Comissão PT/TVI
PCP contra Pacheco: escutas não trazem nada de novo
por CARLOS RODRIGUES LIMA
João Oliveira é, para já, o único a admitir usar o termo 'mentira' no relatório. PSD usa escutas na declaração de voto.Pacheco Pereira considerou-as "avassaladoras", João Oliveira, deputado do PCP, nem por isso. Foram os únicos que consultaram as escutas telefónicas do processo "Face Oculta" enviadas para a Comissão Parlamentar de Inquérito ao negócio PT/TVI. Depois da apresentação do relatório, João Oliveira foi o único elemento da CPI a admitir propor a inclusão da palavra "mentira" no relatório final. Já Pacheco Pereira, na declaração de voto do PSD, vai recorrer às escutas, ainda que não directamente, para contar a outra verdade dos factos.
"As escutas telefónicas não trazem substancialmente nada de novo", declarou, sexta-feira, ao DN João Oliveira, à saída da reunião da CPI, que serviu para a apresentação do relatório feito pelo deputado João Semedo. Mas, mesmo sem as escutas, João Oliveira foi o único deputado da CPI a admitir vir a propor a utilização da expressão "o primeiro-ministro mentiu" no relatório final da comissão. João Oliveira, no final da reunião de sexta-feira, defendeu que José Sócrates faltou à verdade e admitiu fazer propostas de alteração que "possam ir mais longe" do que a proposta apresentada por João Semedo. "Vamos perceber que classificação podemos fazer. Se for verdade que o primeiro- -ministro sabia do negócio [quando afirmou não saber], então essa classificação [de mentira] é uma decorrência", disse.
Já o PSD, através do deputado Pedro Duarte, declarou que "o PSD já expressou que por trás deste negócio está uma operação política que visava controlar um conjunto de órgãos de comunicação social e com o conhecimento do primeiro-ministro". A mesma dúvida: será que o PSD vai propor a utilização da expressão "mentiu" no relatório final? Só na terça-feira se saberá.
Entretanto, o deputado socialista Ricardo Rodrigues
criticou, ontem, o juiz de instrução do processo "Face Oculta" pelas apreciações que o magistrado fez acerca da utilização das escutas telefónicas pela CPI, dizendo que o caso PT/TVI só se compreende pela análise das escutas. "Quando um juiz tem a tentação de querer meter-se nas decisões políticas ou quando um político tem a tentação de se meter em decisões judiciais, parece que o Estado de direito fica em causa, porque fica em causa a separação de poderes", declarou o deputado, para quem cada um deve apenas e só ocupar-se da sua área.
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