Casa Pia 'desconhece existência de rede organizada de pedofilia'
23 de Novembro, 2010

«A Casa Pia de Lisboa afirma categoricamente desconhecer a existência de qualquer rede organizada de pedofilia a operar dentro da instituição», refere, em comunicado, reagindo a uma das denúncias do livro de Francisco Guerra, uma das testemunhas-chave do processo de abuso de menores da instituição.
No livro Uma dor silenciosa, Francisco Guerra garante que «está activa em Portugal uma rede internacional de pedofilia que envolve as crianças e os adolescentes da instituição».
Em comunicado, a Casa Pia destaca que «está particularmente atenta a todas as denúncias relativas à instituição e não tem conhecimento de novos dados implicando quer educandos quer colaboradores».
A instituição sublinha que «sempre» assumiu «total responsabilidade pelos danos irreparáveis causados a todas as vítimas de abusos que estavam à guarda».
Lembra também que «é o dever ético de todos os cidadãos denunciar às autoridades quaisquer suspeitas de eventuais casos de abusos de menores» e que implementou, nos últimos anos, «um número de medidas cujo objectivo é a prevenção, detecção e reacção imediata de quaisquer indícios de abusos».
«Essas medidas estão em vigor, proporcionando uma vigilância permanente, um ambiente de confiança e segurança aos seus educandos», refere a Casa Pia, sublinhando que recentemente reiterou «a sua total receptividade no apuramento de eventuais suspeitas».
No livro, que será lançado no dia 25 deste mês e apresentado pela antiga provedora da Casa Pia de Lisboa Catalina Pestana, Francisco Guerra aponta o dedo a «personalidades do mundo da política, do futebol, empresários e artistas, alguns ainda no activo e outros não, que estão implicados na rede» de pedofilia que, alegadamente, envolve casapianos.
«A rede não foi desmantelada», escreve esta testemunha-chave do processo.
O acórdão do julgamento de abusos sexuais a menores da Casa Pia, que durou quase seis anos, condenou seis dos sete arguidos a penas de prisão e pagamento de indemnizações.
O apresentador Carlos Cruz foi condenado a sete anos, tal como o médico Ferreira Diniz, enquanto o embaixador Jorge Ritto foi condenado a seis anos e oito meses e o advogado Hugo Marçal a seis anos e dois meses.
O ex-motorista da Casa Pia Carlos Silvino foi condenado a 18 anos e o ex-provedor adjunto da instituição Manuel Abrantes a 5 anos e 9 meses.
Todos foram ainda condenados ao pagamento de indemnizações às vítimas, segundo também o acórdão lido a 3 de Setembro deste ano.
Lusa / SOL
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