Rogatória chega em 15 dias
Perguntas a Lima podem chegar às 200
A carta rogatória elaborada pelas autoridades brasileiras – com o objectivo de ajudar a descobrir as circunstâncias do homicídio de Rosalina Ribeiro, secretária e companheira do milionário português Lúcio Tomé Feteira – deverá chegar a Portugal dentro de 15 dias.
Ao todo, o advogado português da vítima, Duarte Lima, deverá ter de responder a cerca de 200 perguntas. Entretanto, e ao que o CM apurou junto de fonte ligada ao processo de investigação, a polícia já eliminou da lista de suspeitos a filha do milionário, Olímpia Feteira, o advogado brasileiro de Rosalina, Normando Ventura, e Negrão, que alugou uma das fazendas do empresário em Maricá. A mesma fonte disse que os investigadores já "estão na posse de elementos que podem conduzir à identidade do assassino" e sublinhou que os investigadores estão convictos de que "foi um crime planeado".
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O advogado português garantiu, por escrito, à polícia brasileira que foi contactado pela cliente quando estava em Belo Horizonte, no Brasil, mas os advogados de Duarte Lima asseguram que o ex-deputado do PSD recebeu um telefonema em Lisboa para marcar uma reunião com Rosalina Ribeiro.
Em causa está um fax enviado por Duarte Lima para a polícia do Rio de Janeiro cinco dias depois do assassinato de Rosalina Ribeiro. No documento o advogado de uma das herdeiras do magnata Lúcio Thomé Feteira, garante que estava em Belo Horizonte quando marcou o encontro com a cliente a pedido desta:
«No passado dia 5 de Dezembro (2009), tendo tomado conhecimento de que eu me encontrava em Belo Horizonte, a minha cliente, Rosalina Ribeiro, solicitou-me que me deslocasse ao Rio de Janeiro para tratar de assuntos relativos à partilha do espólio do senhor Lúcio Thomé Feteira».
Acontece que passados 4 meses e três dias depois, afinal, havia outra verdade. No dia 15 de Abril de 2010, os advogados que representam Duarte Lima no Brasil desmentem-no num requerimento, onde podemos ler: «O local e o horário do encontro com Dona Rosalina, na noite de 7 de Dezembro, foi marcado após ligação telefónica daquela recebida por Duarte Lima, no dia 5 de Dezembro, quando esse se encontrava em Lisboa».
Os negócios do filho de Duarte Lima com o BPN
O BPN colocou 60 milhões de euros à disposição de um fundo de investimento do filho de Duarte Lima e de um sócio, ex-deputado do PSD. [Vítor Igreja Raposo]O fundo criado em 2007 comprou 35 terrenos, por cerca de 48 milhões de euros, junto ao então projecto do Instituto Português de Oncologia, que Isaltino Morais queria ver construído em Oeiras.
O Banco Português de Negócios (BPN), através do departamento de Private Banking – vocacionado para créditos especiais aos clientes mais ricos –, aprovou em 2007 uma operação de empréstimo cujo limite máximo chegava aos 60 milhões de euros. O crédito, depositado numa conta-corrente caucionada pelo BPN, visava um negócio específico: a compra de centenas de milhares de metros quadrados de terrenos no concelho de Oeiras, junto ao local onde poderiam ter ficado as novas instalações do Instituto Português de Oncologia (IPO).
Os documentos recolhidos pela SÁBADO revelam que a operação financeira do BPN foi realizada em “parceria” com o cliente Homeland, um fundo especial de investimento imobiliário fechado, anónimo, comum no sector financeiro português e aprovado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Nestes fundos, a identidade dos investidores nunca é revelada publicamente. Esta situação permitiu manter no anonimato um arriscado negócio imobiliário – que causou polémica interna no BPN – e, sobretudo, a identidade dos dois discretos investidores particulares: Pedro Miguel Lima, filho de Domingos Duarte Lima, o histórico social-democrata, e o ex-deputado do PSD, Vítor Igreja Raposo, amigo e actualmente sócio de Duarte Lima.
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