O número de pessoas com fome no mundo passou de 1023 milhões, em 2009, para 925 milhões, em 2010, segundo um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM), que consideram que este número continua a ser “totalmente inadmissível”.
“Uma criança morre a cada 6 segundos de complicações ligadas à malnutrição. A fome continua a ser a maior tragédia do mundo e um escândalo”, afirmou o Director-Geral da FAO, Jacques Diouf.
Com estes níveis elevados de fome no mundo, é extremamente difícil atingir não só o primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) mas também todos os outros, alertou Jacques Diouf.
“A consecução dos objectivos de redução da fome acordados pela comunidade internacional está seriamente ameaçada”, acrescentou, fazendo notar que, a manterem-se, as recentes subidas de preços dos bens alimentares poderiam entravar os esforços de redução da fome.
“Medidas vigorosas tomadas com carácter de urgência pelos governos e o mundo inteiro revelaram-se eficazes para deter a escalada dos números da fome”, refere a Directora Executiva do PAM, Josette Sheeran. “Mas não é o momento de baixarmos a guarda. Devemos manter o ímpeto, para garantir a estabilidade e proteger a vida e a dignidade humanas”.
A baixa do número de pessoas com fome no mundo, em 2010, explica-se, em grande parte, pela retoma económica esperada este ano – em especial nos países em desenvolvimento – e pelo declínio dos preços alimentares, desde meados de 2008, considera a FAO.
O relatório, intitulado The State of Food Insecurity in the World (SOFI), será publicado sob a égide da FAO e do PAM, em Outubro. Estes primeiros números são publicados nas vésperas da Cimeira de Nova Iorque, que decorrerá entre 20 e 22 de Setembro. O objectivo do encontro é encontrar os meios para acelerar os progressos, tendo em vista a consecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
Em Maio passado, Jacques Diouf lançou uma campanha “Mil milhões de pessoas com fome” (1billionhungry) que tem como objectivo incitar os dirigentes mundiais a tomarem, urgentemente, medidas enérgicas para eliminar a fome. Mais de meio milhão de pessoas assinaram já a petição em linha, exortando os responsáveis políticos a colocarem a redução da fome no primeiro plano das suas prioridades. Até ao final do ano, deverá ter sido assinada por um milhão de pessoas.
O facto de o número de pessoas subalimentadas continuar a aumentar, mesmo em período de forte crescimento e de preços relativamente baixos, demonstra que a fome é um problema estrutural, sublinha a FAO. Por conseguinte, é manifesto que o crescimento económico, apesar de essencial, não bastará para eliminar a fome dentro de prazos aceitáveis, acrescenta esta Organização. “No entanto, observamos êxitos em África, na Ásia e na América Latina, êxitos que devem ser reproduzidos em grande escala”, sublinha Jacques Diouf.
À escala mundial, em 2010, a fome apresentou um declínio de 9,6% em relação a 2009. Esta redução deve-se essencialmente a uma melhoria da situação na Ásia que, este ano, apresenta uma baixa de 80 milhões de pessoas subalimentadas. Na África Subsariana, a baixa é nitidamente menos importante – cerca de 12 milhões – e uma pessoa em cada três continuaria a sofrer de fome.
Sete países reúnem dois terços das pessoas com fome do planeta (Bangladeche, China, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão). A região que conta com o maior número de pessoas subalimentadas continua a ser a Ásia e Pacífico, com 578 milhões de pessoas. É na África Subsariana que a percentagem de pessoas subalimentadas continua mais elevada, com 239 milhões de pessoas em 2010, ou seja, 30%.
Os progressos variam consideravelmente de um país para outro. Em 2005-2007 (o período mais recente para que dispomos de dados completos), na África Subsariana, o Congo, o Gana, o Mali e a Nigéria já tinham atingido o ODM 1, enquanto a Etiópia e outros não estão longe de o fazer. No entanto, na República Democrática do Congo, a percentagem de pessoas com fome subia para 69%. Na Ásia, a Arménia, Mianmar e Vietname já atingiram o ODM 1, enquanto a China se aproxima. Na América Latina e Caraíbas, a Guiana, a Jamaica e a Nicarágua tinham atingido o ODM 1, enquanto o Brasil se prepara para o fazer.
(Baseado numa notícia divulgada pelo Centro de Notícias da ONU a 14/09/2010)
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