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quinta-feira, 9 de maio de 2024

POBREZA

A pobreza é uma questão complexa e multifacetada que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com o Banco Mundial, em 2018, aproximadamente 8,6% da população global vivia em pobreza extrema, definida como viver com menos de 1,90 dólares por dia. Isto traduz-se em cerca de 689 milhões de pessoas que lutam para satisfazer as suas necessidades básicas, como alimentação, abrigo e cuidados de saúde.

A distribuição da pobreza não é uniforme em todo o mundo, com a maioria dos pobres do mundo a residir em regiões como a África Subsariana e o Sul da Ásia. Na África Subsariana, por exemplo, mais de 40% da população vivia abaixo do limiar da pobreza em 2018.

Fatores como a instabilidade política, a falta de acesso à educação e aos cuidados de saúde e as oportunidades económicas limitadas contribuem para a persistência da pobreza nestas regiões.

Os esforços para combater a pobreza têm sido contínuos há décadas, com organizações internacionais, governos e organizações sem fins lucrativos a implementarem várias estratégias para aliviar a pobreza.

Estas estratégias incluem a promoção do crescimento económico através de investimentos em infraestruturas e educação, fornecendo redes de segurança social para as populações mais vulneráveis ​​e defendendo políticas que promovam o crescimento inclusivo e reduzam a desigualdade de rendimentos.

Apesar destes esforços, o progresso na redução da pobreza global tem sido desigual. Embora tenham sido feitos progressos significativos para tirar as pessoas da pobreza extrema, ainda existem desafios para alcançar um desenvolvimento sustentável e inclusivo para todos.

A pandemia da COVID-19 exacerbou ainda mais a questão da pobreza, empurrando milhões de pessoas para a pobreza extrema devido à perda de empregos, perturbações nas cadeias de abastecimento e acesso limitado a serviços essenciais.

Em conclusão, a pobreza continua a ser uma questão global premente que requer esforços coordenados e sustentados por parte dos governos, das organizações internacionais e da sociedade civil.

Abordar as causas profundas da pobreza, como a falta de acesso à educação e aos cuidados de saúde, a desigualdade económica e a exclusão social, é crucial para alcançar o objetivo de erradicar a pobreza e promover a prosperidade partilhada para todos.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

(D)eputados do Chega, 23 têm problemas com a justiça. A lista negra, retirada do Reddit.


1. A informática: Cristina Rodrigues (eleita pelo Porto) Constituída arguida pelo MP em 2022, e sujeita a termo de identidade e residência por suspeitas de ter acedido indevidamente e eliminado milhares de emails do PAN quando se desvinculou do partido.

 

Cristina Rodrigues constituída arguida por "apagão informático"A advogada é acusada de ter eliminado indevidamente emails de dirigentes do PAN. Queixa-crime foi apresentada quando Cristina Rodrigues tinha passado a deputada não inscrita.https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/cristina-rodrigues-constituida-arguida-por-apagao-informatico

2. Eduardo Teixeira. Acusado por falsas presenças como deputado do PSD. Em causa, crimes de falsificação de docs ou falsidade informática. Conseguiu estar presente, em simultâneo, em reuniões em Viana do Castelo, e no Palácio de São Bento, em Lisboa.

 

Ministério Público investiga alegadas falsas presenças de deputado do PSD por Viana do CasteloEduardo Teixeira foi eleito neste domingo, por Viana do Castelo. Queixa-crime contra o deputado do PSD acontece por alegadas falsas presenças durante o seu primeiro mandato na AR, entre 2011 e 2015.https://observador.pt/2019/10/07/ministerio-publico-investiga-alegadas-falsas-presencas-de-deputado-do-psd-por-viana-do-castelo/

3. Filipe Melo. Condenado a pagar uma dívida de 15k + juros à Assoc. que pagou consultas e tratamentos do seu filho. Não pagou, teve o salário penhorado. Mesmo antes deste caso, surgiu na lista pública de execuções por valores que ultrapassavam os 80k.

