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quarta-feira, 14 de abril de 2010
Figo ilibado por desconhecer que Taguspark era pública
00h32m
NELSON MORAIS
Luís Figo não foi acusado de corrupção activa, no processo do Taguspark, porque não teria consciência de que o capital deste parque tecnológico era maioritariamente público. O despacho de acusação, já proferido, visou três administradores, por corrupção passiva.
O Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que concluiu o inquérito em menos de quatro meses, acusou de corrupção passiva para acto ilícito Américo Thomati, presidente da comissão executiva do Taguspark, João Carlos Silva, administrador executivo, e Rui Pedro Soares, administrador não executivo.
Já o ex-futebolista Luís Figo não chegou a ser constituído arguido, na investigação levada a cabo pela própria coordenadora da 9.ª Secção do DIAP de Lisboa, Teresa Almeida. O Taguspark é uma empresa de capitais maioritariamente públicos, em apenas 57%. E a inquirição do ex-internacional português não deixou provado que ele tivesse conhecimento daquela composição do capital do Taguspark, quando assinou um contrato publicitário fictício com este parque tecnológico e ofereceu a sua imagem à campanha do PS para as eleições legislativas.
Figo era suspeito de corrupção activa porque oferecera aos administradores do Taguspark uma vantagem não patrimonial - a sua aparição ao lado do candidato a primeiro-ministro, José Sócrates, na campanha eleitoral das últimas legislativa. Recorde-se que os corruptores passivos são assim considerados quando recebem vantagens patrimoniais ou não patrimoniais para si ou para terceiros. E, no caso em apreço, Américo Thomati, João Carlos Silva e Rui Pedro Soares receberam a referida vantagem não patrimonial a favor do PS.
Este processo acaba por ser algo atípico porque Luís Figo, além de ter oferecido a sua própria imagem ao PS (a tal vantagem oferecida por si e que poderia configurar um crime de corrupção activa), ainda retirou benefícios de um contrato publicitário do Taguspark, em que promoveria esta empresa a troco de 750 mil euros.
O tipo do crime de corrupção de que foram acusados os três administradores do Taguspark é para acto ilícito porque estes arguidos tinham a obrigação de se nortearem pelo objecto social do parque tecnológico e, pelo contrário, terão agido em desconformidade com os seus deveres funcionais, esclareceu fonte judicial ligada à investigação.
De resto, o despacho de acusação, assinado por Teresa Almeida, a coordenadora da secção do DIAP de Lisboa onde são investigados os processos de criminalidade económica e financeira mais complexos, deixou claro que o contrato publicitário firmado entre Luís Figo e o Taguspark foi de "faz de conta".
As diligências efectuadas demonstraram que os arguidos demonstraram grande urgência em celebrar aquele contrato e que Figo ainda gravou um vídeo para o efeito, mas que não chegaria a ser utilizado.
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