bipolar
Há um ano, quando os Toyota andavam por aí a acelerar sozinhos, o presidente da marca japonesa foi visto a fugir a bordo de um Audi para evitar as perguntas dos repórteres. Há boleias que não se apanham, gafes que não se cometem, palavras que não se dizem. Ontem, por exemplo, o sorridente Carvalho da Silva considerou "extraordinária a greve geral" que parou uma parte da economia. Extraordinária não parece a palavra mais adequada ao momento que enfrentamos. Num país com 600 mil desempregados não faz sentido deitar mais óleo para o asfalto. Não, a greve de ontem não foi apenas mais uma. Ela aconteceu no preciso instante em que os mercados - ou seja, os nossos credores - desconfiam de tudo o que seja português. Desconfiança, aliás, em parte legítima: basta olhar para o crescimento na última década e para as previsões até 2014 para concluir que precisamos de um milagre. Milagre? Na verdade, há outra alternativa: mais trabalho, mais inovação, menos Estado inútil. Resumindo: menos greves - extraordinárias ou banais. Paralisar uma parte da economia no momento em que precisamos como nunca de criar riqueza é, isso sim, de um egoísmo extraordinário. Não haveria outro tipo de protesto mais razoável e eficaz? Cantona, o ex-futebolista, propõe que a 7 de Dezembro todos os franceses levantem o máximo de dinheiro que conseguirem para bloquear a actividade bancária. A iniciativa, a acontecer, será catastrófica, mas inspira outra, mais sensata: enviar a Sócrates ideias que possam ajudar o País a crescer. Isso, sim, seria revolucionário.
Comece por aqui: pm@pm.gov.pt.
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