 

Visão | Salário de deputado do Chega penhorado por colégio católico de BragaCondenado em tribunal, Filipe Melo, eleito por Braga comprometeu-se a liquidar dívida de 15 mil euros em cinco anos, suspendendo assim a execução da penhorahttps://visao.pt/atualidade/politica/2023-06-23-salario-de-deputado-do-chega-penhorado-por-colegio-catolico-de-braga/

4. Pedro Frazão. Condenado pelo Tribunal de Cascais a retratar-se das declarações falsas que proferiu sobre Francisco Louçã. Condenado a pagar 100€ por cada dia em atraso da rectificação. Recorreu para o Tribunal da Relação. Perdeu novamente.


Deputado do Chega poderá ter de pagar 3.700 euros ao Estado e a Francisco LouçãO Tribunal classificou as declarações de Pedro Frazão a respeito de Francisco Louçã como ilícitas e “ofensivas do direito à honra”, condenando-o a desmentir e retratar-se publicamente.https://sicnoticias.pt/pais/2023-01-27-Deputado-do-Chega-podera-ter-de-pagar-3.700-euros-ao-Estado-e-a-Francisco-Louca-39b9f4ac

5. Ricardo Dias Pinto. Surge na lista pública de execuções com uma dívida de quase 15.000€. Ricardo Dias Pinto (ou Ricardo Regalla Dias, ou Ricardo Moreira Regalla Dias-Pinto) não tem, contudo, bens penhoráveis para cobrir esse valor.

 

Chega elegeu deputado com dívida de quase 15 mil euros na Lista Pública de Execuções? — PoligrafoRicardo Regalla Dias Pinto - ou Ricardo Dias Pinto Blaufuks - é um dos 48 deputados do Chega eleitos ontem à noite e que vão ter lugar na Assembleia da República já na próxima legislatura. Mas será qu…https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/chega-elegeu-deputado-com-divida-de-quase-15-mil-euros-na-lista-publica-de-execucoes

6. Rui Paulo Sousa. Acusado pelo MP em 2022 pelo crime de desobediência (jantar comício com 170 pessoas em pleno estado de emergência COVID-19). Após mentir sobre autorização da DGS, argumentou que não tinha consciência de que estava a violar as regras.

 

Dois deputados do Chega recém-eleitos acusados pelo MP do crime de desobediênciaEm causa está um jantar-comício em pandemia de André Ventura, que também é arguido no âmbito da sua candidatura a Belém e que reuniu 170 comensais num restaurante em Braga.https://www.publico.pt/2022/02/05/politica/noticia/dois-deputados-chega-recemeleitos-acusados-mp-crime-desobediencia-1994413

7. João Esteves da Silva. Vice da distrital de Castelo Branco, condenado em 2002 pelo Supremo Tribunal a 3 anos de prisão por um acumulado de pequenos furtos e burlas (roubava o conteúdo de caixas de esmolas, assaltou casas, lojas e restaurantes).

 

Candidato a deputado do Chega pelo distrito tem antecedentes criminaishttps://rcb-radiocovadabeira.pt/candidato-a-deputado-do-chega-pelo-distrito-tem-antecedentes-criminais/

8. Vítor Ramalho, empresário agrícola. Detido por homicídio qualificado. Acusado pelo MP de tentar matar a tiro um casal de imigrantes, tendo-lhe sido apreendidas 13 armas. Relatório da PJ aponta para 9 crimes de homicídio na forma tentada.

 

Renunciou ao mandato eleito do Chega suspeito de disparos contra família sueca - RenascençaVítor Ramalho, de 53 anos, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de ter efetuado disparos com arma de fogo contra uma família sueca, no concelho de Moura, distrito de Beja, "apare…https://rr.sapo.pt/noticia/politica/2021/10/19/renunciou-ao-mandato-eleito-do-chega-suspeito-de-disparos-contra-familia-sueca/257470/

9. Fábio Lemos. Atualmente detido a aguardar julgamento por agredir imigrante. Preso em 2021 no âmbito de uma guerra de gangs com “evidentes traços de ódio racial”. Suspeito de homicídio qualificado.

