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terça-feira, 12 de março de 2013

O livro "o grande embuste" vs "Sá Carneiro e as Armas para o Irão"

O livro "o grande embuste", da autoria de José Manuel Barata-Feyo, sobre o "Caso Camarate", editado pelo Clube do Autor, é  apresentado no Auditório do Edifício Novo da Assembleia da República.

"O Grande Embuste"

 O jornalista José Manuel Barata-Feyo vai apresentar na próxima quinta-feira, dia 7, pelas 18h30, no auditório da Assembleia da República, o livro sobre Camarate intitulado “O Grande Embuste”. Hoje vem um artigo sobre a obra no “Diário de Notícias” e que permite antecipar o seu conteúdo. Afirma Barata-Feyo, que é apresentado como “jornalista autor da primeira investigação à morte em 1980 de Sá Carneiro”, que “é impossível concluir que houve atentado na queda do Cessna” que, a 4 de Dezembro de 1980, causou a morte, entre outros, ao primeiro-ministro Sá Carneiro e ministro da Defesa, Amaro da Costa. Sem querer discutir quem foi “o primeiro jornalista”, apenas registo que, por exemplo, Augusto Cid, então a trabalhar no semanário “O Diabo”, foi dos primeiros a chamar a atenção para algumas das discrepâncias entre a versão oficial e os factos. Pouco depois de Camarate, Augusto Cid percebeu que a versão oficial defendia que os cadáveres estavam com os ossos partidos, o que significava que as vítimas se encontravam vivas no momento do impacto, enquanto a autópsia indicava o contrário: os ossos estavam inteiros, logo as vítimas deveriam estar inconscientes no momento do impacto. A suspeita de que teria havido um atentado adensava-se, tanto mais que o próprio semanário tinha mencionado a possibilidade de uma explosão a bordo num artigo publicado no dia 10 de Dezembro de 1980, ou seja, apenas uma semana depois da queda do Cessna. Augusto Cid falou depois do rastro de detritos do avião encontrado no fim da pista, ainda dentro do aeroporto, indiciando que o aparelho estaria a arder no ar antes de cair no bairro de Camarate. Durante anos discutiu-se o chamado “efeito chaminé”, ou seja, o rastro teria sido provocado pelo incêndio do avião no local da queda, facto que fez elevar os detritos tendo sido depois espalhados na pista do aeroporto por acção do vento. No entretanto, as várias testemunhas que viram o avião explodir no ar, como foi o caso do chefe de segurança de Sá Carneiro, seriam sempre desprezadas pela investigação policial com a apresentação de uma explicação alternativa e a favor da tese do acidente. É verdade que Barata-Feyo andou muito empenhado em investigar Camarate, juntamente com Artur Albarran, para um programa da RTP da saudosa rubrica “Grande Reportagem”, exibido no início de 1983. Eu não sei o que se passou em Camarate, pois na altura tinha apenas 8 anos. Mas, cresci a admirar jornalistas como Barata-Feyo e também Miguel Sousa Tavares, outro dos jornalistas de “Grande Reportagem”. Lembro-me da revista com o mesmo nome, que comprei pela primeira vez em 1990, ainda antes de entrar na Escola Superior de Jornalismo. Era dirigida por Barata-Feyo e, logo depois, por Miguel Sousa Tavares. Estes eram dois nomes do jornalismo português que eu respeitava e cujo exemplo de investigação e capacidade de fazer perguntas incómodas ao poder nortearem a minha vontade em querer ser jornalista. E, frise-se, era essa também a referência de muitos outros jovens como eu. E Camarate sempre foi um grande mistério que, de vez em quando, era comentado por estes dois grandes nomes do jornalismo nacional. Por isso, para seguir as pisadas de Barata-Feyo e Miguel Sousa Tavares, também investiguei Camarate. Afinal, eu até tinha uma história pessoal sobre aquele dia: conhecia o piloto de um segundo avião que deveria ter levado Sá Carneiro de Lisboa ao Porto e que, no fim do comício no Coliseu, deveria ter transportado o primeiro-ministro de volta a Lisboa. Era o pai de um amigo meu. Esse era o avião da RAR. Tal como Barata-Feyo não consegui provar que era acidente. Aliás, um acidente não se prova, confirma-se apenas. Aqui, o que havia a provar era o atentado. E, nesse caso, há indícios fortes de atentado. Demasiados. Podem não ter hoje valor do ponto de vista jurídico, mas têm do ponto de vista jornalístico. Ainda não li o livro “O Grande Embuste” e não sei qual o conteúdo exacto, mas espero que Barata-Feyo, apesar de desafiar a verdade política – e ainda bem que o faz, pois é sempre de salutar o contraditório -, reconheça que, independentemente de Camarate ter sido acidente ou atentado, havia investigações polémicas que Sá Carneiro tinha em mãos e que também “morreram” com ele em Camarate. Só hoje, mais de 30 anos volvidos, e graças aos trabalhos da mesma Assembleia da República onde Barata-Feyo vai apresentar o seu “embuste”, estamos finalmente a descobrir a verdadeira dimensão do Fundo de Defesa Militar de Ultramar e as implicações suficientemente sérias para provocar um atentado contra o primeiro-ministro como era o tráfico das armas para o Irão. E isso não era nenhum segredo, pois até estava na primeira página dos jornais publicados um mês antes de Camarate. Mas, Barata-Feyo e Miguel Sousa Tavares, enquanto discutiam se era atentado ou acidente, nunca foram mais à frente e nunca seguiram a pista do tráfico de armas. Tive se ser eu, mais tarde, a fazer essa investigação e a contar o que descobri. E hoje, apesar das críticas, pelo menos posso andar de cabeça erguida na sociedade em que estou inserido e com o prazer acrescido do dever cumprido e, sobretudo, com a certeza de que não sou um embusteiro.

