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domingo, 5 de outubro de 2014

Manual de um golpe de Estado socialista: o caso Tecnoforma

Manual de um golpe de Estado socialista: o caso Tecnoforma


«Andy: (...) there's a small place inside of us they can never lock away, and that place is called hope. 
Red: Hope is a dangerous thing. Drive a man insane. It's got no place here. Better get used to the idea.»

Frank Darabont (1994). Shawshank redemptionGuião: Stephen King
(a partir do conto «Rita Hayworth and the Shawshank redemption»,
1982, inserido na coleção «Different Seasons») e Frank Darabont.

Andy is right. Not Red. Hope springs eternal. Spring! Hope.

O ferrismo tinha uma tecnologia, que o socratismo aprimorou. Enquanto praxispolítica, o ferrismo tinha um clã; Sócrates não tinha amigos (nem mesmo Vara): tinha, e tem, servos, que usa e deita fora, se necessário for (como Portas...). Por isso, Sócrates bateu Pedroso e matilha.

Passos foi apoiado por Sócrates na fase de ascensão interna no PSD. O objetivo era derrotar o cavaquismo ativo de Manuela Ferreira Leite - nem era Cavaco, em si, cuja fragilidade conheciam (o medo, o dinheirito e o genro), mas quem o motivava e apoiava. E principalmente o justicialismo patriótico, que era uma ameaça muito perigosa, e que podia derrubar o sistema em que prazeiteiramente viviam.

Quando em março de 2010, Passos Coelho e Miguel Relvas ganham o PSD, o aliado de ontem de Sócrates passou a ser o novo adversário. Ainda que os canais entre as duas linhas jóticas se mantivessem, e mantenham, abertos.

As antenas na segurança social/formação profissional, que infestam a administração desse setor do Estado, reportaram a colaboração de Pedro Passos Coelho com a Tecnoforma. E, a exemplo de outras organizações, a Tecnoforma sofre, a partir de 2010, o assédio do socratismo. Um assédio de auditorias e inspeções (para recolha de informação comprometedora) da administração socialista e também através dos seus peões na Comissão Europeia, determinando o estrangulamento financeiro que a precipita para a ruína. Neste casos, não é necessário provar nada, basta atrasar pagamentos e, com base na suspeita, bloquear novas candidaturas a ações de formação e prestações de serviço financiadas pelo Estado e pela União Europeia. Avisado insistentemente Passos, este, já no poder a partir de junho de 2011, faz orelhas moucas, com receio de que qualquer ligação o pudesse comprometer mais ainda. Mais do que já estava com a sua alegada colaboração no financiamento estatal e comunitário de ações da Tecnoforma, via Centro Português para a Cooperação (CPC), mediante o alegado pagamento de «mil contos (cerca de 5 mil euros», «todos os meses, durante cerca de 3 anos», num período compreendido entre 1997 e 2001. Passos sabia bem o que tinha feito. E, na prática, a Tecnoforma cai.

Em junho de 2014, António Costa candidata-se a líder do PS. Coincidentemente, é enviada uma denúncia anónima - assinada pelo anagrama «Vasco» (muito se diverte esta gente!...) para a Procuradoria-Geral da República (PGR). A denúncia, que o Observador publicou, em 29-9-2014, foi objetivamente um trabalho de serviços de informação. Dir-se-á, -e bem! - que Passos não se pode queixar: deixou os socialistas nos lugares críticos, de topo e intermédios, do aparelho coercivo do Estado (informações, impostos, controlo dos fundos comunitários, etc.). Todavia, a Constituição da República não permite a realização a ninguém em Portugal fazerem dossiês destes - nem ao pessoal das operações negras sempre em ligação com os das operações suaves. A Constituição e a lei do País não permitem a escuta, as ameaças veladas (e expressas), o acesso a dados de telecomunicação, a vigilância física, a perseguição de pessoas e a triangulação de telefones... Que acontece agora!

