Sem relho nem trabelho
Se
alguém contabilizasse os milhares de horas de trabalho que todos os
anos os portugueses perdem nos tribunais em esperas ou com deslocações
inúteis veríamos quão anacrónico e irracional é o funcionamento do nosso
sistema judicial. Os nossos tribunais funcionam sob as ordens de quem
não está preparado para os administrar. Os juízes foram formados para
decidir processos e não para gerir tribunais. É muito frequente haver
adiamentos de julgamentos em certos dias porque as salas de audiência
estão ocupadas, enquanto em outros dias nenhuma delas é utilizada.(...)
O Ministério da Justiça anunciou que os tribunais dessas dezenas de
concelhos vão ser transformados naquilo que ele próprio designa como
«Extensões de Proximidade», ou seja, entidades sem magistrados e apenas
com funções administrativas e burocráticas. Mas não há ninguém no
Ministério, no Governo ou no PSD que explique à senhora ministra que os
tribunais são órgãos de soberania e que não podem ser tratados como
repartições da administração pública ou como secções de uma qualquer
loja do cidadão? (...)
Este Governo está a levar a cabo, na área da Justiça, uma política sem
relho nem trabelho, tratando os tribunais como peças de xadrez que tenta
mover ao sabor dos caprichos de burocratas ou dos interesses das suas
clientelas. A justiça precisa de políticos abertos ao país e com linhas
de rumo claras e não de fanáticos entrincheirados nos bunkers das suas
certezas sectárias.
Pode ler ainda:
Sem comentários:
Enviar um comentário