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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"MEN - TIRA"




Sócrates acusado de pressão sobre o semanário
Expresso Director do jornal revela tentativa de impedir publicação de notícia sobre licenciatura

00h00m
Paulo Martins

"Pediu-me por tudo para não sair". Foi nestes termos que o director do "Expresso" denunciou ontem a pressão exercida pelo primeiro-ministro no sentido de evitar a publicação de uma notícia sobre a sua licenciatura em Engenharia Civil pela Universidade Independente.

Perante a comissão parlamentar de Ética, que tem vindo a realizar um conjunto de audições sobre o exercício da liberdade de expressão em Portugal, Henrique Monteiro considerou o contacto de José Sócrates, feito através de um telefonema que se prolongou por hora e meia, uma "pressão ilegítima".

O jornalista sublinhou mesmo tratar-se da "mais grave" pressão de que foi alvo desde que se encontra em funções, pelos efeitos que produziu. É que o facto de não ter cedido teve, segundo afirmou, um preço: crescentes dificuldades enfrentadas pelo "Expresso" para aceder a informação oficial, especialmente a emanada do Governo.

Embora afirme que o gabinete do primeiro-ministro tem vindo a adoptar uma estratégia de bloquear o acesso à informação para determinados órgãos de comunicação e libertar para outros, Monteiro rejeitou a ideia de que a influência exercida pelo Governo nos média prefigure um atentado ao Estado de Direito. A atitude de José Sócrates de apontar uma televisão e um jornal como "inimigos" não passou, a seus olhos, de "um erro político".

O "Jornal de Sexta" da TVI era feito com "enviesamento" contra o primeiro-ministro, na opinião do director do "Expresso". Sobre a suspensão do programa, porém, apenas a classificou como um "acto ilegal", na medida em que foi decidida pela Administração da empresa e não pela Direcção.

Ao longo da audição, Henrique Monteiro reproduziu diversas afirmações suas, publicadas em textos de opinião. A "obsessão" de Sócrates pela imagem, que o leva a ter com a Comunicação Social uma relação por vezes conflituosa, foi uma delas. Para o jornalista, contudo, o maior problema reside na "entourage" do primeiro--ministro, que tende a adoptar procedimentos semelhantes.

A mais danosa das pressões exercidas sobre o "Expresso" não partiu, no entanto, dos meios políticos, mas dos económicos, assinalou o director do semanário. Tratou-se da decisão do Banco Espírito Santo, tomada numa fase anterior à sua nomeação para director, de suspender durante mais de um ano a inserção de publicidade, como retaliação face a uma crónica publicada. Daí a tese de que o segredo da independência dos jornais passa pela diversificação de anunciantes.

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