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domingo, 24 de novembro de 2013

Eanes - «Não foi um acto de alegria mas um acto de necessidade.»

Foi um dos militares que nos devolveram a liberdade, principal operacional do 25 de Novembro, que a estabilizou, e evitou uma guerra civil. A síntese desse dia foi escrita, um ano depois, pela grande escritora Maria Velho da Costa: «Não foi um acto de alegria mas um acto de necessidade.» Eanes será homenageado na próxima segunda-feira.

Primeiro Presidente da República em democracia, em tempos conturbados, direita e esquerda votaram nele por colagem às circunstâncias mas rangendo os dentes. Sá Carneiro, Mário Soares ou Álvaro Cunhal simbolizam isso. No Palácio de Belém foram anos de austeridade financeira.

Apadrinhou e distanciou-se do PRD, mas foi ele a nomear uma mulher primeira-ministra, Lurdes Pintasilgo, décadas antes de Thatcher ou Merkel.

Quando saiu de Presidente, recusou o bastão de marechal e foi tratado com miserável vilania, por trastes, nos seus direitos. Quando rectificaram, prescindiu de 1 milhão de euros em retroactivos. Não conheço outro caso.

Fiz a cobertura da sua campanha de reeleição em 1980. Tímido e reservado provocava (me) um certo distanciamento. Terei trocado meia dúzia de palavras com ele. Não posso testemunhar, pois, como me dizem, o seu enorme sentido de humor. Nunca conseguiu lidar com o espectáculo político-mediático, com um discurso cerrado e pouco acessível. Recusou o populismo e a simpatia fácil. Se em República houvesse cognomes, seria "o Íntegro". E, Presidente, isso todos os portugueses lhe reconhecem.

Jornalista/advogada


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