Do Jornal de Negócios de ontem, esta pequena prosa de Fernando Sobral, “Até tu Brutus? (clique para aceder à versão integral)“:
” (…) Eles foram nossos irmãos-de-sangue enquanto nos emprestavam dinheiro para lhes comprarmos os seus produtos, enquanto alegremente íamos destruindo o nosso tecido produtivo. Trocámos indústria, agricultura e pescas por consumo. E por um guarda-chuvas chamado euro. Assistimos agora, à sombra do velho sonho de Jean Monnet, ao renascimento dos interesses individuais disfarçados de vontade conjunta. A distorção da democracia europeia começa aqui. Isso não nos desresponsabiliza dos erros cometidos desde a adesão à UE em termos da definição da estratégia para o País. Empenhámos o desenvolvimento em nome do consumo rápido.Estamos a pagar a incompetência dos nossos líderes. Sair da crise tem a ver com táctica de curto prazo e com estratégia. E ela deixou de passar por esta Europa que faz tudo em nome do interesse da Alemanha. A pureza de sentimentos da UE viu-se nas declarações do ministro das Finanças alemão.A Europa é um produto criado na França, desenhado na Alemanha, produzido na Roménia e consumido em Portugal. Esse é o destino que o Brutus europeu nos reserva. Para a Europa a nossa crise é boa, desde que não chegue a Espanha. Para pagar a dívida nunca teremos meios para nos desenvolvermos. Brutus, com um sorriso amigável, espetou-nos uma adaga nas costas.”
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