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10. Pedro Alves. Condenado, em 2020, por violência doméstica, a um ano e seis meses de pena suspensa, a pagar 600 euros de indemnização, e a frequentar um programa especial para condenados por violência doméstica.


Polémica no Chega: líder em Aveiro condenado por violência domésticaA caravana do Chega está em Aveiro, onde a distrital do partido enfrenta um problema. O líder do Chega em Aveiro foi condenado por violência doméstica.https://sicnoticias.pt/especiais/eleicoes-legislativas/2024-02-26-Polemica-no-Chega-lider-em-Aveiro-condenado-por-violencia-domestica-28b721cd

11. Eduardo Cassiano Miranda. Condenado em 2019 (2 anos) do crime de burla ao Serviço Nacional de Saúde num esquema de falsificação de receitas comparticipadas que segundo o MP lesou o SNS em mais de 300 mil euros.

 

PERFIL: Dois rostos de um burla ao Serviço Nacional de Saúdehttps://www.dn.pt/lusa/perfil-dois-rostos-de-um-burla-ao-servico-nacional-de-saude-10955382.html/

12. Hélio Filipe, delegado eleito por Lisboa. Acusado pelo MP (Julho de 2021) de 16 crimes, entre os quais ofensas à integridade física qualificada, sequestro, extorsão, falsificação de documentos e roubo. Aguarda em liberdade a marcação do julgamento.

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13. e 14. Os jornalistas: Luc Mombito e Nuno Pontes. Acusação pelos crimes de ameaça agravada (ao jornalista Pedro Coelho), atentado à liberdade de imprensa e posse de arma proibida (no caso de Nuno Pontes).


Chega: PJ faz buscas às casas de Luc Mombito e Nuno Pontes, que foi detido por posse de arma ilegalBuscas decorreram nesta terça feira na casa de Lisboa do conselheiro de André Ventura e no Norte, onde Nuno Pontes foi detido por ter uma arma ilegal em casa. O processo em que os dois responsáveis do…https://expresso.pt/sociedade/2023-06-06-Chega-PJ-faz-buscas-as-casas-de-Luc-Mombito-e-Nuno-Pontes-que-foi-detido-por-posse-de-arma-ilegal-c06c75a4

15. O municipal: José Manuel Pombinho Barreira Soares, deputado eleito por Lisboa Acusado de agressão na forma tentada, de um deputado municipal do PSD (Rui Rei), durante a Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira

 

“Tentativas de agressão” entre Chega e PSD em Vila Franca de Xira obrigam a intervenção da PSPEleitos do Chega e do PSD identificados pela PSP após “tentativas de agressão” na última reunião da Assembleia Municipal vila-franquense.https://www.publico.pt/2022/07/27/politica/noticia/tentativas-agressao-chega-psd-vila-franca-xira-obriga-intervencao-psp-2015196

16. António P. Pereira, deputado eleito por Coimbra Alvo de ação disciplinar em 2018 por ter manipulado testes de escolha múltipla. Alunos confirmam, e o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade de Lisboa não desmente

 

A nova estrela do Chega suspeito de alterar notasO professor terá sido alvo de ação disciplinar em 2018 por ter manipulado testes de escolha múltipla. Ele nega, mas os alunos confirmam e a faculdade não desmente.https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/a-nova-estrela-do-chega-suspeito-de-alterar-notas

17. Pedro Pinto. Acusado de insultar e agredir árbitros/adversários durante um torneio de futebol Sub-13 no Crato. O deputado terá ainda impedido situações de ataque da equipa adversária. Acusado igualmente de ameaçar assessor do PS nos corredores da AR


