A Grécia é o país da UE e do Euro com o
maior potencial prospetivo de exploração de petróleo, com cerca de 22 mil
milhões de barris no Mar Jónico e 4 mil milhões de barris no Mar Egeu. Por
comparação, o poço Lula no Brasil (uma das maiores descobertas da última
década) tem cerca de 8 mil milhões de barris.
Este facto é conhecido pela Troika do FMI,
UE e BCE desde 2010.
Em vez de promover a
produção petrolífera para reequilibrar as contas gregas e aumentar a autonomia
energética europeia, a ordem é privatizar a única via que o Estado grego dispõe
para pagar aos credores.
Eis a razão pela qual russos e chineses
digladiam-se para controlar os portos gregos: passam a controlar terminais de
distribuição de petróleo e gás para os Balcãs e centro da Europa, e conquistam
uma inédita presença estratégica no mediterrâneo.
Ciente desta ameaça, os EUA não dormem e
Hillary Clinton deslocou-se recentemente à Grécia para tentar acertar condições
de E&P com a Turquia, com o envolvimento da empresa americana Noble Energy.
O problema reside em que a Grécia não dispõe de uma ZEE e por isso não tem
garantido o direito soberano sobre os recursos no solo marinho. Por isso,
Clinton foi tentar um acordo de repartição entre Grécia, Turquia e a Noble
Energy. Na semana seguinte, os russos foram bater à porta dos gregos com
proposta semelhante.
Se considerarmos que Israel será um
exportador líquido de gás ainda nesta década e que Chipre também uma bacia rica
em petróleo, concluem-se dois factos:
·
O Mediterrâneo será um foco de tensão geopolítica em torno dos recursos
petrolíferos
·
A UE sofre de uma cegueira estratégica extrema ou a Alemanha já desistiu da
Europa
·
A importância estratégica de capacidades de exploração submarina para a
sustentabilidade dos países
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