
No jornal Expresso de 6 de Janeiro de 2007, ontem, Miguel Sousa Tavares, (MST), escreve um artigo de opinião com o título, Governar contra os tribunais.
Em letras maiores, de destaque, surge escrito:
A tendência habitual dos tribunais, quando são chamados a resolver questões laborais, revela um total desconhecimento do que seja a vida das empresas e dos locais de trabalho.
Aquilo que parece uma análise de questões técnico-jurídicas, serve para, em cerca de metade das 5 colunas do texto, zurzir a classe docente. MST já por várias vezes aflorou o tema da educação, com opiniões ligeiras, sem fundamentação e agressivas em relação aos professores. Desta vez continuou nessa senda.
MST devia falar do que sabe, e de questões jurídicas saberá, mas… em questões de educação revela uma total ignorância sobre o que se passa numa sala de aula, o que faz um professor, o que deve fazer e o que se passa nas escolas. Perante isto deveria manter o silêncio. Mas não, habituado a opinar sobre qualquer assunto, é isso que ele faz. Mas, como emite opiniões, fazendo uma interpretação pessoal do real, fica sujeito a que as suas opiniões possam ser criticadas e ridicularizadas, quando disso for caso.
Não me interessa analisar a base jurídica do caso enunciado, (esta é a especialidade do MST), não me interessa questionar a decisão do tribunal, (a que obriga o Ministério da Educação a pagar as aulas de substituição), não me interessa analisar a bondade da decisão do Ministério da Educação, nem me interessa se as aulas de substituição devem ou não ser pagas. Interessa-me questionar as opiniões de MST e os pseudo factos que ele aponta.
MST refere que o absentismo dos professores não tem paralelo em nenhum outro sector público ou privado. Não sei se é verdade. Não conheço números onde MST se possa basear. Trata-se apenas de uma opinião “por ouvir dizer” ou, se calhar, “por me apetecer dizer”. Não há estudos comparativos que sejam fiáveis. A propósito da assiduidade dos professores, o Ministério da Educação lançou há uns meses uns números de faltas, que como já foi devidamente denunciado não correspondem à realidade. Estão lá as doenças prolongadas em que houve substituição do professor doente, as licenças de maternidade, etc. Aliás, num grupo profissional em que uma elevada percentagem dos seus elementos são mulheres, bastariam as licenças de maternidade para que aqueles números fossem altíssimos.
Como não há estudos comparativos não posso emitir opinião sobre a realidade, mas gostaria de saber se MST conhece muitas profissões em que um atraso de minutos implique uma falta, em que o trabalhador não possa entrar uma hora mais tarde, compensando no fim do dia ou em outro dia, quando tem de tratar de qualquer assunto que não lhe dê hipótese de ser resolvido noutro momento.
MST acusa, porque ele não aponta nomes mas refere os professores, que faltam quando lhes apetece, sem remorsos, e apresentando atestados falsos. Não sei com que direito se julga MST, que não conhece esta realidade, para acusar e julgar. Há outras formas de justificar as faltas e são essas formas que a maior parte das pessoas utiliza quando tem doenças de um dia, ou quando falta por diferentes motivos e motivações.
Não sei se MST está a pretender também fazer acusações aos médicos, mas, em relação às faltas dos professores, não é necessário o atestado médico para as justificar.
Quando MST refere que qualquer professor deverá ser capaz de substituir um colega, que terá sempre algo de útil para dizer, está a confundir as profissões. Há pessoas, que mesmo sem terem nada para dizer, conseguem falar, falar, falar, mesmo que não percebam nada do assunto e emitam disparates sobre o tema que abordam. Todos nós conhecemos essas pessoas. Se estivermos frente a um televisor, basta desligar o botão, se estivermos a ler o jornal, basta saltar a folha, mas, perante uma turma, é necessário abordar um assunto que interesse os ouvintes e que o professor possa dominar. Só a opinião baseada no desconhecimento do que é a interacção com uma turma pode presumir o contrário. Qualquer professor, “profissional”, poderá enfrentar uma turma desde que saiba com antecedência quais os alunos que terá pela frente, preparando o assunto que vai abordar. Aliás MST deveria saber, e se não sabe prova mais uma vez a sua ignorância, que cada professor não dá apenas a “sua disciplina”, existindo agora, no cumprimento de uma recente “moda pedagógica”, diversas áreas não disciplinares que qualquer professor poderá leccionar. As substituições para “entreter alunos” dão maus resultados. É como quando um jornalista especializado em direito ou em política resolve escrever sobre relações pedagógicas nas salas de aula. Sai asneira, isto de forma eufemística..
Há um outro aspecto a referir do artigo de MST. Menciona que o Ministério da Educação poderá ser vencido pelos tribunais. MST não sabe do que fala e neste caso tinha obrigação de saber. Com a entrada em vigor do novo estatuto, essa situação, de as aulas de substituição serem pagas, deixará de colocar-se, e se tal não acontecer será por aselhice dos juristas do ME que não terão sabido escrever a legislação que o Ministério aprovou da forma que melhor entendeu. O pagamento dessas horas será apenas referente às aulas que decorram até estar em vigor a nova legislação. Não vejo como é que a decisão do tribunal derrotaria a medida do Ministério da Educação. Quando muito trata-se de uma derrota marcada pelo limite temporal, não perturbando a aplicação futura da medida.
Para terminar, apetece-me reescrever a frase do texto de MST que eu transcrevi em itálico logo no início deste post, apenas alterando alguns elementos.
A INÚTIL"(professora) escreveu a Miguel Sousa Tavares.....
[pode ler aqui]
http://www.scribd.com/doc/7787025/Miguel-Sousa-Tavares-inutil
Mais respostas e post.
Aos inuteis mais bem pagos do país!
http://noticiasdevalpacos.blogspot.com/2010/05/inutilprofessora-escreveu-miguel-sousa.html
http://www.facebook.com/note.php?note_id=394103253235
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