"Pai, isto é uma vergonha": deputado do Chega agrediu árbitro de 18 anos em jogo de futebolComportamento de Pedro Pinto durante competição de futebol infantil há duas semanas foi presenciado e criticado por pais e treinadores. Deputado agrediu jovem de 18 anos com um chapéu e tentou agredir…https://expresso.pt/politica/partidos/2023-06-26-Pai-isto-e-uma-vergonha-deputado-do-Chega-agrediu-arbitro-de-18-anos-em-jogo-de-futebol-be58a563

18. Luís M. P. Lopes. Detido em 2021 pela PJ por tráfico de armas de guerra, na posse de dezenas de armas proibidas de diversos calibres e géneros (pistolas, revólveres, carabinas, caçadeiras e facas), além de detonadores e milhares de munições.

 

Detido por tráfico de armas em Braga paga 100 mil euros para sair em liberdadeCrime organizadohttps://ominho.pt/detidos-por-trafico-de-armas-em-braga-pagam-200-mil-euros-para-sair-em-liberdade/

19. Milena Alexandra Boto e Castro. Condenada pelo crime de recetação num processo em que o tribunal deu como provado que comprou sucata roubada a um grupo criminoso liderado por um militar da GNR de Samora Correia

 

Vereadora do Chega em Benavente foi condenada por comprar sucata roubada a grupo criminoso liderado por militar da GNRDireção do Chega diz que desconhecia caso, mas tomará as "necessárias medidas". Partido diz que pediu cadastro a todos os candidatos. Vereadora não nega condenação, mas diz ter registo criminal limpo.https://observador.pt/especiais/vereadora-do-chega-em-benavente-foi-condenada-por-comprar-sucata-roubada-a-grupo-criminoso-liderado-por-militar-da-gnr/

20. Maria Manuela Pereira Tender. Acusada de falsear presenças na AR na polémica das “presenças-fantasma” de 2018. Afirmou estar simultaneamente em reuniões da CM de Chaves e em reuniões plenárias da Assembleia da República.

 

Manuela Tender – Wikipédia, a enciclopédia livrehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Manuela_Tender

21. António Laranjo, empresário de “negócios da noite” na praia da Amorosa, ligados à exploração sexual de jovens sul americanas. Irmão detido em rede organizada de tráfico de brasileiras para prostituição em Portugal Luxemburgo.

 

Número três da lista de candidatos pelo Chega de Viana do Castelo é "empresário da noite"https://www.cmjornal.pt/politica/detalhe/numero-tres-da-lista-de-candidatos-pelo-chega-de-viana-do-castelo-e-empresario-da-noite

22.Sérgio Júnior, deputado municipal em Braga Detido em Outubro de 2023 pela PSP portráfico de droga e posse ilegal de armas. Na operação da PSP foram apreendidas várias armas, 38.105 € em numerário, inúmeros comprimidos e substâncias dopantes.

 

Deputado municipal do Chega detido diz "tratar-se tudo de grande equívoco"O deputado municipal do Chega Sérgio Júnior, que foi detido por tráfico de doping, diz “tratar-se tudo de um grande equívoco”. “A seu tempo, ficará inteiramente esclarecido que o que me apreenderam nã…https://www.jn.pt/4169326603/deputado-municipal-do-chega-detido-diz-tratar-se-tudo-de-grande-equivoco/

23. Mário Monteiro. Denunciado por entregas de dinheiro ao presidente da CM Ovar em troca da adjudicação de uma obra. Dirigente assume ter sido correio de suborno, entregando vários envelopes com dinheiro, num total de 120 mil euros.

 

Polémica em Ovar. Dirigente do Chega diz ter sido correio de subornoO atual dirigente do Chega, que foi durante décadas militante do PSD de Ovar, garante que serviu de correio de dinheiro entre um empreiteiro e o presidente da autarquia, Salvador Malheiro.https://www.rtp.pt/noticias/politica/polemica-em-ovar-dirigente-do-chega-diz-ter-sido-correio-de-suborno_v1551312

São 23 deputados em 50, 48%. É obra. Andamos a sustentar quem não quer fazer nada. 

