19 de Novembro, 2010Por Luís Rosa
Mário Lino recebeu Manuel Godinho em 2008 numa audiência oficial no Ministério das Obras Públicas, para ouvir o sucateiro queixar-se de ser perseguido por Luís Pardal, presidente da Refer.
A reunião ocorreu meses após a Inspecção-Geral de Obras Públicas ter apresentado ao então ministro uma auditoria que denunciava os prejuízos patrimoniais causados pela O2 à Refer.
No encontro, segundo declarações de Lino à Polícia Judiciária (PJ) de Aveiro, Godinho garantiu-lhe que «alguns concorrentes seus tinham influência» na Refer e que «por esse motivo não ganhava qualquer concurso».
Foi na sequência desta audiência que o então ministro das Obras Públicas terá determinado que Pardal (com quem falou antes e depois da audiência) deveria receber Manuel Godinho. «Pois todos os esclarecimentos que ele pretendia deveriam ser dados pela própria Refer» - afirmou o ex-ministro à PJ de Aveiro.
Lino garantiu aos inspectores que Armando Vara e Lopes Barreira não estiveram na origem da audiência a Godinho - isto porque era «seu hábito receber logo» que lhe fosse possível quem o solicitasse.
Contudo, o Ministério Público (MP) de Aveiro não acreditou no ex-governante e acusa Vara e Lopes Barreira de um crime de tráfico de influências por terem exercido a sua influência junto de Mário Lino para que fosse restabelecido o relacionamento comercial entre o grupo O2 e a Refer, a troco de 25 mil euros e promessas de donativos para o PS.
O MP de Aveiro decidiu também abrir um novo inquérito para investigar a forma como o ex-ministro interferiu nas relações comerciais entre a Refer e a O2.
Os testemunhos de Ana Paula Vitorino e de Luís Pardal, conjugados com as escutas telefónicas a Manuel Godinho e a Lopes Barreira (que referiram vários contactos deste e de Armando Vara com Mário Lino), foram essenciais para essa decisão, já que indiciam que houve acção concertada entre Armando Vara, Lopes Barreira e Mário Lino para pressionarem a ex-secretária de Estado dos Transportes e o presidente da Refer.
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