Homenagem à porta do hospital onde Mandela está internado
Fotografia © Dylan Martinez/ Reuters
Sua Excelência Nelson Mandela |
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1º presidente da África do Sul | |
Mandato | 27 de abril de 1994 a 16 de junho de 1999 |
Vice-presidente | Frederik Willem de Klerk Thabo Mbeki |
Antecessor(a) | Frederik Willem de Klerk (Presidente de Estado) |
Sucessor(a) | Thabo Mbeki |
19º Secretário-geral do Movimento Não-Alinhado | |
Mandato | 3 de setembro de 1998 a 14 de junho de 1999 |
Antecessor(a) | Andrés Pastrana |
Sucessor(a) | Thabo Mbeki |
Vida | |
Nome completo | Nelson Rolihlahla Mandela |
Nascimento | 18 de julho de 1918 (94 anos) Mvezo, Cabo Oriental, União Sul-Africana |
Nacionalidade | Sul-Africano |
Alma mater | Universidade de Fort Hare Universidade de Londres Universidade da África do Sul Universidade de Witwatersrand |
Primeira-dama | Winnie Madikizela-Mandela; Graça Machel |
Cônjuge | Evelyn (1944-1957), Winnie (1957-1996), Graça Machel (1998-presente) |
Partido | Congresso Nacional Africano |
Religião | Metodista |
Profissão | Advogado |
Residência | Joanesburgo |
Assinatura | |
Filhos | Madiba; Makaziwe (2); Makgatho; Zenani; Zindziswa |
O prisioneiro 46664
Enviado para a prisão da Ilha Robben, lá ocupa a cela com número 466/64, que tem as dimensões reduzidas de 2,5 por 2,1 metros, e uma pequena janela de 30 cm
Na prisão ficou privado das informações do mundo exterior, pois lá não eram permitidos jornais.49
Contudo, aprendeu a pensar a longo prazo, e procurava passar esta forma
de raciocínio aos mais jovens, que cobravam dele respostas imediatistas
às autoridades.50
A mãe de Mandela o visitara em 6 de março de 1966 e depois, no ano
seguinte, em 9 de setembro; em ambas as ocasiões o filho instara sem
sucesso, como também já fizera com a esposa Winnie, para que ela fosse
morar na casa deles, em Joanesburgo, onde teria mais recursos de saúde
do que no campo. Após esta última visita, ele teve a sensação, durante a
despedida, de que era a última vez que veria a velha senhora, então com
78 anos de idade; de fato, Nosekeni Fanny veio a falecer em 26 de
setembro de 1968.51 Sua mãe se fora acreditando que o filho fosse um criminoso, pois ela nunca entendera sua luta, fato que o entristecia.52
Durante seu cárcere, segundo testemunhou Ahmed Kathrada, Mandela só
perdeu a calma em duas ocasiões, quando os guardas ofenderam a moral de
Winnie.53
Ali resolveu que precisava aprender a língua e a cultura africâner,
algo que seus companheiros passando a estudar o idioma e a treiná-lo com
os guardas.54
Em 1969 um carcereiro foi até sua cela informar-lhe que seu filho
mais velho, Thembi, havia morrido num acidente automobilístico.55
No dia seguinte Mandela estava junto aos demais prisioneiros,
trabalhando na pedreira: tinha que mostrar aos companheiros de cárcere e
aos guardas que o drama pessoal não o tinha inutilizado.55 Entretanto é de se observar que Thembi, apesar de morar na Cidade do Cabo, jamais fora visitar o pai na prisão, apesar da proximidade.56
Após esta notícia, escreve em 24 de julho ao segundo filho, Makgatho,
observando que ele agora era o mais velho e responsável por manter a
união familiar, com a perda do irmão; insiste para que o jovem invista
na educação: "As questões que hoje agitam a humanidade exigem mentes treinadas".57
Em 1976 Soweto se rebela, resultando numa feroz repressão que causa
centenas de mortos; aumenta o isolamento internacional da África do Sul,
a partir de então.6
As visitas da esposa Winnie eram raras: de 1958 até 1985 ela sofreu
por vinte e quatro vezes prisões, ordens de restrição, banimento e
proibições - como em 1974, onde ficou banida na vila de Brandfort. A
piorar esse isolamento familiar, Mandela não teve permissão de ver suas
filhas Zinzi e Zenani enquanto elas tinham de 2 a 16 anos.58
Em agosto de 1982 o regime assassina, com uma carta-bomba, sua companheira de lutas, Ruth First, que estava exilada em Moçambique; Mandela descreveu o momento: "...me
senti quase totalmente sozinho. Perdi uma irmã, uma companheira de
luta. Não é consolo saber que ela vive mesmo depois de morta."59
No mesmo ano Mandela foi transferido, junto a outros companheiros, para a Prisão de Pollsmor, de segurança máxima; seis anos depois foi novamente transferido, desta feita para um presídio de segurança mínima - a Prisão de Victor Verster, onde passou a morar numa cabana no complexo penitenciário.60
A mudança para Pollsmoor foi um avanço considerável: situado num
agradável subúrbio da Cidade do Cabo, lá a família poderia visitá-lo
mais facilmente. Ele e os companheiros Sisulu, Kathrada, Raymond Mhlaba e
Andrew Mlangeni passaram a ocupar juntos uma imensa cela, no pátio
fizeram uma horta.61
Enquanto isso, em 1985, o CNA empreendeu uma campanha para tornar o país ingovernávelnota 7 ; o presidente Botha chegou a declarar aos seu povo que precisavam "adaptar-se ou morrer". Neste mesmo ano Mandela precisou operar da próstata
e foi levado ao Hospital Volks, no Cabo. Na volta, foi conduzido pelo
próprio comandante do presídio, que informou-lhe de que não mais
retornaria para a cela comum, e ficaria isolado dos demais. Mandela não
protestou e, segundo disse mais tarde, aproveitou o isolamento para
fazer algo que iria contrariar a todos - ao CNA e os companheiros de
cárcere: negociar com o governo; iria agir por conta própria, sem
consultar ninguém.61
Escreveu então ao ministro da Justiça, Kobie Coetsee, informando sua
disposição - mas teve de esperar por mais de um ano por uma resposta,
que veio somente em julho de 1986: resolveu mandar um recado ao diretor,
que precisava vê-lo e, uma vez na sala, disse que queria falar com o
ministro. O diretor ligou ao gabinete ministerial e Mandela foi
convidado a ir até a casa de Coetsee. Lá, informou que queria tratar
diretamente com Pik Botha.61
Só depois é que teve atendido o desejo de falar aos companheiros; não
pôde fazê-lo com todos ao mesmo tempo, só individualmente lhe
permitiram falar; então encontrou-se primeiro com Sisulu, depois Mhlaba e
Kathrada, e todos rejeitaram a ideia. Em seguida foi a vez do CNA,
dirigido por Oliver Tambo no exílio, em Lusaka (Zâmbia), que lhe cobrou explicações, temeroso.61
Mesmo prisioneiro Mandela foi homenageado mundo afora: em junho de 1983 recebe o doutorado em Direito por seu "compromisso altruísta para com os princípios de liberdade e justiça" pelo City College de Nova Iorque; neste mesmo ano é feito cidadão honorário da cidade grega de Olímpia.62
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