 

quarta-feira, 24 de abril de 2024

“Operação Mar Verde”

 “Operação Mar Verde”

Durante o mandato de Spínola e já com Marcello Caetano como Presidente do Conselho de Ministros, foi realizada a Operação “Mar Verde” (novembro de 1970). Esta ambiciosa manobra militar secreta, concebida e executada pelo capitão-tenente Guilherme de Alpoim Calvão, visava uma série de objetivos na cidade de Conacri, na República da Guiné, onde os guerrilheiros do PAIGC tinham uma importante base de apoio e o próprio líder do movimento Amílcar Cabral se encontrava radicado.

Estes objetivos contemplavam:

  • A destruição das instalações do PAIGC e de alguns caças soviéticos utilizados pela República da Guiné estacionados na cidade;
  • A libertação de 26 militares portugueses;
  • captura de Cabral pelas forças portuguesas;
  •  O derrube e assassinato do presidente Sékou Touré por um grupo oposicionistas guineenses auxiliados pelas tropas portuguesas

sucesso da operação foi relativo: embora os militares portugueses tenham sido libertados e as instalações do PAIGC destruídas, nem Cabral nem os caças visados se encontravam nos locais indicados; além disso, o golpe de estado contra Sekou Touré fracassou completamente, tendo os oposicionistas guineenses sido capturados e executados. O governo português negaria o seu envolvimento na operação, apesar da condenação da comunidade internacional e do próprio Conselho de Segurança da ONU.

O agravamento da situação na Guiné-Bissau levaria Spínola a duvidar cada vez mais da solução militar para este território. Em maio de 1972, o general encontrou-se no Senegal com o presidente Leopold Senghor a fim de preparar negociações de cessar-fogo com o PAIGC e de encontrar uma solução política para a guerra. Esta solução seria, no entanto, rejeitada por Marcello Caetano.

Amílcar Cabral assassinado
No dia 20 de janeiro de 1973, Amílcar Cabral era assassinado à porta da sua residência em Kaloum, perto do centro Conacri. Os autores do atentado deixaram a cidade por mar e levaram como reféns outros dirigentes do PAIGC, entre os quais Aristides Pereira, mas acabariam por ser intercetados pela marinha da República da Guiné, que libertou os reféns. O PAIGC atribuiria a autoria do atentado a alguns elementos do movimento, julgados e fuzilados em julho do mesmo ano. Segundo algumas versões, a PIDE ou o próprio Spínola teriam estado envolvidos na organização e aprovação do atentado. Tal como na Operação Mar Verde, o governo português negou sempre qualquer responsabilidade.

Declaração unilateral da independência
No mês de fevereiro seguinte, a direção do PAIGC reuniu-se em Conacri reafirmando a necessidade de “dar continuidade à acção política” no interior da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, e de declarar unilateralmente a independência do novo estado ainda durante o ano de 1973. Tal pretensão seria concretizada já depois da reestruturação interna do PAIGC, com a subida de Aristides Pereira ao cargo de secretário-geral. A 24 de setembro de 1973, na região libertada de Madina do Boé (no sudeste do território), foi proclamada a República da Guiné-Bissau, tendo o meio-irmão de Amílcar Cabral, Luís Cabral, sido empossado Presidente do Conselho de Estado. A independência do território seria reconhecida no espaço de poucos meses por mais de cinquenta países, muito embora o governo português insistisse em considerá-la uma “fantasia” e um “ato de propaganda” por parte do PAIGC.

