O Barclays Capital perguntou a 582 casas de investimento o que esperam que aconteça à dívida soberana dos países europeus em 2011: 82% acham que vamos assistir a um filme de terror. Não se referiam, obviamente, às obrigações da Alemanha. Referiam-se ao material radioactivo que têm nos bolsos com a bandeira nacional dos suspeitos do costume. A Grécia, afundada numa dívida pública que atingirá os 160% do PIB em 2013. A Irlanda, com um sector financeiro que se prepara para devorar mais de metade do PIB. Portugal, ilustre exemplo de uma economia que não cresce há dez anos e espera outros dez iguaizinhos. E Espanha, com uma bolha imobiliária capaz de virar o país do avesso. O quarteto maravilha já tem mais sócios, como a simpática Itália, que só em 2011 precisa de ir buscar 340 mil milhões de euros - o dobro do PIB português - ao mercado obrigacionista. As contas são assustadoras. Os números gordos. As perspectivas más. Apesar de Espanha ser de todos o único que tem uma dívida pública aceitável (abaixo dos 60%), todos os outros passam os 100% (Itália e Grécia) ou vão ficar lá perto (Irlanda e Portugal). Para se ter uma ideia, os mercados consideram perigosas as obrigações dos estados emergentes que tenham uma dívida pública acima dos 40% do PIB. Portugal não é um país emergente, é um país submergido, o que ainda torna mais pungente a situação. É por este motivo que os juros da nossa dívida pública teimam em não descer para níveis aceitáveis. Os investidores sabem que é forte a probabilidade de o País ter de pedir uma reestruturação da dívida - o pagamento em prazos mais dilatados; ou até a possibilidade de pagarmos em géneros, como por exemplo darmos as Berlengas. Talvez Carlos César, o presidente do Governo açoriano, tenha mais alguma ideia genial e solidária.
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