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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Negócios, negociatas, política e Ongoing

Os negócios mandam na política? A Ongoing, pelo sim pelo não, já contratou  

Agostinho Branquinho. E o ex-chefe dos espiões. Jorge Silva Carvalho, Director do Serviço de Informações Estratégicos de Defesa (SIED) demitiu-se devido aos cortes orçamentais para 2011.

(...)Note-se que não estamos aqui a colocar em causa a seriedade e os méritos das pessoas visadas. Acredito que suscitaram o interesse da Ongoing pelos seus méritos pessoais. Até porque, na apreciação moral e ética de condutas de terceiros, aplico a máxima do processo penal - in dubio pro reo (em dúvida, absolvo). Todavia, não podemos ignorar que Agostinho Branquinho era a figura máxima do PSD na área da comunicação social (e tenho para mim que foi o ponta de lança de Passos Coelho na máquina de Aguiar-Branco nas diretas internas) e foi contratado numa altura em que o PSD já sente o cheiro a poder. Jorge Silva Carvalho dispõe de uma agenda de contactos valiosa, devido às funções que exerceu, sobretudo em mercados estratégicos para a Ongoing como são Angola, Moçambique e outros países da lusofonia. É inevitável: por mais comunicados que surjam, por mais desmentidos, a suspeição sobre a atividade de Agostinho Branquinho como parlamentar e de Jorge Silva Carvalho vai sempre pairar. E - acrescente-se - legitimamente.
E o que é a Ongoing? Confesso que andei a pesquisar os estatutos ou outro documento que regulasse a Ongoing, para efeitos de determinar, por exemplo, o seu objeto social, mas não encontrei (apelo, pois, que caso alguém os tenha me faça chegar, porque tenho uma grande curiosidade metafísica em conhecê-los, nem que seja para efeitos académicos). Ao que sei, a Ongoing foi criada para gerir os investimentos da família Rocha dos Santos, sendo presidida por Nuno Vasconcellos (tendo como seu braço-direito, Rafael Mora, espanhol, com forte influência na estratégia do grupo para a comunicação social).
A Ongoing era uma ilustre desconhecida - até que pretendeu alargar a sua área de influência à televisão, procurando tomar o controlo do grupo Impresa, afastando o Dr. Francisco Pinto Balsemão da presidência do Conselho de Administração. Resultado: falhou. Começa a tentar vender a sua participação (primeiro a um fundo da Goldman Sachs) e apresentou ao Dr. Balsemão o seu pedido de demissão do Conselho de Administração. Virou-se para onde? Para a aquisição da TVI. Primeiro, no negócio muito mal esclarecido da tentativa de aquisição da Media Capital pela PT (lembre-se que a Ongoing Investments tem uma participação estratégica na PT); depois, com a OPA lançada para aquisição de 35% daquele grupo de comunicação social, que viria a ser chumbada pela Autoridade da Concorrência. No meio, face à não concretização do plano Rui Pedro Soares e companhia (certamente brilhante para a PT - devem pensar que somos imbecis), a Ongoing foi uma peça essencial para o resultado com que o Governo sonhara: tirar José Eduardo Moniz (imagino que um homem que dedicou a sua vida à televisão goste muito de ser vice-presidente na área dos conteúdos da Ongoing, foi o cargo com que ele sempre sonhou!), afastar Manuela Moura Guedes e mudar o estilo da informação da TVI.
Hoje sabemos que José Sócrates conseguiu tudo. Conclusão: a Ongoing objetivamente foi importante para o Governo. Neste sentido, a contratação de Agostinho Branquinho e de Jorge Silva Carvalho coloca questões pertinentes e delicadas, atentendo ao envolvimento da Ongoing em certos negócios , às posições políticas assumidas por um e aos contactos obtidos no exercício de funções anteriores por outro.
Obviamente, respeito a liberdade de cada qual escolher o melhor para a sua vida. Desde que não se prejudique o Estado português e não se utilize o exercício de funções públicas para dar o salto para o lado privado. Isso é inadmissível. Isso é condenável. E repúdio que PS e PSD (e também CDS), vestindo o manto diáfano do liberalismo e da iniciativa privada, permitam que situações dessas possam acontecer. Entendamo-nos: a partir do momento em que uma opção ou conduta privada possa repercutir-se na esfera pública, deve ser escrutinada. E regulada. Se a ética de cada um não chegar, então recorra-se a leis claras e transparentes. O caminho para o futuro de Portugal também (ou sobretudo) passa por aqui - pequenos gestos e atitudes que devolvam a dignidade ao Estado.(...) (+AQUI)

 

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