Spínola recusa continuar na Guiné
A verdade é que, desde meados de 1973, a presença militar portuguesa na Guiné-Bissau estava numa situação altamente precária, com guarnições isoladas e vulneráveis aos ataques da guerrilha. A partir de março desse ano, o PAIGC começara também a utilizar misseis soviéticos terra-ar, acabando assim com a supremacia aérea portuguesa, essencial à contra-guerrilha. Em agosto, Spínola regressava à metrópole, recusando um novo mandato como governador e comandante-chefe das tropas no território. Antevia-se uma derrota militar. No início de 1974, negociações secretas entre o governo português e o PAIGC tiveram lugar em Londres, tendo em vista uma saída política para a guerra, o que não excluiria uma independência do território.

Em Angola, a situação era, apesar de tudo, bem menos grave.

Porquê?
Devido as divisões internas dentro dos diferentes movimentos:

MPLA e FNLA:
Os dois movimentos de libertação – o MPLA e a FNLA – encontravam-se profundamente divididos por quezílias pessoais, ideológicas e étnicas. O MPLA viu-se a braços, a partir de dezembro de 1972, com a chamada “Revolta do Leste”, provocada pelo descontentamento de alguns dos seus membros liderados por Daniel Chipenda com o acordo assinado em Kinshasa com a FNLA. Esta revolta levaria a uma profunda cisão no MPLA e ao abandono de muitos dos seus efetivos militares no Leste, cortando assim as ligações entre as várias frentes de combate no território angolano. No início de 1974 seria a vez de Mário Pinto de Andrade, um dos fundadores do MPLA, romper com a liderança de Agostinho Neto (que considerava autoritária), originando a chamada “Revolta Ativa”. Por fim, a FNLA, também confrontada por dissidências internas, via-se confinada a um teatro de operações muito reduzido, junto à fronteira com o Congo.

A UNITA
Nem mesmo a fundação de um novo movimento, a UNITA – União Nacional para a Independência Total de Angola – por Jonas Savimbi (um antigo membro da UPA/FNLA) e a abertura de uma nova frente no leste do território pelo MPLA em 1966 fizeram as forças portuguesas perder o controlo da situação. De facto, a UNITA, cujo apoio se centrava sobretudo nos ovimbundos (grupo étnico ao qual Savimbi pertencia), teve que enfrentar a competição dos dois outros movimentos de libertação que se encontravam já muito mais implantados no território. As autoridades portuguesas souberam aproveitar esta rivalidade para aliciar Savimbi, em diversas ocasiões a partir de 1971, a colaborar com elas.

Daniel Chipenda, Mário Pinto de Andrade e outro companheiro na Frente Leste, em Angola, 1971. Fonte: Fundação Mário Soares, Arquivo Mário Pinto de Andrade, Pasta 07223.002.079.

Em Moçambique, a situação era não muito diferente
Apesar de existir apenas um movimento de libertação significativo, a FRELIMO encontrava-se também dividida:

  • De um lado, os velhos chefes tribais apoiados pelas populações rurais
  • Do outro, os quadros políticos formados no estrangeiro

O segundo congresso do movimento, realizado no distrito do Niassa em julho de 1968, viria a consagrar a segunda tendência, defendida pelo presidente Eduardo Mondlane, pelo secretário para os negócios estrangeiros Marcelino dos Santos e pelo chefe do departamento de defesa, Samora Machel. Esta vitória política não impediu, no entanto, o assassinato de vários dirigentes do movimento às mãos de apoiantes de Lázaro Kavandame, chefe maconde que se opunha à liderança de Mondlane.

Mondlane é assassinado
A 3 de fevereiro de 1969 o próprio Mondlane seria assassinado na então capital da Tanzânia Dar-es-Salam, onde se encontrava a sede da FRELIMO. Ainda hoje é discutido o envolvimento de Kavandame, bem como do vice-presidente do movimento Uria Simango e da PIDE neste atentado. Após a morte de Mondlane, o seu lugar temporariamente foi ocupado por um Conselho da Presidência constituído por Simango, dos Santos e Machel. Confrontado com acusações de Simango, em maio de 1970, o Comité Central da FRELIMO acabaria por designar Samora Machel presidente do movimento, com Marcelino dos Santos como vice-presidente. A liderança de Machel acabaria por unir mais o núcleo dirigente da FRELIMO e impulsionar a expansão geográfica das ações de guerrilha, até aí praticamente confinadas aos distritos de Cabo Delgado e do Niassa.

