Esta é "a" pergunta dos próximos anos: Pedro Passos Passos está disposto a controlar os boys do PSD? Ou seja, Passos está disposto a fazer guerra a boa parte do seu partido?
I. Perante o declínio do PS e de José Sócrates, o PSD já cheira o poder. E aqui começam os problemas para um possível Governo reformista de Passos Coelho. Porque reformar o país implica, antes de mais, o fim dessa prática nauseabunda conhecida por jobs for the boys. Neste momento, centenas (milhares?) de boys laranja estão mortinhos para substituir os boys rosa nas centenas (milhares?) de galhos que o Estado tem. Ou seja, os esquemas dos boys rosa poderão ser substituídos pelos esquemas dos boys laranja.
II. Perante isto, Passos Coelho deve ter a coragem para dizer uma coisa simples aos seus boys e aspirantes a boys: "Meus amigos, esqueçam isso porque a nossa governação vai passar pela extinção desses galhos. Podem tirar o cavalinho da chuva. Os meus amigos não vão ocupar os lugares agora ocupados pelos socialistas, porque esse lugares vão ser extintos. Mais: também vamos acabar com a nomeação política para altos cargos do funcionalismo público". Passos Coelho terá a coragem para dizer isto? Passos terá a coragem para fazer sangue dentro do seu próprio partido? Esta é "a" pergunta dos próximos tempos.
III. A forma como PS e PSD despejam boys nas entidades públicas (desde a Anacom às empresas municipais inúteis) é uma das doenças que está a afectar o regime. Acabar com este estado de coisas é imprescindível. Até agora, PS e PSD têm mantido um pacto de silêncio sobre isto, uma espécie de Omerta de bloco central. Ora, perante o espectro de eleições e de um novo Governo, apenas interessa debater um tópico: o PSD de Passos Coelho terá a coragem para rasgar esta Omerta rotativa? Bom, a forma como enfrentou muitas pessoas da sua direcção - na recente polémica do OE2011 - parece indicar que Passos Coelho poderá governar "contra" o seu partido. Porém, o problema de fundo continua lá, e será de difícil remoção: para vencer o partido, Passos Coelho apoiou-se nas pessoas que - precisamente - não querem esta mudança. Seja como for, Passos Coelho tem a palavra.
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