Do que falo? Observando a denúncia do «Vasco» sobre Passos Coelho, verifica-se que foram obtidas informações junto de diversas fontes:
  1. Tecnoforma: detalhes do acordo entre o administrador Fernando Madeira, Passos Coelho e João Luís Gonçalves, com a revelação do Centro Português para a Cooperação, pagamentos, agências das contas bancárias da empresa, nome do contabilista.
  2. Assembleia da República: a informação de que Passos estava em exclusividade no perído em que recebeu o dinheiro que a os média calcularam em 150 mil euros.
  3. Banco Santander (ex-Totta): a informação de que a conta de Passos era na agência do Pragal (Almada). Não se trata apenas de um número de conta, como seria eventualmente possível a alguém da Tecnoforma saber. Diz-se, na denúncia, que havia pagamentos por transferência bancária (além de cheques). A informação de que essa conta de Passos era conjunta só pode ter sido obtida no banco e com violação do segredo bancário
  4. Administração fiscal: a informação de que Passos não descontou sobre esse dinheiro recebido, nem o declarou às Finanças.
O fecho da denúncia tem outra patetice indiciária: «espero que se faça justiça para o bem da nossa sociedade». O anagrama «Vasco», que trata a procuradora-geral da República na denúncia com um curioso estatuto de superioridade ou igualdade de rank («Cara Sra. Procuradora-Geral da República») em vez do habitual e respeitoso «Exma. Senhora Procuradora-Geral da República», pretende mostrar-se como alguém de direita, com saudades do a «a bem da Nação» («para o bem da nossa sociedade»). Esqueceu-se o anagrama «Vasco» de dizer qual sociedade... Mas a gente (povo) imagina...

A denúncia não foi feita por um whistleblower da Tecnoforma, interessado na justiça. A técnica, os meios, o acesso despudorado a informação confidencial de bancos e do fisco, e a sincronia, da denúncia anónima expressam a sua origem: os serviços de informação do socratismo, agora em aliança com os arqui-inimigos.

E que fique absolutamente, claro, como já ficou que aqui não se branqueia a conduta de ninguém, atual ou passado, seja de que partido for. Mas essa condição de avaliação política também não pode evitar a explicação datentativa de golpe de Estado preparada pelo socratismo-ferrismo-costismo.

Costa, coitado, da mesma cepa, mas sem tropas suficientes e menos bem apetrechadas, é refém do ferrismo e do socratismo, pois viu-se compelido a aceitar ter Ferro Rodrigues como líder parlamentar: António Costa, venenoso sinaliza que não queria, mas teve de aceitar a imposição, dizendo, no comunicado de 30-9-2014, que «agradece a disponibilidade de Ferro Rodrigues, vice-presidente da Assembleia da República e antigo-secretário-geral do PS, para este desafio»!... Ferro precisa da visibilidade do lugar para ser candidato a Presidente da República (Carlos César é o candidato a querer emular Mota Amaral...). Veremos se Sócrates consente...

orquestração mediática (até do CM!...) socratino-ferrosa, em junho de 2014, com ataques de notáveis e impressão de unanimidade, como sondagens  de que Costa seria melhor primeiro-ministro para que Seguro se demita foi terrível. Todavia, Seguro, frustou no curto-prazo o golpe, e ainda que fosse receoso (um político a temer pela vida!...), e decide lutar. O calendário atrasa-se, mas o propósito de tomar o partido e o Estado mantém-se. O novo-velho PS está aí de novo para guinar pelas habituais curvas da estrada suja do poder antidemocrático.

Este golpe de Estado socialista falhou. Passos com a sua sonsice (o Joséé que cunhou esta...) assobiou para o lado relativamente a uma denúncia com factos prescritos, que a PGR arquivou, e disse aos adversários que provassem. Os extratos bancários e as declarações fiscais ainda não apareceram, mas mesmo que surjam ficam odres velhos. Costa não queria o desgaste de um ano de oposição, e a porcaria da câmara a encher as páginas de jornais e o espaço dos noticiários dos meios restantes, mas tem de o gramar (veja-se o caso do novo quartel dos bombeiros de Lisboa a demolir pela Câmara salgada para ceder os terrenos para o Hospital da Luz da Espírito Santo Saúde...).

Falhado este golpe, o alvo subsidiário da aliança socratina-ferrosa-costista é PortasO ataque já começou. Fica para outro poste essa análise.

E daqui, desta trincheira de combate, de onde vos escrevo, asseguro: não confundimos o adversário. Veremos se existe, ou não, vontade de o combater do lado de Passos, provado que está o erro quase fatídico de um entendimento com Sócrates. Em qualquer caso, aqui não temos outro desígnio senão a Pátria, que servimos com a abnegação possível.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades mencionadas nas notícias do média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade.

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