Entretanto, as autoridades portuguesas procuravam consolidar as suas posições no território tanto a nível estratégico como militar.

O Vice-Almirante Torres Sobral explica qual foi o posicionamento da Marinha:

Já quanto à Força Aérea em 1963 os meios disponíveis ainda eram escassos. As explicações do Major General, Ricardo Cuba.

Kaúlza e o “Nó Górdio”
Em 1969, haviam iniciado a construção da barragem de Cahora Bassa no rio Zambeze, que seria uma das maiores de África e o maior empreendimento material jamais gizado no império português. Em março de 1970, o general Kaúlza de Arriaga, engenheiro militar e especialista em estratégia de guerra subversiva, ascendia ao cargo de comandante-chefe das forças armadas em Moçambique. Kaúlza de Arriaga ficaria conhecido sobretudo pela operação militar denominada “Nó Górdio”, a mais ambiciosa realizada em território moçambicano durante toda a guerra, envolvendo mais de oito mil efetivos militares. O seu objetivo era destruir as principais bases da FRELIMO no distrito de Cabo Delgado e criar uma zona-tampão a sul do rio Rovuma a fim de que a guerrilha aí não conseguisse voltar a instalar-se.

Sucesso ou fracasso?
Porém, o sucesso da manobra militar, realizada entre julho e agosto de 1970, foi altamente questionado. Se Kaúlza de Arriaga se congratulou pelo cumprimento do primeiro objetivo e pelo reduzido número de baixas portuguesas, generais como Spínola e Costa Gomes consideraram-na um fracasso militar; já Joaquim Silva Cunha, ministro do Ultramar na altura, afirmou que a operação teve um “êxito momentâneo” e que havia conduzido ao enfraquecimento involuntário das defesas a sul do rio Zambeze e no distrito de Tete. Através daí, a FRELIMO conseguiria penetrar nos distritos de Manica e Sofala, no centro do território moçambicano, já em julho de 1972.

Cartaz da FRELIMO publicado por ocasião da “Operação Nó Górdio”, 1970. Fonte: Fundação Mário Soares, Documentos Dalila Mateus, Pasta 08034.000.009.

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As táticas militares musculadas de Kaúlza de Arriaga incluíam a deslocação forçada de populações para “aldeamentos estratégicos”, a fim de as manter sob controlo e de isolar a guerrilha. A resistência ao aldeamento forçado degeneraria em massacres com os de Mukumbura, Chaworha, Juawu e Wiriyamu, todos ocorridos no distrito de Tete entre 1971 e 1972. Estes acontecimentos seriam denunciados na imprensa internacional por padres católicos com ligações às missões da região, como Adrian Hastings e Enrique Ferrando.

Declarações de Adrian Hastings na ONU sobre o massacre de Wiriyamu. Fonte: Arquivo da RTP, LX11004823XD.

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Entrevista em inglês ao padre espanhol Enrique Ferrando sobre os massacres em Mukumbura. Fonte: Arquivo da RTP, LX11004823XD.

Massacres?
O governo português sempre desmentiu publicamente a existência dos massacres, apesar de ter ordenado a realização de dois inquéritos no terreno, que se revelaram inconclusivos. A divulgação do massacre de Wiriyamu na imprensa inglesa coincidiu com a visita de Marcelo Caetano a Londres em julho de 1973, que foi alvo de fortes protestos. Na mesma altura, Kaúlza de Arriaga era substituído no cargo de comandante-chefe das forças portuguesas em Moçambique, reconhecendo numa entrevista ao jornal alemão Die Welt que haviam sido cometidos “excessos” contra a população moçambicana por parte de alguns militares.

