que já morreram, tem importantes participações no capital de outras empresas, como se viu no caso da PT, tem crédito malparado concedido a importantes empresas e personalidades, adquire muitos milhões em fornecimento dos mais variados serviços, tem milhares de milhões para emprestar, pode favorecer muitas promoções políticas ao nível nacional e em cada uma das autarquias.
É aqui que entra o Lobo, neste caso o Lobo Xavier e nesta matéria temos mais um lobo do que um frade a falar para peixinhos. E se Lobo é mesmo o lobo, o António Domingues acaba por ser o cordeiro. Lobo Xavier, apesar de bom cristão, não é conhecido como administrador do Banco Alimentar ou de muitas das IPSS da Igreja. Antes pelo contrário, Lobo Xavier é administrador de grandes empresas e na sua vida não teve uma única aula de gestão.
Todas as grandes empresas têm interesses directos ou indirectos na CGD, grandes empresários mantêm litígios com a CGD, muitas empresas e personalidades têm crédito malparado para renegociar, tudo matérias em que o gestor, o administrador, o advogado ou o lobista Lobo Xavier pode dar uma preciosa ajuda, tudo dentro da maior das legalidades.
Lobo Xavier é o maior lobista da vida política e económica portuguesa. O seu poder é imenso, principalmente se o governo for da direita. Com os governos da direita todas as reformas fiscais com impacto nas empresas passaram pelas suas mãos, Paulo Núncio nada fez sem consultar Lobo Xavier, era o lobista que sabendo dos desejos de algumas das maiores empresas sabia o que os grandes interesses pretendiam das reformas do IRC ou do património.
Neste caso o Lobo misturou o cordeiro, o CDS, o PSD, o Presidente da República, uma estação de televisão e só Deus sabe quantos jornalistas numa manobra visando derrubar o mais competente ministro das Finanças das últimas décadas e ajudar a repor o governo da direita. Um dia talvez saibamos o que tinha o Lobo a ganhar com a degola do cordeiro e pode ser que se venha a perceber que tipo de Conselheiro de Estado é este Lobo Xavier.

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