 
LANÇAMENTO
CAMARATE – SÁ CARNEIRO E AS ARMAS PARA O IRÃO
LIVRO DE FREDERICO DUARTE CARVALHO, APRESENTADO POR PAULO MORAIS
Esta obra resulta de uma longa investigação feita pelo jornalista Frederico Duarte Carvalho, onde expõe o que terá efetivamente acontecido no atentado de Camarate e explica por que motivo conhecer a verdade, ainda hoje, pode colocar em perigo a estabilidade do regime em Portugal e noutros países, como EUA e Irão. Camarate: Sá Carneiro e as Armas para o Irão é lançado concomitantemente com a abertura da Xª Comissão de Inquérito ao caso pela Assembleia da República.

Ao fim de mais de 30 anos de investigações e de tantos livros publicados sobre Camarate, o que falta ainda conhecer sobre a morte de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa? E por que intitulo eu este livro Sá Carneiro e as Armas para o Irão?
A resposta à primeira pergunta poderia aparentemente ser respondida de forma lapidar: tudo. Acho que ainda falta conhecer tudo.
Quanto à segunda pergunta, espero que fique respondida de forma clara e inequívoca quando se perceber que este é um livro que vai explicar o contexto nacional e internacional que se vivia no dia 4 de Dezembro de 1980. Nesse dia, desapareceram da cena política portuguesa – e mundial – os estadistas Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. A revelação da ver‐ dade de Camarate, mesmo após mais de 30 anos, ainda hoje representa um perigo para a estabilidade das relações diplomáticas entre Portugal e os EUA e, por arrasto, para a paz no Médio Oriente. Será pretensioso da minha parte ter a opinião de que a «Caixa de Pandora» de Camarate encerra o perigo de causar revoltas populares e políticas em Portugal, EUA e Irão? Infelizmente, como se comprovará ao longo dos factos apresentados neste livro, não é nada pretensioso concluir isso.
É apenas uma possibilidade bem real.
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