Programa de Lusaca
Em setembro do mesmo ano, o engenheiro Jorge Jardim, cônsul do Malawi no distrito da Beira e antigo membro do governo de Salazar, firmava na capital da Zâmbia o chamado “Programa de Lusaca”, sob o patrocínio do presidente deste país. Este programa previa a instalação de um governo multipartidário em Moçambique que teria a possibilidade de optar pela independência, embora sob a alçada de Portugal e conservando os interesses económicos portugueses. O plano seria rejeitado por Marcello Caetano e pela FRELIMO. Nos primeiros meses de 1974, a situação militar em Moçambique estava longe de estar controlada: a FRELIMO realizava cada vez mais ataques nos distritos de Manica e Sofala, além de manter a sua atividade no norte do território.


sexta-feira, 5 de abril de 2024

SECRETÁRIOS DE ESTADO

Ministério de Estado e de Negócios Estrangeiros

Secretária de Estado dos Assuntos Europeus: Inês Domingos

Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação: Nuno Sampaio

Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas: José Cesário

Ministério de Estado e das Finanças

Secretário de Estado do Orçamento: José Maria Brandão de Brito

Secretária de Estado dos Assuntos Fiscais: Cláudia Reis Duarte

Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças: João Silva Lopes

Secretária de Estado da Administração Pública: Marisa Garrido

Ministério da Presidência

Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros: Paulo Lopes Marcelo

Secretário de Estado Adjunto e da Presidência: Rui Armindo Freitas

Ministério da Coesão Territorial

Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional: Hélder Reis

Secretário de Estado da Administração Local: Hernâni Dias

Ministério dos Assuntos Parlamentares

Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: Carlos Abreu Amorim

Secretário de Estado do Desporto: Pedro Dias

Ministério da Defesa Nacional

Secretário de Estado Adjunto da Defesa Nacional: Álvaro Castelo Branco

Secretária de Estado da Defesa Nacional: Ana Isabel Xavier

Ministério da Justiça

Secretária de Estado Adjunta e da Justiça: Maria Clara Figueiredo

Secretária de Estado da Justiça: Maria José Barros

Ministério da Administração Interna

Secretário de Estado da Administração Interna: Telmo Côrrea

Secretário de Estado da Proteção Civil: Paulo Simões Ribeiro

Ministério da Educação, Ciência e Inovação

Secretário de Estado Adjunto e da Educação: Alexandre Homem Cristo

Secretário de Estado da Educação: Pedro Dantas da Cunha

Secretária de Estado da Ciência: Ana Paiva

Ministério da Saúde

Secretária de Estado da Saúde: Ana Povo

Secretária de Estado da Gestão de Saúde: Cristina Vaz Tomé

Ministério das Infraestruturas e Habitação

Secretária de Estado das Infraestruturas: Hugo Espírito Santo

Secretária de Estado da Mobilidade: Cristina Pinto Dias

Secretária de Estado da Habitação: Patrícia Machado Santos

Ministério da Economia

Secretário de Estado do Turismo: Pedro Machado

Secretário de Estado da Economia: João Rui Ferreira

Secretária de Estado do Mar: Lídia Bulcão

Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Secretário de Estado do Trabalho: Adriano Rafael Moreira

Secretário de Estado Adjunto e da Segurança Social: Jorge Campino

Secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão: Clara Marques Mendes

Ministério do Ambiente e Energia

Secretário de Estado do Ambiente: Emídio Sousa

Secretária de Estado da Energia: Maria João Pereira

Ministério da Juventude e Modernização

Secretária de Estado da Igualdade: Carla Mouro

Secretário de Estado da Modernização e da Digitalização: Alberto Rodrigues da Silva

Ministério da Agricultura e Pescas

Secretário de Estado da Agricultura: João Moura

Secretária de Estado das Pescas: Cláudia Monteiro de Aguiar

Secretário de Estado das Florestas: Rui Ladeira

Ministério da Cultura

Secretária de Estado da Cultura: Maria de Lurdes

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